UM BOM CHURRASCO
Estávamos num bom churrasco e surgiu um bom papo com pessoas até então estranhas, que rapidamente, passaram-se a íntimas, a conversa se desenrolava sobre o bom e formal português. Assunto interessante para acadêmicos e não para os cachaceiros de plantão, que ora se reunira para passarem um tarde agradável, e não se imaginaria que o papo seria sobre regras gramaticais e não sobre como se assar uma carne ou qual a melhor cerveja, conversa muito comum nessas ocasiões.
Como é de costume também nesses encontros ter belas mulheres e nesse não foi diferente, tinha ali mulheres bonitas, porém, uma chamou-lhe mais a atenção, pois das belas, ela colocava-se em destaque e que por ironia do destino se chamava Isa-bela, sim, não era qualquer Isa, era mesmo Isabela. Inspirado por essa Bela o papo fluía, a cerveja descia, a carne aquecia e o desejo nascia, nos olhos e na pele branca com pequenas tatuagens que não as decifrei, porque o que eu tentava decifrar era seu olhar claro e límpido, entretanto, obscuro, porque aquelas alturas entre um pedaço de carne, um copo de cerveja e a atenção dos expectadores, que na verdade, já não se notava que ali estavam , só se percebia que você prestava atenção nela, falava-se tanto no bom e formal Português, que se olhava para ela, queria-se dizer algo além, mas percebera que o assunto tanto lhe interessava que o melhor era não quebrar o encanto, que se percebia na atenção direcionada do seu olhar, olhar hipnotizante que trazia, não sei se da mente ou do coração tanta conversa. Falava-se, ela ouvia, mas não sei se o próprio se ouvia, o que importava ali era continuar mantendo-a com os olhos em você e assim foi. Nada além foi dito. Calar-se diante do indecifrável é deixar que sua mente mantenha todas as palavras não ditas quietas dentro do coração, aquecendo com um bom pedaço de carne, esperando o momento de sair da churrasqueira. Pessoas saem, pessoas chegam e o churrasco de um período de papo formal acabou, para dar lugar ao velho e bom churrasco de pessoas rindo, falando bobagens o que é peculiar para esses dias. Então, percebe-se que não há receitas para um churrasco ser divertido, pode ele ter conversas sérias e formais, que tudo acontece da mesma forma, as pessoas interagem, a churrasqueira continua a assar a carne e você né gelo, que papel importante, mantendo nossa cerveja gelada, molhando nossas gargantas sempre sedentas e insaciáveis diante desse líquido refrescante, que abranda até o sol que nos queimava a pele. E olha! O astro rei nesse dia estava como toda majestade deve ser, forte e brilhante no seu altar. Para sorte de todos não era só a cerveja que nos abrandava, tínhamos a nossa disposição uma piscina de água límpida e refrescante, que até Netuno se instaria ali com toda sua bagagem. E a parte ruim não poderia deixar de ter, e teve, o dia acabou, calor do sol foi abrando junto com as brasas da churrasqueira, o nosso querido gelo, já Amolecendo de cansado, não conseguia manter nossa bebida tão gelada, as pessoas se despediam com o tom de “vamos marcar outro”. E assim foi um bom dia, de um bom churrasco com boas pessoas, que poderia esperar a gente acabar antes que ele acabasse.