Parmênides e Heráclito em http://pt.wikipedia.org/wiki/Parm%C3%AAnides_de_Eleia e http://www.infoescola.com/filosofos/heraclito/

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Parménides de Eleia (em grego Παρμενίδης ὁ Ἐλεάτης) foi um filósofo grego. Nasceu entre 530 a.C. e 515 a.C.[1] na cidade de Eleia,[2] colónia grega do sul da Magna Grécia (Itália), cidade que lhe deveu também a sua legislação. Segundo Estrabão, foi graças à influência dos filósofos Parmênides e Zenão de Eleia que a cidade foi bem governada, e o bom governo garantiu seu sucesso contra os Leucani e os Poseidoniatae, mesmo tendo Eleia território e população menores.[2] Foi um dos representantes da escola eleática juntamente com Xenófanes, Zenão de Eleia e Melisso de Samos.

Parmênides escreveu uma só obra, um poema em verso épico, do qual foram preservados fragmentos em citações de outros autores. Os especialistas consideram que a integridade do que conservamos é consideravelmente maior em comparação com o que foi preservado das obras de quase todos os restantes filósofos pré-socráticos, e por isso a sua doutrina pode ser reconstruída com maior precisão.

Apresenta o seu pensamento como uma revelação divina dividida em duas partes:

A via da verdade, onde se ocupa «do que é» ou «ente», e expõe vários argumentos que demonstram seus atributos: é estranho à geração e corrupção e portanto é engendrado (incriado) e indestrutível, e é o único que verdadeiramente existe — com o que nega a existência do nada — é homogêneo, imóvel e perfeito.

A via das opiniões dos mortais, onde trata de assuntos como a constituição e localização dos astros, diversos fenômenos meteorológicos e geográficos, e a origem do homem, construindo uma doutrina cosmológica completa.

Enquanto que a via da opinião se assemelha às especulações físicas dos pensadores anteriores, como os milésios e os pitagóricos, a via da verdade contém uma reflexão completamente nova que modifica radicalmente o curso da filosofia antiga: considera-se que Zenão de Eleia e Melisso de Samos aceitaram as suas premissas e continuaram o seu pensamento. Os físicos posteriores, como Empédocles, Anaxágoras e os atomistas, procuraram alternativas para superar a crise a que tinham sido atirado o conhecimento do sensível. Também a sofística de Górgias acusa uma enorme influência de Parmênides, na sua forma argumentativa.

Tanto a doutrina platônica das formas como a metafísica aristotélica guardam uma dívida incalculável em relação à via da verdade de Parmênides. É por esta razão que muitos filósofos e filólogos consideram que Parmênides é o fundador da metafísica ocidental.

Procedência

Parmênides nasceu em Eleia, situada na Magna Grécia. Diógenes Laércio diz que o seu pai foi Pires e que pertenceu a uma família rica e nobre.[3] Também é Laércio quem transmite duas fontes divergentes no que se refere ao mestre do filósofo. Uma, dependente de Sócion, assinala que primeiro foi aluno de Xenófanes,[4] mas que não o seguiu, tendo depois se associado com um pitagórico, Amínias, que preferiu como mestre. Outra tradição, dependente de Teofrasto, indica que foi discípulo de Anaximandro.[5]

[editar]Datação

Hipótese sobre o ano de nascimento de Parmênides e data de composição do seu poema.

Tudo o relativo à datação acerca de Parmênides — a data do seu nascimento, da sua morte, assim como a época de sua atividade filosófica — está envolta em irremediável obscuridade; os estudiosos baralham conjecturas a partir de dados de duvidosa veracidade relativos à data de nascimento e floruit do filósofo, sem que pareça ser possível estabelecer data firme para além de aproximações.

