Nariz de vidro, de Mário Quintana em http://passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/n/nariz_de_vidro

MODERNA EDITORA - INFANTO-JUVENIS - LITERATURA JUVENIL

COMENTÁRIO de joseboscolpp@bol.com.br

Gostei de Bilhete. O formato apropriado pelo eu lírico nos mergulha na liricidade de bilhetes possíveis em que o ser amado está designado pelo "Se tu me amas, ama-me baixinho..."

No discreto amar, eu-tu tem um pacto semelhante ao provérbio judeu-cristão e bíblico: "Não o grites de cima dos telhados..."

E o modesto amor se assemelha a presença dos passarinhos e a paz interior de quem tem a certeza de "que a vida é breve, e o amor é mais breve ainda..."

Essa constatação epicurista (talvez) endossa a atitude de quem só tem o momento de aqui e agora para amar sem alarde e degustar os efeitos do amor, não o prazer, mas a paz entre Tu-Eu no devagarinho do cotidiano.

A instantaneidade do amor não é um tratado filosófico, mas um ensaio de comunicabilidade e simplicidade comovente e frágil, que não comporta ruídos, shows, estardalhaços... O bilhete antigamente, hoje um e-mail pode fazer a diferença para quem ama... Para quem entende, pinto é letra: para quem cuida, amar é a regra maior. "Quem ama saiu de Deus, porque Deus é amor." Amor é gratuidade, sinceridade, simplicidade, honestidade, paz... serenidade, sim, isso é o que Mário Quintana identificava na comunicação dos amantes, enamorados e apaixonados... de todos os tempos.

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FONTE: http://www.olivreiro.com.br/livros/83274-nariz-de-vidro

Pequenos flashes da natureza, uma cena do cotidiano, um relato de amor-criança, estes poemas encantam adolescentes e adultos. Muita delicadeza, lirismo e nostalgia são as marcas desta coletânea, que traz para a sala de aula um autor consagrado, que merece ser conhecido por todos os brasileiros. Temas como a amizade, o amor...

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FONTE: http://passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/n/nariz_de_vidro

Em um dos maiores exemplos de sensibilidade poética, Mario Quintana apresenta o amor de criança e as imagens da infância em uma coleção de poemas selecionados por Mary Weiss e publicados em 1984.

A moça do arame, equilibrando a sobrinha, perturba o menino. Uma flor nasce, curiosa e ingênua. Um idiota da aldeia tem um surrão todo de penas cheio e a aia despetala estrelas para embalar o sono do reizinho, enquanto um anjo, todo molhado, soluça no seu flautim. Assim são os poemas da obra Nariz de vidro:

pássaros que chegam

não se sabe de onde e pousam

no livro que lês

Quando fechas o livro, eles alçam vôo

como de um alçapão.

Os textos de Mário Quintana tematizam a vida, fazendo reflexões sobre seu significado. Pequenos flashs da natureza, uma cena do cotidiano, um relato de amor-criança, esses poemas encantam adolescentes e adultos. Muita delicadeza, lirismo e nostalgia são as marcas dessa coletânea.

Poemas escolhidos

O POEMA

Um poema como um gole d’água bebido no escuro.

Como um pobre animal palpitando ferido.

Como pequenina moeda de prata perdida para

[Sempre na floresta noturna.

Triste.

Solitário.

Único.

Ferido de mortal beleza.

RECORDO AINDA...

Recordo ainda ... E nada mais me importa...

Aqueles dias de uma luz tão mansa

Que me deixavam, sempre, de lembrança,

Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança

Soprando cinzas pela noite mortal!

E eu pendurei na galharia torta

Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada fora após segui... Mas, ai,

Embora idade e senso eu aparente,

Não vos iluda o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!

Sou um pobre menino... acreditai...

Que envelheceu, um dia, de repente!...

O CIRCO O MENINO A VIDA

A moça do arame

Equilibrando a sombrinha

Era de uma beleza instantânea e fulgurante!

A moça do arame ia deslizando e despindo-se.

Lentamente.

Só para judiar.

E eu com os olhos cada vez mais arregalados

Até parecerem dois pires:

Meu tio dizia:

“bobo!”

Não sabes

Que elas sempre trazem uma roupa de malha por baixo?

(Naqueles voluptuosos tempos não havia nem maiôs nem biquínis...)

Sim! Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos virgens

Segredava-me

Sempre:

“Quem sabe?”

Eu tinha oito anos e sabia esperar.

Agora não sei esperar mais nada

Desta nem da outra vida.

No entanto

O menino

(que não sei como insiste em não morrer em mim)

ainda e sempre

apesar de tudo

apesar de todas as desesperanças,

o menino

às vezes segreda-me baixinho

“Titio, que sabe?...”

Ah, meu Deus, essas crianças!

INSCRIÇÃO PARA UMA BARREIRA

A vida é um incêndio: nela

Dançamos, salamandras mágicas.

Que importa restarem cinzas

Se a chama foi bela e alta?

Em meio aos toros que desabam,

Cantemos a canção da vida,

Na própria luz consumida...

A GENTE AINDA NÃO SABIA

A gente ainda não sabia que a Terra era redonda.

E pensava-se que nalgum lugar, muito longe,

Deveria haver num velho poste uma tabuleta qualquer

— uma tabuleta meio torta

E onde se lia, em letras rústicas: FIM DO MUNDO.

Ah! Depois nos ensinaram que o mundo não tem fim

E não havia remédio senão irmos andando às tontas

Como formigas na casca de uma laranja.

Como era possível, como era possível, meu Deus,

Viver naquela confusão?

Foi por isso que estabelecemos uma porção de fins de mundo...