[Original] We Are Young - Capítulo 14 - Parte 2 (Especial)

Lennon M. Dias

Era estranho estar num lugar que eu não conhecia ninguém e me sentia um cego perdido em um tiroteio chamado “a movimentada cidade de São Paulo”. Muita gente apressada, muito corre-corre e pro meu total desgosto, muito torcedor do Corinthians em todo canto.

Depois de finalmente conseguirmos conversar com os pais de Rafaela, seguimos para a casa dos Farias. Com elas (sim, elas, pois Iasmin mora apenas com a mãe a irmã) a conversa fora bastante rápida e amigável.

- Bom... – Isabel murmurou, depois de sairmos da casa de sua amiga. Eu senti o medo em sua voz. – Falta a minha mãe né.

- É. – Eu a fitei com cautela. – Te acalma, vai dar tudo certo.

- Eu espero que sim.

Isabel morava a alguns metros de Iasmin. O bairro era bonito e bem cuidado, o tipo de lugar que eu moraria.

- Gostei daqui. – Comentei, distraidamente.

- É um bom bairro. – Disse Isabel, mas seu tom de voz estava sério.

Andamos mais um pouco até finalmente pararmos em frente a uma casa azul de portão pequeno de ferro bastante enferrujado. Isabel respirou fundo e me olhou rapidamente. Eu pus minha mão em sua cintura, abraçando-a de lado.

Isabel foi até a porta e não precisou bater palmas ou chamar alguém, estava aberta.

- Vem. – Murmurou baixo. Eu obedeci, ajeitando a mochila em minhas costas.

A primeira impressão que tive da casa de Isabel fora a mais óbvia de todas: era uma casa que não estava sendo cuidado há muito tempo. Entramos em um corredor e Isabel parou. Eu fiquei ao seu lado e seguindo seu olhar, a vi olhar o que parecia ser o resto de um quadro de fotos destruído no chão.

Eu me abaixei, limpei a poeira que estava sob ele e peguei a foto.

O cenário da foto era uma praia e nele, uma guriazinha correndo com os cabelos negros aos ventos.

- Tu tá linda na foto. – Eu elogiei, distraidamente. Ela pegou a foto da mão e se olhou por alguns minutos. Dava pra saber o que se passava em sua mente. Isabel estava vivendo o que temia desde o momento que chegou a Porto Alegre: O reencontro com a sua mãe. Ela sabia que um dia teria que voltar e sabia também que não estava preparada pra isso. Seus olhos foram tomados por um brilho que eu conhecia bem. – Por favor, não chora. Eu to aqui contigo, Bel.

Apertei sua mão livre e finalmente entramos na casa, totalmente silenciosa.

Internamente, a casa dava a mesma impressão da área externa: Tudo parado no tempo.

- Mãe? – Ela chamou. A voz estava trêmula.

Não houve respostas.

- Acho que deve estar na cozinha.

Nós entramos na cozinha e a mãe de Isabel estava sentada na cadeira, de costas para a entrada.

- Eu sabia que você voltaria. – A voz dela era como a da filha. Uma voz calma, porém, enérgica. De alguém que parecia saber o que dizer e como dizer.

- Imagino o quanto esperou por isso. – A amargura e ironia na voz de Isabel eram bastante claras. – Eu vim pegar minhas coisas, não vou demorar muito tempo.

A mulher então se levantou e para o meu total espanto, as duas eram muito parecidas. Se eu não soubesse que eram mãe e filha, eu diria que eram irmãs.

- Que coisas? – E ela sorriu. O mesmo sorriso sacana que a filha costumava me dar quando discutíamos. – Não me apresenta a visita? Foi essa a educação que eu te dei?

Isabel avançou contra a mãe, empurrando-a na geladeira.

- VOCÊ ESTÁ LOUCA? – Berrou, apertando o pescoço da mãe com muita força.

- O que você acha filhinha? – Eu tentei puxar Isabel pela cintura. – Deixe. Eu gosto de ver o que ela se tornou.

Eu dei alguns passos pra trás. A mulher sorriu, agradecida.

- O que eu me tornei? Eu sou a mesma Isabel de sempre. Pelo o amor de Deus, Renata!

- Max fez o mesmo que você... Bastou às coisas ficarem difíceis e ele foi embora. Vocês são iguais. – Eu assisti Isabel puxar a mãe e solta-la contra a parede da cozinha. A mais velha deu um gemido de dor baixo, mas continuou a falar. – E nem tem o mesmo sangue.

- Não repita isso. – Sibilou, com a voz ameaçadora.

- É a verdade.

