[Original] We Are Young - Capítulo 13 - Parte 2
Capítulo 13 - Parte 2
“– Isabel, não corra sozinha por essa praia, menina! Olha o seu tamanho!”
A menininha corria disparada pela areia quente da praia. Ela olhou o pai e sorriu alegremente. Ela o olhava amorosamente. Não era apenas seu pai, era o melhor amigo dela e também o seu herói. De repente ela parou, erguendo as duas mãozinhas e jogando o corpo pra frente dando três “estrelinhas” na areia. O pai bateu palmas, emocionado. Isabel correu para abraça-lo.
- Eu te amo, papai.
- Eu te amo minha filha.
Ele nunca a deixaria, ela sabia. Mesmo tão pequena, já sabia que o pai estaria com ela para todo o sempre.
São Paulo
O barulho de carro chamara a atenção da mulher de dentro da casa. Abriu a cortinada sala e viu três pessoas que conhecia muito bem. Era Rafaela, Iasmin e o velho Tom. Ela andou disparada até a porta e parou, numa pose que deixava claro seu desgosto em vê-los.
- Renata. – Murmurou Rafaela em tom ameno.
- O que vocês fazem aqui?
- Temos notícias da Isabel. – Anunciou Iasmin.
- Agora?? – Renata pôs as mãos na cintura, não acreditando no que ouvira. – Depois de tudo o que vocês fizeram? Depois de tudo o que ela me fez?
- Isabel sofreu um acidente, Renata. – Rafaela disse, calmamente. A mãe de Isabel endureceu, a expressão estava indecifrável.
- E o que você quer que eu faça? – A reação fria e indiferente da mulher fizera os três amigos abrirem a boca em espanto.
- ELA É A SUA FILHA! – Berrou Iasmin, entre o desespero e a vontade de agredir Renata. – ELA TÁ ENTRE A VIDA E A MORTE EM OUTRO ESTADO E VOCÊ AI AGINDO COMO SE NÃO FOSSE NADA DELA!
- Ela devia ter pensando em mim quando fez a besteira de fugir pro Rio Grande do Sul. – Rafaela fechou o punho tentando controlar a vontade de virar a mão na cara daquela mulher tão desprezível. – Passar bem.
Renata quis fechar a porta, mas Rafaela a impediu com o pé, empurrou a porta e de um tapa no rosto da mulher, mas um tapa tão forte que o cabelo grudou em seu rosto.
- Você é a mulher mais desprezível da face da terra. E se arrependerá de estar fazendo isso com a sua própria filha.
Os três saíram da casa de Isabel e voltaram para o carro. Iasmin sentou-se no banco de trás do carro e Rafaela ao lado de Tom.
- Quantos dias para chegarmos? – Ela perguntou, ainda com a mão quente pelo tapa que dera em Renata.
- Dois e meio. Conheço uns atalhos bacanas.
- Ótimo. Iasmin, você liga para o gaúcho avisando que vamos direto para o Hospital.
- Beleza.
- Vamos, Tom.
E assim dera início à viagem para o Rio Grande do Sul.
Lennon M. Dias
Passaram-se 2 dias após o acidente do ônibus 146. Eu não saí do Hospital um dia se quer. Vi alguns familiares dos acidentados saírem de dentro da sala aos prantos, pois tinham perdido seus filhos, netos, irmãos. Pessoas de seu sangue. Fora um acidente comum, é verdade, mas havia levado muitos entes queridos. Eu estava esperançoso em relação à Isabel, mas toda vez que a doutora que cuidava dela passava por mim, eu prendia o ar e meu coração se acelerava instantaneamente.
Lucas ligou pela parte da tarde quando eu estava tentando comer alguma coisa na rua em frente ao hospital.
“Tu foi comer alguma coisa?”
- To tentando, mas está difícil.
“Tu tem que ter fé, mano. Ela vai sobreviver.”