[editar]Data de nascimento

Todas as conjecturas sobre a data de nascimento de Parménides baseiam-se em duas fontes antigas. Uma procede de Apolodoro, transmitida por Diógenes Laércio: esta fonte marca a 69 ª. Olimpíada (entre 504 a.C. e 500 a.C.) como o momento de maturidade do filósofo, situando o seu nascimento 40 anos antes (544 a.C. – 540 a.C.).[6] A outra é Platão, no seu diálogo Parmênides. Nesse diálogo, Platão compõe uma situação em que Parmênides, de 65 anos, e Zenón, de 40 anos, viajam até Atenas para assistir às Grandes Panateneias. Conhecem então, nessa ocasião, Sócrates, que era ainda muito jovem segundo o texto platónico.[7]

Obra

Desde a antiguidade que se considera que Parménides escreveu uma só obra,[8] intitulada Sobre a natureza.[9] É um poema didático escrito en hexâmetros. A língua em que foi escrito deriva da expressão épica, utilizada no dialecto homérico.

Datação

O verso 24 do fragmento 1 contém una palavra que serviu de início a especulações sobre a datação da composição do poema. Nesse verso, a deusa fala ao destinatário da mensagem, presumivelmente o próprio Parménides, chamando-lhe κοῦρε (koûre, «jovem»). Pensou-se que esta palavra faz referência a um homem com idade inferior a trinta anos e, tendo em conta a sua data de nascimiento, podemos colocar a criação do poema entre 490 a.C. e 475 a.C.[10][11] Mas objectou-se que a palavra deve ser entendida no seu contexto religioso: indica a relação de superioridade da deusa em relação ao homem que recebe a revelação.[12] Guthrie apoia esta ideia, sustentando-a com uma citação (Aristófanes, Aves 977) na qual o vocábulo justamente assinala não a idade de um homem (que não é um jovem), mas a sua situação em relação ao intérprete de oráculos por qual está a ser interpelado. A sua conclusão é que é impossível dizer em que idade Parmênides escreveu o poema.[13] Eggers Lan, para além de citar outro uso de κοῦρε (Homero, Il. VI, 59) onde a palavra pode aludir não a um homem de trinta anos mas a um adolescente, assinala que o menos provável é que o poema tenha sido composto imediatamente depois da experiência religiosa que relata.[14]

Transmissão textual

O poema de Parménides, como obra completa, considera-se perdido de maneira irremediável. A partir da sua composição, foi copiado muitas vezes, mas a última referência à obra completa deriva de Simplício, no século VI: escreve que esta obra já se havia tornada rara naquela época (Física, 144).[15] O que nos chega do poema são citações fragmentárias, presentes nas obras de diversos autores. Nisto Parménides não se diferencia da maioria dos filósofos pré-socráticos. O primeiro que o cita é Platão, depois Aristóteles, Plutarco, Sexto Empírico e Simplício, entre outros. Por vezes um mesmo grupo de versos é citado por vários de estes autores, e com estes dados os especialistas podem determinar mais facilmente qual é a cópia que se assemelha mais ao original. Noutras ocasiões a situação é diferente, e a citação é única.[16] A reconstrução do texto, a partir da reunião de todas as citações existentes, começou en no Renascimento e culminou con a obra de Hermann Diels, Die Fragmente der Vorsokratiker, em 1903, que estabeleceu os textos da maioria dos filósofos anteriores a Platão.[17] Nesta obra figuram um total de 19 «fragmentos» presumivelmente originários de Parménides, dos quais 18 estão em grego e um consiste numa tradução rítmica em latim. Do poema foram conservados 160 versos. Segundo estimativas de Diels, estes versos representam cerca de nove décimos da primeira parte (a «via da verdade»), mais um décimo da segunda (a «via da opinião»).[18] A obra de Diels foi reeditada e modificada por Walther Kranz em 1934. A edição teve tanta influência nos estudos que hoje se cita Parménides (assim como aos outros pré-socráticos) segundo a ordem dos autores e fragmentos desta. Parménides ocupa ali o capítulo 28, pelo que se citar com a abreviatura DK 28, adicionando depois o tipo de fragmento (A = comentários antigos sobre a vida e a doutrina; B = os fragmentos do poema original) e finalmente o número de fragmento (por exemplo, «DK 28 B 1»). Ainda que esta edição seja considerada canónica pelos filólogos, têm aparecido numerosas reedições que propuseram uma nova ordem dos fragmentos, e alguns especialistas, como Allan Hartley Coxon e Néstor Luis Cordero, realizaram comparações sobre os manuscritos onde se conservam algumas das citações, e colocaram em dúvida a fiabilidade da leitura e o estabelecimento do texto de Diels.[19]