Isabel se afastou, ficando em minha frente.

- Eu não me arrependo de ter ido embora.

- Eu sei que não, Isabel. O erro foi meu, todo meu. E eu te conheço bem o suficiente pra saber que não adianta eu pedir perdão. Você é rancorosa.

- Fico feliz por saber disso. Eu nunca perdoaria você por ter me deixado no momento em que mais precisei!

Era um acerto de contas bastante particular.

- Eu também precisei de você.

- Ah, precisou? Achei que só precisasse do Max. Você é patética, Renata. Tão patética que no final vai ficar sozinha. Seu egoísmo te engoliu.

As palavras tinham ferido a mãe e ela veio muito rápida contra Isabel com punho totalmente preparado.

- Não faça isso. – Eu me pus como escudo.

Renata pareceu relaxar.

- Quando seu pai morreu, Isabel... Eu me senti a pessoa mais vazia do mundo. Eu amava seu pai mais que a mim mesma. E eu nunca soube lidar com a perda dele.

- Não importa, Renata. Não importa. Do que adianta remoermos esse assunto? Meu pai não vai voltar, EU não vou voltar.

- É. Essa temporada no Sul mudou seu modo de pensar.

Isabel me fitou e sorriu.

- Você não sabe o quanto. Vem. – Ela puxou minha mão e seguimos para o seu quarto.

O quarto de Isabel, se um dia foi arrumado, eu nunca descobrirei, pois ao entrarmos, eu encontrei um verdadeiro furacão no local.

- Merda. – Isabel entrou no quarto e ficou parada bem no meio dele.

Como já não estava sabendo lidar com aquela situação tensa, eu me mantive apenas como um observador. De costas pra mim, eu a ouvi fungar e dar início a uma crise de choro.

- Vem cá. – Abri meus braços, chamando-a.

- Ela destruiu todas as minhas coisas! Como ela ousa?! – Isabel deitou a cabeça em meu ombro e eu acarinhei seus cabelos.

- São coisas que tu pode ter de novo, amor. Não fica assim.

- Eu a odeio.

Segurei seu rosto.

- Não fala assim, sério. – Talvez em meu olhar ela tenha entendido que de certa forma eu me identificava com o que ela estava passando. – Vamos pegar o que ficou e irmos embora.

Ela assentiu e continuamos a nossa caçada em meio aquele furacão.

Quando terminamos (não fora uma atividade que nos exigira muito tempo, já que não sobrou praticamente nada), Renata estava sentada no sofá da sala. Parecia perdida, triste.

- Estou indo embora. – Avisou Isabel, agora mais calma, porém, tensa.

- Um dia você vai se arrepender disso.

- Eu vou saber conviver com isso também.

As duas se olharam por um longo tempo, deviam estar tentando dizer algo uma a outra.

- Até a próxima, Renata.

Ela se despediu da filha com um aceno breve de cabeça e Isabel me puxou para sairmos dali.

Eu nunca imaginei que veria uma cena dessas em minha vida, por isso, me mantive calado esperando Isabel falar alguma coisa. Ela me fitou e disse:

- Oficialmente agora, não tenho mais laços além de Rafaela e Iasmin em São Paulo.

Eu então a abracei apertado em frente ao portão de sua “ex-casa”.

Isabel pôs as mãos em meu pescoço, acarinhou minha bochecha com o polegar e sorriu.

- Uma aliança bem bonita, ok? Não faço questão de casamento, mas uma viagem pra outro país, sem dúvidas.

- Isso é um pedido de casamento, Isabel Longhi? – Perguntei, baixinho e depois rocei meus lábios em seu pescoço.

- Com certeza, Lennon Marquez Dias. Com certeza.

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Oi!!!

To com net em casa, gente. KFJDS~FLKDJSF~LKFJÃSD não vou mais demorar a postar!!! Claro, tem dias que eu realmente to muito atarefada, daí é complicado, mas enfim.

O especial é dividido em três partes, essas duas primeiras são pequenas, a última (que eu to escrevendo agora mesmo e a todo vapor) é maior, pois contara (em minha narração) a festa de final de ano de Isabel e sua "família". Acho que essa saí entre amanhã ou terça. Depois disso, volto a me "ausentar" pra poder escrever Volver.

Letiche: Eu acho que tá certo seu nome LKAJSDLFKAJSD~F entra em contato comigo pelo meu e-mail pessoal que está no meu perfil, eu te passo os capítulos restritos da história, o que você acha? Beijos!

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 13/01/2013
Reeditado em 11/09/2014
Código do texto: T4083137
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