- Eu sei, mas... Toda vez que eu entro naquele quarto a Isabel parece que está mais magra, branca, sei lá.
Comprei um pastel e uma coca-cola. Era uma comida rápida e fácil.
“É normal por ela estar a alguns dias aí.”
- É. Espero que seja só isso mesmo.’
“E as amigas dela?”
- Não ligaram ainda. Devem estar chegando.
“E elas vão ficar aqui em casa mesmo?”
- Não tem mais espaço. Vou ver se tem no Demétri.
“Ah, com certeza que lá tem, a mãe dela viajou a mó tempão e ele mal fica em casa.”
- Ele foi na Bruna ontem quando vocês foram embora né?
“Aham. Demétri se arrasta demais por ela.”
- É o amor, Lucas. É o amor em suas 1001 formas.
“Não entendo, sério... Juro como não entendo.”
- Vai entender um dia.
Conversamos por mais algumas horas e quando eu finalizei a ligação e voltei para dentro do hospital, a doutora me chamou.
- Boas notícias, Lennon! Isabel está reagindo bem ao medicamento que induzimos nela hoje.
Corremos para dentro do quarto e a doutora me deixou sozinho com Isabel.
- Isabel... – Segurei sua mão afetuosamente e ela respondeu na hora.
Olhei em seu rosto, Isabel tentava abrir os olhos.
- Lennon... – Sua voz estava fraca e rouca, mas eu conseguia entende-la. Ela abriu os olhos e nossos olhares se encontraram. Quantas coisas poderiam ser ditas através de um olhar?
Sua respiração estava arfante e seu corpo estava quente.
- Eu to aqui contigo, calma.
Isabel chorou me olhando, eu não queria que ela chorasse, mas talvez eu entenda o porque dela estar assim.
- Não chora, Isabel... – Pedi, desolado. Era a minha culpa ela estar sofrendo daquela forma. Eu a observei, com certa estranheza tirar o aparelho que a ajudava respirar, em seguida todos os outros que a prendiam a cama e me abraçar com força, beijando-me em seguida. Era um beijo desesperado onde ela tentava extrair de si todo o sofrimento que estava passando nos últimos tempos. – Eu te amo. Eu te amo tanto...
Ela conseguiu sair da cama e ficar em meus braços, parecia uma criança.
- Não me deixa mais ir embora. – Sussurrou, com a pouca voz que tinha no momento.
- Não deixo. – Sentei-me na cama com ela e a fitei. – Nunca mais. Olha pra mim, Isabel.
Seu olhar intenso encontrou o meu.
- Me perdoa por ter sido egoísta e idiota? – Ela balançou a cabeça várias vezes sinalizando um sim.
- Você é o amor da minha vida, Lennon. – Declarou ainda arfante. Eu a acalantei em meus braços tentando acalma-la.
Nosso silêncio durou por alguns minutos, pois, Isabel voltou a me beijar, ansiosa, e eu correspondi da mesma forma.
- Eu to me sentindo como se tivesse acordado de um pesadelo. – Disse, encostando-se de costa em minha perna. Eu a abracei e beijei sua orelha.
- E foi um pesadelo mesmo. Tu estás tão bem que nem parece que saiu de uma internação. – Ela se virou para me olhar nos olhos.
- O que aconteceu?
- Bah, não te lembra?
- Lembro só... – Ela tentou puxar algo da memória. - Eu não me lembro de muita coisa.
- Não force sua mente, a gente pensa nisso depois. – Alisei o rosto de Isabel. – Tuas amigas estão vindo para cá.
- Rafaela e Iasmin?
- Aham. Eu pedi pro Lucas ligar pra Rafaela.
- E aí?
- Bah... Ela não foi a mais agradável. Gritou comigo, disse que se estivesse aqui me faria engolir todos os dentes da boca. – Isabel riu alto. – Sério, fiquei assustado. É de vocês paulistas serem brabas?