[editar]A forma de poema épico didático

Muito se tem escrito acerca da forma poética da sua escrita. Plutarco considerou que era apenas uma maneira de evitar a prosa,[20] e criticou a sua versificação.[21] Proclo disse que apesar de utilizar metáforas e alegorias, forçado pela forma poética, a sua escrita não deixa de ser mais parecido com prosa que com poesia.[22] Simplício da Cilícia, ao qual devemos a conservação da maior parte do texto que chegou até aos nossos dias, tem uma visão semelhante: não há que se admirar da aparição de motivos míticos na sua escrita, devido à forma poética que utiliza.[23]

Para Werner Jaeger, a escolha de Parménides pela forma de épico didático é uma inovação significativa. Ela envolve, em primeiro lugar, a rejeição da forma de prosa introduzida por Anaximandro. Por outra forma, significa um vínculo com a forma da Teogonia de Hesíodo. Mas o vínculo não afeta apenas a forma, mas também alguns elementos de conteúdo: na segunda parte do poema de Parménides (fragmentos B 12 e 13) aparece o Eros cosmogônico de Hesíodo (Teogonia 120) juntamente com um grande número de divindades alegóricas como a Guerra, a Discórdia, o Desejo,[24] cuja origem na Teogonia não se pode colocar em dúvida. No entanto, há que notar que a colocação destes elementos cosmogônicos na segunda parte, dedicada ao mundo da aparência, também envolve a rejeição desta forma de entender o mundo, forma estranha à Verdade para Parménides.

Hesíodo apresentou o seu poema teogônico como uma revelação procedente de seres divinos. Tinha usado da invocação às musas, uma convenção épica, o relato de uma experiência pessoal de iniciação numa missão única, a de revelar a origem dos deuses. Parménides, no seu poema, apresenta seu pensamento sobre um Ente uno e imóvel como uma revelação divina, como para derrotar Hesíodo no seu próprio jogo.[25]

Conteúdo

Prefácio

O poema de Parménides começa com um prefácio de carácter simbólico de que existem 32 versos. Os primeros trinta versos foram conservados por Sexto Empírico, que os transmitiu na sua obra Adversus Mathematicos VII, 111ss. Por sua vez, Simplício da Cilícia transmite na sua obra de Caelo 557, 25ss, os versos 28 a 32. O prefácio figura como o primeiro fragmento na recompilação de Diels (DK 28 B 1).

No prefácio, Parménides descreve a viagem que faz «o homem que sabe»: uma viagem de carro, puxado por um par de éguas, e impulsionado pelas Helíades (versos 1–10). O caminho por qual é conduzido, distante do caminho usual dos mortais, é a via da noite e a via do dia, caminho que é interrompido por um enorme portal de pedra, cuja guardiã é Dice (deusa da justiça). As filhas do sol persuadem-na, e esta abre a porta para que passe o carro (vv. 11–21). O narrador é recebido por uma deusa, cujo discurso, que começa no verso 24, é o conteúdo do resto do poema. Esta lhe indica, em primeiro lugar, que não foi enviado por um destino funesto, mas pela lei e pela justiça (vv. 26–28). À luz disto, segue, é necessário que conheça todas as coisas, tanto "o coração inabalável da verdade persuasiva" como "as opiniões dos mortais", porque, apesar de que nestas «não existe convicção verdadeira», no entanto gozaram de prestígio (vv. 28–32).

As vias da indagação

Proclo conserva, em Timeu I 345, 18–20, dois versos do poema de Parménides, que junto com seis versos transmitidos por Simplício da Cilícia, em Física, 116, 28–32–117, 1, formam o fragmento 2 (28 B 2). Aí, a deusa fala de duas «vias de indagação que se podem pensar». A primeira é expressa da seguinte maneira: «que é, e também, não pode ser que não seja» (v. 3); a segunda: «que não é, e também, é preciso que não seja» (v. 5). A primeira via é a «da persuasão», que «acompanha a verdade» (v. 4), enquanto que a segunda é «completamente inescrutável» ou «impraticável», visto que «o que não é» não se pode conhecer nem expressar (vv. 6–8).

