[Original] We Are Young - Capítulo 12 - Parte 3

Isabel Longhi

“Essa talvez seja uma das notícia mais triste que eu tenha que dar a alguém, mas, sim, tem passagem pra São Paulo até as 15h00... se cuida Bel, amo você.”

Eu tive que ler a mensagem duas vezes pra finalmente cair a minha ficha sobre minha partida do Sul. Não teria santo que mudasse a cabeça de Lennon sobre isso. E ele também não viria atrás de mim em cima de um cavalo branco dizendo que eu era importante demais pra viver sem mim.

Isso é hipocrisia. E Lennon nunca foi hipócrita.

Respondi a sms de Lucas rapidamente. Eu nunca soube lidar com despedidas, é melhor pular essa parte. Ajeitei a mochila nas costas e segurei firme a mala na mão esquerda. Eu já estava no ponto à espera de um ônibus.

- A merda do celular está descarregando. – Murmurei, observando desgostosa a bateria descarregar.

- Falou comigo, guria? – Olhei para o lado e vi o mesmo senhor que me passou informações quando pisei no Rio Grande do Sul pela primeira vez.

- Não, é com o celular mesmo. – Ele franziu o cenho. – É que tá descarregando... Ah, descarregou. – Guardei o aparelho no bolso.

- Está de partida?

- Sim. Hora de voltar pra casa.

- Parece infeliz.

Suspirei alto e desconsoladamente.

- E estou. Será que esse ônibus vai pra Rodoviária? – Perguntei, vendo um ônibus se aproximar do ponto.

- Sim. É o ponto final.

- Obrigada.

- Boa viagem.

Entrei no ônibus, tirei o dinheiro da passagem e rodei a catraca me sentando no banco mais próximo da porta. No momento em que o motorista deu partida eu tive que respirar fundo pra segurar a vontade de chorar alto. Deu vontade de largar tudo e sair correndo até Lennon e implorar 1 milhão de vezes pra ele me perdoar. Tive medo de vir pra cá e agora estou com medo de voltar.

“Tu é minha, inegavelmente minha.” “Não se esqueça disso nunca, não importa o que aconteça”.

Lembrei-me de suas palavras e sorri diante de tantas lágrimas. Aliás, pra gente lembrar, tem que no mínimo esquecer. E eu nunca me esqueci dos

momentos que vivemos.

- Eu não vou esquecer. – Murmurei como se estivesse na revivendo uma de nossas várias cenas juntos. – Não vou esquecer. – Repeti até cair num sono tranquilo.

(...)

Em São Paulo...

- Tive um sonho estranho com a Isabel.

- Que sonho?

Duas garotas estavam sentadas tomando sorvete na escadaria da escola Pinot II. Era 9h30 da manhã e o sol escaldante tomava conta da cidade de São Paulo, obrigando aos alunos a se refrescarem da forma que podiam. Rafaela mexeu no longo cabelo castanho e fitou a amiga Iasmin posicionada ao seu lado.

- Sonhei com ela andando sozinha na rua, sabe? Ela estava com um vestido branco, cabelo solto... Bem coisa de filme de terror. Estranho.

- Credo, Faela. – Iasmin fez o sinal da cruz. – Ela não ligou mais né?

- Não. Liguei pra ela faz umas 2 horas, caiu na caixa postal.

- Estou com saudades dela.

- Eu também.

Rafaela se levantou e fitou Iasmin. Sabia que estava acontecendo algo errado com Isabel, mas não sabia o que e nem como ajudar. Não tinha o número da casa que ela estava. Não sabia endereço e nada. Sentia sua preocupação aumentar a cada instante.

- Vamos pra casa. Ninguém vai dar por nossa falta mesmo. – Rafaela disse a amiga que ficou de pé no mesmo instante. As duas pegaram suas mochilas e seguiram pros fundos da escola. Iasmin fez cadeirinha para Rafaela pular o muro. Como era pequena e ágil, não precisava de ajuda. Já do outro lado do muro, as duas marcharam lentamente até a praça da vila.

- Vou comprar água. – Avisou Iasmin, indo até a lanchonete que ficava de frente a praça. O local era o point dos alunos rebeldes do colégio Pinot. – Oi tia binha!! Me vê duas garrafinhas de água, por favor!

- Tá meio quente a água, Iasmin. – “Tia binha” era o apelido da dona da lanchonete, uma mineira de 65 anos conhecida por ser a melhor vendedora de pastel da região da Vila Mariana.

- Pow tia, um calor infernal desses e a senhora vendendo água quente??

- Coloquei agora pouco no freezer. Vou ver se acho alguma aqui. – Iasmin assentiu e a mulher entrou na cozinha da lanchonete.

“E no Rio Grande do Sul, o ônibus 146 com destino a Rodoviária de Porto Alegre tombou hoje às 8h15 da manhã na Estrada que fazia ligação pro Paraná. Até o momento há 5 mortos e 15 feridos.”

A notícia chamou a atenção de Iasmin. Ela se aproximou da televisão em cima da bancada e continuou ouvindo a repórter anunciar a notícia. A câmera passava pelo local onde o ônibus estava tombado e mostrava rapidamente alguns feridos.

- Não... – Uma garota estava sendo socorrida por dois bombeiros. Ela estava desmaiada, o corpo banhado de sangue e muita sujeira, os cabelos negros cobriam-lhe o rosto. A boca de Iasmin se abriu em espanto ao reconhecê-la. O gosto amargo do horror e choque tomaram conta dela. Um grito formou-se em sua garganta e ela o soltou.

A garota era Isabel.

___________________________________________________________

To me sentindo só um pouco má KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Oi meus amores <3 como prometi, aí estão as postagens de W.A.Y. Gente, o próximo capítulo está dividido em muitas partes, então é capaz que a história vire pra 15 capítulos. Creio eu que não passe disso.

Seria bom alguém comentar pra eu saber como estou me saindo, né? u_u

Bom, agora só posto depois do ano-novo. E aproveitando, deixo meus votos de felicidade e paz nessa entrada de 2013. Vocês são demais!

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 29/12/2012
Reeditado em 13/01/2014
Código do texto: T4059053
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.