- Não, e pessoalmente, Rafaela costuma ser mais grossa.
- Que notícia animadora, Demétri vai gostar de saber disso. – Murmurei, irônico.
- Como assim?
- Bom, lá em casa não tem espaço pra elas ficarem... No Demétri está com espaço. Vou conversar com ele para elas ficarem lá.
- Entendi. E o Lucas?
- Ele está bem, só preocupado contigo.
- Eu to bem. Me sinto cansada, mas estou bem.
- Tu tiraste todos os aparelhos, Isabel. A doutora vai brigar. – Ela olhou a cama com indiferença. – Deita.
- Se a gente fechar a porta um pouquinho... – Eu sorri ao entender sua verdadeira intenção. Isabel encostou uma planta na porta e tirou a roupa de hospital que usava. Ela só estava de calcinha branca, claro.
- Nós podemos? – Perguntei, receoso.
- Nós devemos. – Ela respondeu, dando ênfase na segunda palavra.
Ela veio em minha direção lentamente. Talvez essa guria fosse de outro planeta, não era possível alguém ser assim, tão, tão... Louca. Eu segurei sua cintura e olhei seu rosto com um prazer que eu não sentia desde que ela partira. Ela estava ali. A minha Isabel.
- Que carinha é essa?
- É a carinha de um guri muito feliz.
Nos beijamos sem pressa, sem vontade de acabar. Ela roçava os lábios nos meus respirando calmamente em meu rosto. Eu beijei seu colo, descendo lentamente até seus seios. Isabel jogou o corpo pra trás e a segurei pelas costas. Passei a língua por seu mamilo lentamente, depois troquei para o outro até o momento em que ela se endireitou e me puxou pelo cabelo, olhando-me em seu modo sensual e que me enlouquecia com facilidade.
Nós estávamos prestes a deitar na minúscula cama, quando as vozes de Demétri e da doutora começaram a se aproximar do quarto.
- Merda. – Isabel pegou a roupa de hospital, se vestiu rapidamente e deitou na cama.
- Bah, olha o bico.
- Tinham que chegar logo agora? – Sorri e beijei sua testa, sentando-me disciplinadamente na beira de sua cama.
A doutora abriu a porta com Demétri atrás.
- O que aconteceu? – Ela perguntou, fitando Isabel deitada na cama sem aquele monte de aparelho grudado em seu corpo. – Bah! Ela caiu?
Eu estava pensando em uma resposta, quando Isabel tomou a vez.
- Não doutora, eu que tirei. To me sentindo ótima.
A mulher arregalou os olhos e foi examina-la.
- Tá se sentindo ótima então, Bel? – Perguntou Demétri, arqueando a sobrancelha rindo de canto. Ele olhava diretamente pro meu cabelo totalmente bagunçado e eu rapidamente entendi o recado.
- Cala a boca, cretino. – Respondeu a paulista, mostrando a língua pra ele. – To bem, não estou doutora?
- Sim... Nem parece que sofreu um acidente. – A doutora não acreditava em sua recuperação rápida.
- É... O que é um namorado presente não faz... – Comentou Demétri. Eu o ignorei, claro. Isabel lançou um olhar cortante ao nosso amigo. – To quieto.
- Bom, hoje vamos lhe deixar em observação e amanhã de manhã eu consigo liberar você.
- Finalmente!!
A doutora saiu do quarto e nos deixou a sós.
- Como você esta se sentindo? – Perguntou Demétri, agora mais sério.
- Eu to bem, só me sinto um pouco cansada.
- Que bom. Fiquei muito preocupado contigo, Bel. – E segurou a mão dela.
Eu não tinha mais ciúmes deles, mas ainda era estranho vê-los juntos dessa forma se lembrarmos que quase namoraram. E se isso tivesse acontecido eu talvez ficasse no lugar de Demétri. Ou não.
- Vou deixar vocês a sós. – Eu disse, saindo do quarto calmamente.