Um fragmento (B 3) conservado por Plotino, Enéada V, 1, 8, faz referência a este último: o que tem que ser pensado é o mesmo que tem que ser.

O Pensamento de Parmênides

Seu pensamento está exposto num poema filosófico intitulado Sobre a Natureza e sua permanência, dividido em duas partes distintas: uma que trata do caminho da verdade (alétheia) e outra que trata do caminho da opinião (dóxa), ou seja, daquilo onde não há nenhuma certeza. De modo simplificado, a doutrina de Parmênides sustenta o seguinte:

Unidade e a imobilidade do Ser;

O mundo sensível é uma ilusão;

O Ser é Uno, Eterno, Não-Gerado e Imutável.

Não se confia no que vê.

Devido a essas , alguns veem no poema de Parmênides o próprio surgimento da ontologia. Ao mesmo tempo, o pensamento de Parmênides é tradicionalmente visto como o oposto ao de Heráclito de Éfeso.

Para alguns estudiosos, Parmênides fundou a metafísica ocidental com sua distinção entre o Ser e o Não-Ser. Enquanto Heráclito ensinava que tudo está em perpétua mutação, Parmênides desenvolvia um pensamento completamente antagônico: “Toda a mutação é ilusória”.

Parmênides vai então afirmar toda a unidade e imobilidade do Ser. Fixando sua investigação na pergunta: “o que é”, ele tenta vislumbrar aquilo que está por detrás das aparências e das transformações.

Assim, ele dizia: “Vamos e dir-te-ei – e tu escutas e levas as minhas palavras. Os únicos caminhos da investigação em que se pode pensar: um, o caminho que é e não pode não ser, é a via da Persuasão, pois acompanha a Verdade; o outro, que não é e é forçoso que não seja, esse digo-te, é um caminho totalmente impensável. Pois não poderás conhecer o que não é, nem declará-lo.” [26]

Numa interpretação mais aprofundada dos fragmentos de Heráclito e Parmênides, podemos achar um mesmo todo para os dois e esta oposição entre suas visões do todo passa a ser cada vez menor.

Parmênides comparava as qualidades umas com as outras e as ordenava em duas classes distintas. Por exemplo, comparou a luz e a escuridão, e para ele essa segunda qualidade nada mais era do que a negação da primeira.

Diferenciava qualidades positivas e negativas e, esforçava-se em encontrar essa oposição fundamental em toda a Natureza. Tomava outros opostos: leve-pesado, ativo-passivo, quente-frio, masculino-feminino, fogo-terra, vida-morte, e aplicava a mesma comparação do modelo luz-escuridão; o que corresponde à luz era a qualidade positiva e o que corresponde à escuridão, a qualidade negativa. O pesado era apenas uma negação do leve. O frio era uma negação do quente. O passivo uma negação ao ativo, o feminino uma negação do masculino e, cada um apenas como negação do outro.

Por fim, nosso mundo dividia-se em duas esferas: aquela das qualidades positivas (luz, quente, ativo, masculino, fogo, vida) e aquela das qualidade negativas (escuridão, frio, passivo, feminino, terra, morte). A esfera negativa era apenas uma negação da esfera positiva, isto é, a esfera negativa não continha as propriedades que existiam na esfera positiva.

Ao invés das expressões “positiva” e “negativa”, Parmênides usa os termos metafísicos de “ser” e “não-ser”. O não-ser era apenas uma negação do ser. Mas ser e não-ser são imutáveis e imóveis. No seu livro: Metafísica, Aristóteles expõe esse pensamento de Parmênides: “Julgando que fora do ser o não-ser é nada, forçosamente admite que só uma coisa é, a saber, o ser, e nenhuma outra... Mas, constrangido a seguir o real, admitindo ao mesmo tempo a unidade formal e a pluralidade sensível, estabelece duas causas e dois princípios: quente e frio, vale dizer, Fogo e Terra. Destes (dois princípios) ele ordena um (o quente) ao ser, o outro ao não-ser.”

