[Original] We Are Young - Capítulo 14 - Parte 1 (Especial)
Um lugar pra voltar. Outro pra ficar pra sempre. (Parte 1)
Isabel Longhi
- Vamos, Isabel! – Ouvi Lennon me chamar enquanto eu abraçava Lucas. Nós estávamos na rodoviária nos despedindo dos meninos. Bom, na verdade só faltava eu terminar de me despedir. Lennon e as meninas foram breves. Sou eu que sempre tenho problema em me despedir, mesmo sabendo que voltarei na próxima semana. Consegui chorar inconsolavelmente ao abraçar Demétri, Emerson e Lucas.
Olhei para os três pela última vez e entrei no ônibus de mãos dadas com Lennon. Nos sentamos na poltrona numerada. Na outra fileira, Rafaela e Iasmin dividiam as poltronas. Era cedo e todos estávamos com muito sono.
Lennon parecia receoso sobre São Paulo, eu ainda tentei acalma-lo dizendo que a Vila Mariana era um bairro tranquilo e etc, etc e etc, mas não adiantou muito. Ele ainda não estava gostando da ideia.
Demorei a dormi, pois eu estava tendo alguns flashs de memórias com o dia do acidente. Lennon percebera minha tensão e segurou minha mão com força.
- Vem cá. – Ele levantou o braço da poltrona e me aconchegou em seus braços. Eu inspirei seu cheiro e na mesma hora me senti mais calma e consegui dormir.
(...)
Depois de 2 dias e meio e todas aquelas paradas que me deixavam um tanto ansiosa, finalmente chegamos a São Paulo.
- Patrícia me mandou SMS. – Rafaela disse, enquanto íamos atrás de um ônibus em direção a Vila Mariana.
- E aí? – Perguntei, segurando firmemente a mão de Lennon. Ele olhava a tudo com certa admiração. Faltavam dois meses e meio para Dezembro, a cidade estava fervilhando de gente.
- E aí que a Sílvia que matar a Rafaela. – Respondeu Iasmin, rindo. – Ainda bem que eu consegui avisar a Ingrid e ela me passou um pano.
- Passar pano? – Lennon repetiu, franzindo o cenho.
- Passar pano é o mesmo que encobrir alguma coisa. – Expliquei, sorrindo para ele. – Imagina quando eu pedir a ela pra deixar você passar o natal e ano-novo no Sul.
- Ela vai deixar. – Rafaela disse, dando de ombros. – Mas vamos passar mesmo na casa do Lennon? – Era evidente o desgosto dela.
Suspirei, fingindo não ter notado isso.
- Bah... Esse ano eu estava planejando juntar uma bagunça no Demétri.
Nós três olhamos Lennon.
- Sério? – Eu perguntei, franzindo a testa.
Ele assentiu.
- Uhu!! – Iasmin e Rafaela comemoram, trocando um cumprimento de mãos.
Bom, pelo menos isso está resolvida. Agora vem a pior parte: falar com a Dona Sílvia Marchiori. Talvez ela reaja bem.
(...)
- RAFAELA MARCHIORI ARROYO, VOCÊ QUERIA ME MATAR DO CORAÇÃO, GAROTA?
Nós mal pisamos na casa dos Marchiori e Sílvia já estava na porta a esperando com um cinto em mãos. É, ela não reagiu bem.
- Mãe, calma. – Rafaela pediu, temorosa. Patrícia, a irmã mais velha dela apareceu na porta também, e estava segurando Miguel, o caçula Marchiori. – Foi necessário. As irmãs (que não eram nem um pouco parecidas fisicamente) trocaram olhares cúmplices.
- Sílvia. – Eu a chamei. Ela me olhou. – Eu sofri um acidente de ônibus e esse aqui. – Apontei para um assustado Lennon ao meu lado. - Lennon, meu namorado ligou para as meninas.
- Oh, eu sinto muito Isabel. – Sílvia me deu um abraço rápido. – Mas você sabe que ela devia ter me avisado.
- Não deu tempo mãe. – Rafaela murmurou, indo para o lado de Patrícia.
- E a Rafa está viva, mãe. Para. – Patrícia disse, entediada. – Oi Iasmin, oi Bel. – Ela me deu dois beijos no rosto e fez o mesmo com Iasmin. – Fico feliz em ver que você esta bem. Eu apresentei Patrícia a Lennon. – Prazer, Patrícia.
- Lennon. – Ele sorriu brevemente.
- Eu peço desculpas por isso, Sílvia. Imagino o quanto ficou preocupada. – Eu me aproveitava um pouco da confiança em que a matriarca Marchiori tinha em mim.
- Tudo bem, que isso não se repita.
- Pode deixar. E aproveitando... Eu queria que Rafaela passasse o final de ano com a gente lá no Sul.
Todos entramos em silêncio analisando a reação de Sílvia.
- Desistiu da formatura, Rafa? – Patrícia perguntou, entregando Miguel a irmã. Ele era ainda mais diferente das duas. Patrícia era loira de olhos claros, Rafaela era morena de cabelos castanhos claros, bem claros e olhos da mesma cor. Miguel, de apenas 9 meses tinha os cabelos escuros e olhos negros.
- Sim... E eu quero muito passar o final do ano no Sul. – Ainda aguardávamos ansiosos a resposta de Sílvia.
- Eu não sei. – Ela disse, depois de um longo tempo calada.
- Mãe! Eu volto no início de janeiro com a Iasmin.
- E o seu pai?
- O que tem eu? – Nós olhamos para a entrada da casa ao ouvir a voz do simpático Seu Reginaldo. – Filha!
Rafaela devolveu Miguel à irmã e correu para abraçar o pai.
- Oi, pai!
- Você está bem? Nós ficamos tão preocupados. – Diferente de Sílvia, Reginaldo era bastante tranquilo. – Isabel, Iasmin...
Ele nos cumprimentou com um educado aperto de mãos.
- Oi, Seu Reginaldo! Esse é o meu namorado, Lennon.
Os dois se cumprimentaram.
- E então, o que perdi? – E o pai das Marchiori se posicionou ao lado de Sílvia.
- Isabel convidou Rafaela pra passar o final de ano no Rio Grande do Sul. – Respondeu ela, séria.
- Que boa idéia! Eu acho um presente bom a nossa menina.
- Reginaldo! – Sílvia exclamou, indignada com a resposta do marido.
- O que? Ela não quer fazer a formatura, deixe a menina ir para o Sul.
- E ah. – Eu me intrometi, querendo interromper o que parecia ser o início de uma briga. – A passagem de ida e volta é tudo por minha conta. Meu presente de formatura a elas.
Rafaela e Iasmin começaram a dançar na porta de casa.
- Deixa mãe. – Pediu Rafaela, não conseguindo conter sua alegria.
Novamente, a atenção se voltou a Sílvia.
- Tá tudo bem, é só porque irá com Isabel.
Eu entrei na dança de minhas amigas, tão, ou mais feliz que elas por conseguir o consentimento da mãe Marchiori.