5 canções - Parte 1 - Capítulo 1: Apimentada
Parte 1 – Aquele
“Eu conheço seu tipo Garoto,você é perigoso Você é aquele cara
Que eu seria burra em confiar
Mas só uma noite não pode ser tão errado.
Good girls go bad – Cobra Starship”
Capítulo 1 – Apimentada
Em um dia qualquer eu estava subindo no elevador sozinha, quando entrou uma senhora que levava com ela um embrulho de presente e um rosto decepcionado.
-Que linda você é, quantos anos você tem? – Perguntou a senhora
-Onze, quer dizer doze
-Fez doze recentemente? – Eu afirmei
-Doze anos é a idade onde sua vida muda
-Eu não acho que minha vida vá mudar esse ano – Falei divertindo-me com a profecia dela
-Pegue – Falou entregando-me o embrulho
-O que é isso?
-Um presente
-Eu não posso aceitar – Falei um pouco incrédula
-Eu dei para minha neta e ela chamou de brega– Ela riu – Vai ficar bonito em você
-Obrigada – Falei rindo, enquanto a senhora saía do elevador
Quando eu abri o embrulho era uma corrente com um pingente de pimenta e de um olho grego, eu o guardei não muito decidida a usar.
Alguns meses depois eu estava indo almoçar com meu pai e resolvi colocar esse colar que a senhora havia me dado, dei uma última checada no espelho e pensei comigo mesma “Eu estou bonita hoje”, fechei a porta da casa e chamei o elevador, quando o elevador chegou e eu abri a porta, na minha frente tinha um garoto com mais ou menos treze anos e incrivelmente lindo, eu fiquei meio boba olhando para ele admirada com o quanto seu cabelo era liso:
-Você não vai entrar?
-Vou – Falei entrando no elevador
O Clima estava bem tenso, ninguém dava uma única palavra, o que era apenas o tempo de uma descida de elevador parecia durar uma eternidade, quando ele saiu eu dei um leve aceno com a mão
-Tchau – Falou o garoto
Eu nunca fui de ficar boba com os meninos, não entendi exatamente o porque da adrenalina estar correndo nas minhas veias naquele instante, mas eu sabia que eu ainda ia ver ele muitas vezes.
Mais tarde, minha amiga estava na minha casa e decidimos descer para jogar vôlei, quando a gente chegou lá em baixo estava um menino, uma amiga e ele, eu passei por eles meio envergonhada mas minha amiga já havia me visto,
-Lúcia – Ela gritou, eu ouvi mas passei direto pois não me aguentava de vergonha, ela foi atrás de mim – Lúcia, você não está mais falando comigo? – Perguntou segurando meu ombro com ar de assustada.
-Desculpe, não tinha ouvido
-Você está ficando surda – Falou rindo – Vamos jogar vôlei?
Joana me apresentou aos dois garotos sentados o primeiro se chamava Juan e o que eu tinha encontrado anteriormente se chamava Lucas. Fomos jogar vôlei e ele sempre me marcava, apesar de ter praticado o esporte por um ano eu não sabia sacar, tocar ou se quer dar uma manchete, e eu sempre acabava levando boladas no rosto. Nós quatro conversamos muito e no fim do dia quando eles tiveram que ir para casa nos despedimos e quando eles estavam virando para irem em bora a adrenalina subiu outra vez e eu gritei
- Ei, - Gritei –Vocês não vão nem passar o e-mail?
Eles riram e falaram, eu não tinha entendido bem o motivo de eu ter pedido o e-mail deles mas eu sei que eu não podia deixar ele ir em bora sem uma garantia de que nós iriamos nos falar novamente.
Durante toda a noite eu esperei ele aceitar minha solicitação de amizade, mas nada aconteceu.
No dia seguinte eu estava tomando banho e ele bateu na porta da minha casa e falou com minha mãe pedindo para eu descer
-Quem é esse garoto com cabelo de queijo do reino lhe procurando? – Minha mãe perguntou rindo logo depois que sai do banho
- É meu amigo – Falei séria
Quando eu desci, conheci Alex e mais dois garotos com nome de Yuri, nós conversávamos normalmente enquanto Lucas brincava de verdade ou consequência sozinho, ele colocava sua sandália em cima da mesa e girava de um jeito que eu era a única a responder, a pergunta era sempre a mesma:
-Lúcia é verdade que você já beijou?
Eu sempre respondia
-Isso não é da sua conta e eu não quero brincar
Eu tinha doze anos e nunca havia beijado ninguém, isso nunca tinha sido um problema, pelo menos não ate agora.
Eu tinha um costume de fazer uma festa pós–carnavalesca todos os anos, e era sempre um sucesso e naquele ano não ia ser diferente, eu comentei a festa com meus novos amigos e acrescentei
-É para ir fantasiado, vocês vão de que?
Lucas logo respondeu
-Eu vou de Bruna Surfistinha-Todos riram
-Você sabe quem é Bruna Surfistinha? – Falou o Yuri maior
-Uma surfista?-Ele respondeu
-Não! É uma garota de programa. – Falou o outro Yuri ao som de mais risadas.
Lucas era extremamente divertido e me fazia dar altas gargalhadas, ele me fazia sentir bem, incluída, coisa que nunca acontecera antes.
Na segunda-feira depois de conhecer as pessoas do prédio eu já tinha o número de Lucas gravado no meu celular pois ele sempre ligava pedindo para eu descer. Foi nessa mesma segunda que eu resolvi brincar de mandar mensagens instantâneas
La: Você vai estar no prédio hoje? – Perguntei inocentemente
Ls: Eu moro lá kk
La: Eu sei, queria saber se ia poder descer
Ls:Eu posso
La:Estas na aula de que?