O Vir-a-Ser

Quanto às mudanças e transformações físicas, o Vir-a-Ser, que a todo instante vemos ocorrer no mundo, Parmênides as explicava como sendo apenas uma mistura participativa de ser e não-ser. “Ao vir-a-ser é necessário tanto o ser quanto o não-ser. Se eles agem conjuntamente, então resulta um vir-a-ser”.

Um desejo era o fator que impelia os elementos de qualidades opostas a se unirem, e o resultado disso é um vir-a-ser. Quando o desejo está satisfeito, o ódio e o conflito interno impulsionam novamente o ser e o não-ser à separação.

Parmênides chega então à conclusão de que toda mudança é ilusória. Só o que existe realmente é o ser e o não-ser. O vir-a-ser é apenas uma ilusão sensível. Isto quer dizer que todas as percepções de nossos sentidos apenas criam ilusões, nas quais temos a tendência de pensar que o não-ser é, e que o vir-a-ser tem um ser.

O Ser-Absoluto

Toda nossa realidade é imutável, estática, e sua essência está incorporada na individualidade divina do Ser-Absoluto, o qual permeia todo o Universo. Esse Ser é onipresente, já que qualquer descontinuidade em sua presença seria equivalente à existência de seu oposto – o Não-Ser.

Esse Ser não pode ter sido criado por algo pois isso implicaria em admitir a existência de um outro Ser. Do mesmo modo, esse Ser não pode ter sido criado do nada, pois isso implicaria a existência do “Não-Ser”. Portanto, o Ser simplesmente é.

Simplício da Cilícia, em seu livro Física, assim nos explica sobre a natureza desse Ser-Absoluto de Parmênides: “Como poderia ser gerado? E como poderia perecer depois disso? Assim a geração se extingue e a destruição é impensável. Também não é divisível, pois que é homogêneo, nem é mais aqui e menos além, o que lhe impediria a coesão, mas tudo está cheio do que é. Por isso, é todo contínuo; pois o que é adere intimamente ao que é. Mas, imobilizado nos limites de cadeias potentes, é sem princípio ou fim, uma vez que a geração e a destruição foram afastadas, repelidas pela convicção verdadeira. É o mesmo, que permanece no mesmo e em si repousa, ficando assim firme no seu lugar. Pois a forte Necessidade o retém nos liames dos limites que de cada lado o encerra, porque não é lícito ao que é ser ilimitado; pois de nada necessita – se assim não fosse, de tudo careceria. Mas uma vez que tem um limite extremo, está completo de todos os lados; à maneira da massa de uma esfera bem rotunda, em equilíbrio a partir do centro, em todas as direções; pois não pode ser algo mais aqui e algo menos ali.”

O Ser-Absoluto não pode vir-a-ser. E não podem existir vários “Seres-Absolutos”, pois para separá-los precisaria haver algo que não fosse um Ser.

Consequentemente, existe apenas a Unidade eterna.

Teofrasto relata assim esse raciocínio de Parmênides: “O que está fora do Ser não é Ser; o Não-Ser é nada; o Ser, portanto, é.

Referências

↑ Sobre as dificuldades no estabelecimento da data do seu nascimento, ver a secção «Data de nascimento».

↑ a b Estrabão, Geografia, Livro VI, Capítulo 1, 1

↑ (DK) A1 (Diógenes Laert, IX 21)

↑ O dado do vínculo de Parménides com Xenófanes remonta a informações de Aristóteles,Met. I 5, 986b (A 6) e de Platão, Sofista 242d (21 A 29), mas actualmente descarta-se tal possibilidade.

↑ Tradição que testemunha Suídas (A 2).

↑ Diógenes Laércio, IX, 23 (DK A 1).

↑ Platão, Parmênides 127 a–c (A 5).

↑ Diógenes Laércio, I 16 (A 13).

↑ Diógenes Laércio, VIII 55 (A 9) e Simplício, De caelo 556, 25 (A 14)

↑ Cornford, Plato and Parmenides, p. 1.

