Mudando a letra da vida - Capitulo 04
Diário
Não sei o porquê, mas me deu vontade de escrever outra vez. Eu sei que falei mal disso e que o caderno era idiota, mas como ainda não tenho muitos amigos aqui preferi escrever outra vez.
Bem... Eu conheci um garoto interessante, brincamos igual a duas crianças, e acabei com o celular dele em minha casa. Eu sei que deveria ter atendido, mas me deu um nervosismo enorme de falar com ele no telefone, ou poderia ser até o pai, o que não seria nada agradável.
***
Desliguei o celular, com medo de que ele tocasse outra vez, tomei meu banho assim que minha mãe desocupou o banheiro, deitei em minha cama e liguei para minha amiga Alicia.
*Alô – Atendeu sua mãe, dona Claudia.
*Oi dona Claudia! Aqui é a Alice falando.
*Oi minha filha! Como esta sua família? Seus estudos... – começou a fazer varias perguntas de uma só vez.
Respondi o mais rápido possível em respostas discretas, já que a mãe de Alícia adora bater papo no telefone, e não é nada barata a conta do mesmo.
Ela puxou mais um papinho e com muito custo passou o telefone para sua filha.
*Oi carioca! – Berrou toda animada.
* Eu já falei para que você não em chamasse assim! Sabe que eu não gosto.
* Para de frescura, agora você esta na cidade maravilhosa, curtindo o calor, as praias, os caras sem camisa. – Divertia-se em me irritar.
* Primeiro eu não queria vir! O calor é um inferno, eu não vou às praias porque você sabe que não estou em condições, e por ultimo, você sabe que não ligo para essas coisas!
Irritei-me profundamente agora, era incrível como minha amiga conseguia me tirar do sério.
*Você esta em condições sim! – Agora parece que ela que ficou irritada -, Você só é branca porque não pegava muito som, quase nada! – Tentei responder, mas ela continuava – Não me venha com “eu sou branca e sou vampira” que eu acabo com você!
*Isso foi a coisa mais idiota que eu já ouvi. – Tentava me conter para não cair na gargalhada. – Tenho que desligar! Eu tento te ligar assim que der.
***
No dia seguinte, cheguei a escola no horário de sempre. Tivemos a noticia de que sairíamos meio dia, pois a escola estava com um cano quebrado e os alunos ficariam sem água.
- Oi! – Caio se aproximou enquanto eu arrumava minha mochila. -, O que faz encostada no meio do corredor? O sinal já tocou.
- Não é da sua conta! – Bufei.
- Você só sabe dizer isso? – Ele parecia se divertir.
Já estava me retirando quando lembrei que teria que entregar o celular dele que estava comigo.
- Aqui! Você foi embora e a moça da sorveteria pediu para que eu te entregasse.
- Nossa! Achei que tinha sido roubado – disse contente. – Mas eu liguei e não atendeu, depois desligou. Por que você não atendeu?
Senti-me envergonhada pelo motivo de não ter atendido, mas para não dizer, resolvi inventar outra coisa.
- Minha mãe! – respondi de imediato -, e... Ela não sabia de quem era, e como ela conhece o meu celular, simplesmente desligou e depois me perguntou de quem era. – falei nervosa.
Ele se encostou na parede ficando a um palmo de distancia, tirou uma mecha de cabelo que estava em meu rosto, colocou atrás de minha orelha e falou suavemente.
- O que você falou sobre mim? – Fiquei boba.
Eu não entendo o que esta havendo comigo, verdade não sei o que esta havendo aqui! Boba eu? Fiquei completamente abobalhada só pelo fato de ele falar, mexer em algo relacionado a mim. Nunca namorei, nem dei em cima de alguém, ou me apaixonei. Será que é paixão? Não, Definitivamente não!
- Simplesmente falei que você era um colega da escola, e que como eu te conhecia, a moça da sorveteria pediu para eu lhe entregar. – Falei rapidamente atropelando as palavras.
- Só isso? – Ele sorria tranquilamente e não parava de me olhar intensamente.
Abaixei a cabeça para não olhar em seus olhos, fechei minha mochila e comecei a andar em direção a minha sala.
- Eu já estou atrasada! – gritei ao me afastar dele -, Nos falamos depois!
***
A aula de física esta passando e eu mal consigo entender. A culpa só pode ser daquele idiota que mexe tanto comigo. Por que ele não sai da minha cabeça? O sorriso, o jeito de falar, de andar!
- Aaah! – Deixei escapar um grito no meio da sala.
- Algum problema, Sra. Brienza?
- De forma alguma, professor. Eu simplesmente chutei a cadeira, sem querer, e acabei machucando meu pé, perdão.
O professor Flavio continuou sua aula, e sem demora, voltei a pensar no maldito garoto.
***
A próxima aula era de matemática, sentei na primeira carteira para poder entender a letra da professora que estava ilegível.
- Oi! Eu me chamo Bianca!
Não reparei que havia uma garota ao meu lado. Seus cabelos eram curtos, usava óculos fundo de garrafa, o que comprova que ela não deve enxergar muito bem sem eles, e por essa razão se senta ali na frente.
- Oi! – Respondi assim que me assustei com sua empolgação.
- Então? -, inclinou-se para ficar mais próxima de mim.
- Então o que? – Sorri sem graça.
- Me diga o seu nome?
Ouvi a professora soltar um “shiu”, pois além de nós, tinha outros alunos conversando. Fingi copiar o conteúdo do quadro quando a professora olhou para traz.
- Alice... – sussurrei assim que a professora voltou sua atenção para o quadro branco.
- Muito prazer! – Sorriu de orelha a orelha.