Ls:Biologia e você?
Eu achei estranho,pois ele aparentava ser sétima série
La:Português,você é que série?
Ls:Primeiro ano
-Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah–Essa foi a reação minha e das minhas amigas ao saber a idade dele, apesar de acharmos que ele estava mentindo
La:Huuum, eu acho que eu devo parar de atrapalhar seu rendimento escolar kkk, boa aula te adoro
Ls:kkkkkkkkk relaxa, pode continuar atrapalhando a aula está um saco
La:OK, então...que tipo de música você gosta?(Que pergunta besta kk)
Ls:Pop, pagode e um pouco de forró
La:Hum, ei você vai para a festa sábado?
Ls:Não tenho certeza, mas acho que sim
La:Tas pensando em ficar com alguém lá?
Ele não respondeu, o que me deixou louca no meio do colégio.
Na sexta-feira fui sair com minhas amigas para comemorar o sucesso da festa que iria ter no dia seguinte, quando eu estava me arrumando meu celular tocou, quando olhei o visor estava escrito o nome dele.
-Alô
-Oi Lúcia, você pode descer?
-Desculpa, eu vou sair com a galera
-Que galera?
-Minhas amigas – Falei franzindo a testa
-Amigas no feminino?
-Sim sim, no feminino – Concordei rindo.
Quando estávamos no restaurante o assunto não era outro além de Lucas ele estava em foco máximo, meu celular tocou outra vez era ele, começamos a conversar e ele estava reunido com a galera e minhas amigas acharam que eu não estava dando atenção a elas eu desliguei e eles ligaram de novo minha amiga Maria atendeu
-O que você quer menino?
-Eu quero mulher-Falou Yuri do outro lado da linha
-Tem cinco aqui Lúcia, Ana, Renata, Raíssa e Maria, qual você quer?
-Eu quero Maria
-Ah, por que você me quer? – Perguntou rindo
-Porque você é minha coca-cola no deserto –Todas rimos, ele pediu pra falar comigo
-Lúcia, você quer ficar com Alex é?
-Não – Respondi rindo sem entender
-E com Lucas?
-Espera – Essa foi a única palavra que eu consegui falar na hora
-Eu quero ficar com Lucas?- Perguntei as minhas amigas
-Ah você quer sim-Responderam em coro
-Eu não sei dizer Yuri, é difícil responder isso assim, depende muito do momento.
-Ok ok – Ele desligou o telefone
A partir daquele momento o que eu mais queria era que essa festa chegasse
Eu nunca tinha me apaixonado, mas pela primeira vez eu estava começando a entender o que era o amor.
No dia da festa eu nunca passei tanto tempo me olhando no espelho e pensando se eu estava bonita o suficiente, e na hora tudo passou muito rápido, sinceramente foi tudo tão confuso que eu não sei explicar direito o que aconteceu, minhas poucas lembranças envolvem minhas amigas perguntando se podiam ir falar com ele sobre a gente ficar e eu em uma reação meio que involuntária deixei, depois disso lembro-me de minha amiga Renata tocando meu rosto e dizendo.
- Oh Lúcia, ele não quer. – Naquela hora eu não sabia direito o que fazer, não sabia como falaria com ele, eu estava perdida e o fato de Renata ter me tratado como uma “coitada” me deixou um pouco incomodada. Ela também acrescentou que essa hipótese já havia passado pela cabeça dele mas agora estava interessado em outra garota
Depois do não levado tentei agir normalmente e curtir a festa, ate que ele resolveu agarrar minha amiga Sílvia, todas as pessoas pararam surpresas e começaram a olhar, elas se surpreenderam mais ainda quando ela deixou e depois saiu andando normalmente como se nada tivesse acontecido.
Naquela hora todas as pessoas daquele salão me puxaram para conversar e falar coisas do tipo “Não fique triste” e “Ele não te merece”; eu relevei, não estava triste ou chateada apenas surpresa, ele não falou comigo o resto da festa, estranhei e mandei Ana perguntar se ele ficou com raiva, ele chegou e falou:
- Lúcia, não se preocupe, eu não estou com raiva – Na mesma hora Maria chegou e falou que nossa amiga Íris estava chorando e que precisava falar comigo
- Ótimo, preciso falar com Íris, você a viu? – Essas foram as únicas coisas que eu consegui falar. Eu fiquei um pouco feliz por Íris estar chorando, se não fosse por isso eu não saberia o que falar.
Quando encontrei-a, ela estava mais revoltada do que triste e falou o quanto aquilo que tinha acontecido era injusto, eu preferi não me impor sobre o assunto, pois eu sabia que se eu concordasse com ela os comentários só aumentariam.
-Calma, não foi nada de mais – Falei alisando seu braço
-Você não está chateada?
-Não – Tentei parecer o mais indiferente possível – Eu nem gosto dele, ele é só mais um!
Quando todos foram embora eu fiz questão de falar as pessoas que sobraram o quanto eu estava bem e feliz, não era totalmente mentira eu estava feliz a festa tinha sido um sucesso não era esse meu objetivo? Eu estava feliz, mas faltava alguma coisa e eu sabia o que era só não queria admitir para mim mesma, eu estava feliz, vazia mas feliz. Eu estava confusa, ate um dia desses ter conhecido Lucas foi uma das melhores coisas que eu já havia sentido, mas agora tinha minhas dúvidas aquilo era um sonho? Ou apenas mais um pesadelo?
“Nuvens cheias de estrelas cobrem seu céu
E eu espero que chova
Você é a canção de ninar perfeita
Em que tipo de sonho eu estou?”
Sweet dreams – Beyoncé