↑ Raven, Los filósofos presocráticos, p. 376; Marcovich, Real – Encyclopädie, col. 249

↑ Burkert, «Das Proëmium», p. 14, n. 32;

↑ Guthrie, Historia de la filosofía griega, II, p. 16

↑ Eggers Lan, Los filósofos presocráticos, p. 423 n. 12

↑ Cordero, Siendo, se es, p. 26.

↑ Cordero, Siendo, se es, p. 27.

↑ Cordero, Siendo, se es, p. 28.

↑ Guthrie, Historia de la filosofía griega, II, p. 18.

↑ Tudela, Poema, Introducción, p. 7.

↑ Plutarco, Quomodo adol. poet. aud. deb. 16c (A 15).

↑ Plutarco, De aud. 45a–b (A 16).

↑ Proclo, Parménides I p. 665, 17 (A 18).

↑ Simplicio, Física, 144, 25 – 147, 2 (A 20).

↑ Cícero, de deor. nat., I, 11, 18 (A 37).

↑ Jaeger, La teología de los primeros filósofos griegos, pp. 95s.

↑ Parmênides de Eleia, Sobre a Natureza, Verdade (Aletheia), Fragmento 2, 1-8 [em linha]

Bibliografia

SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-Socráticos. Primeiros Mestres da Filosofia e da Ciência Grega. 2ª edição. Porto Alegre: Edipucrs, 2003, pp. 273-349.

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Heráclito, considerado um dos filósofos pré-socráticos mais importantes, nasceu em Éfeso, região da Jônia, por volta de 540 a.C., tornou-se conhecido como o ‘pai da dialética’, pois abordava a questão do devir – o vir a ser, as mutações. Avesso à vida em sociedade, de natureza triste e arrogante, era chamado de ‘Obscuro’, por rejeitar a vida pública, desconsiderar a arte, a filosofia e a religião, bem como por ter escrito uma obra – “Sobre a Natureza” – considerada pouco inteligível em seu estilo. Depois de algum tempo, radicalizou sua filosofia de vida e passou a viver isolado nas montanhas.

Apesar de tudo, ele expressou com intensidade a questão da singularidade constante do Homem em vista da diversidade e da mutação dos objetos efêmeros. Ele comprovou a realidade do ‘Logos’, uma lei geral que governa todos os eventos de natureza privada e é o alicerce da ordem universal, de uma harmonia constituída por oposições internas. Seus ensinamentos são polêmicos até hoje. De sua produção filosófica restaram os aforismos – sentenças que em poucas palavras revelam uma regra ou um princípio de longo alcance -, reproduzidos ao longo dos séculos pelos mais variados escritores. Eles foram produzidos por Heráclito em um estilo próprio dos oráculos.

Segundo Heráclito, o fluxo permanente define a harmonia universal. Tudo se move, nada se fixa na imutabilidade. Ele costumava repetir uma frase que se tornou célebre – ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários. Para este filósofo, a dialética pode ser exterior – um raciocínio de dentro para fora – e imanente do objeto – quando se foca na observação atenta do ser. Heráclito entende este processo dialético como um princípio.

Deste conflito entre os opostos é que nasce a concórdia, a harmonia. Isto permite que o Ser seja uno ao mesmo tempo em que se encontra mergulhado nas constantes mutações do contexto que o envolve. Ele ainda afirma que os contrários ocupam perfeitamente o mesmo espaço, simultaneamente, como o início e o final de uma esfera. Partindo destes postulados, Heráclito estabeleceu uma ‘arché’, ou seja, uma origem de tudo que há – o fogo, para ele o elemento primordial entre os outros que constituem o universo: água, terra, ar. Sob seu ponto de vista, esta substância transmuta-se em tudo que existe, assim como tudo nela se transforma – percebe-se, assim, um fluxo constante de mutação.

Embora tudo pareça obscuro em Heráclito, ele foi com certeza um filósofo notável e acalentou em seu intelecto incomum profundas reflexões. Ele mergulhou na compreensão da essência do ser e de tudo que existe, e possivelmente foi um homem além de seu tempo. Talvez por isso se sentisse tão deslocado entre seus contemporâneos.

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