Apenas um teste

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O entardecer tingia o dia claro e límpido, presenteando-o com um vermelho vivo. As poucas nuvens tinham migrado ou se dissipado e apenas uma lua translúcida permanecia melancólica no espaço. Será que a noite seria tão calma assim? Será que ela poderia camuflar as ações de um ladrão novo em sua arte? Veremos.

Na cidade, o cinza das construções se mostrava sem vida, e as casas estavam com suas portas e janelas fechadas. O silêncio mórbido não seria quebrantado... Ou pelo menos os habitantes pensavam isso.

- Eu estou chegando! Acorde cidade, acorde! Pois o homem mais esperto de Verena chegou! - A voz pegava carona na brisa vespertina: totalmente altiva, exaltando o espírito da juventude.

O sacolejar da carruagem era infinito, e levantava poeira na estrada de terra.

Aquele que conduzia a carruagem tinha feições velhas, cujas bochechas eram rechonchudas e os olhos miúdos e castanhos; vestia-se com roupa simples, marron clara e colete mais escuro; cabelos ralos na cabeça. E ao soar da voz estridente do garoto às suas costas, envergado sobre a pequena janelinha de tábuas finas, remexera-se automaticamente, levando a mão esquerda para o ouvido.

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- Acalme-se, Leen, a cidade precisa acordar, já está anoitecendo. A noite, pelo menos, tem que ser movimentada. Que cidade pacata! - Bufou Travis, encostando o queixo na palma da mão direita, que por sua vez usava a janela como base.

- "T", Verena é assim mesmo. Você vai ver que foi uma péssima escolha nós termos vindo para cá. - Respondeu Leen, o braço direito de "T".

- Hmpf! - Suspirou, os olhos semi-cerrando, perdendo o fulgor que tinham quando se aproximava da cidade. Fez biquinho e afastou-se da janela, desaparecendo na pequena forma da parte de trás da carruagem.

- "T", deixe de besteira, aqui tem muitas pessoas ricas, basta você fazer amizade. - Deu duas batidinhas na madeira atrás de si, balbuciando.

- Pessoas Ricas?! - Voltou-se como um raio, e os dentes destacaram-se amarelados por entre os lábios finos e largos. Os olhos arregalaram-se, reluzindo como prata sob a luz do luar.

- É claro que sim. Mas teremos que tomar cuidado com o Xerife, ele é um homem esperto. Fale mais baixo. - Leen parava a carruagem em frente a um estábulo, tendo percorrido um pouco da cidade tão silenciosa. Mesmo que tivessem escutado a conversa, a probabilidade de terem escutado tudo era muito pequena, e eles não ligaram, simplesmente desamarram os cavalos e os deixaram dentro do estábulo, com a carruagem lá fora, sem as rédeas: abaixada e solitária.

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Esperto? Eu sou esperto! Manda ele vir, que eu tenho algumas coisinhas para ele. Sorriu vitorioso, fechando os olhos e tirando uma trouxa de roupas da carruagem, jogando-a por sobre o ombro esquerdo.

- "T", você não deveria... - Retrucou Leen, sentindo que algo de errado ia acontecer. O pressentimento que marcaria o encontro da cara e da coroa, pois neste instante, ouviu-se o assobio de um homem implacável e assustador...

- Não deveria mesmo, pequeno fedelho, pequeno ser de terras inférteis. Fala tão alto, que a cidade toda deve ter acordado ante os seus gritos. - Um sujeito de manto preto, com uma cartola preta sobre a cabeça, olhos negros, feições cômicas, com barba rala.

Travis usava as mesmas roupas que Leen, mas seus cabelos eram castanho-claros e bem cortados. Os olhos eram cor de mel e a pele branca, queimada de sol. Usava luvas marrons e botas de couro de mesma cor.

- Hehe! - Coçou a cabeça, e as feições ganharam o leve toque da culpa e da esperteza. - Eu sou mais esperto, não tenho culpa! Mas isso não quer dizer que o senhor não possa ser tão esperto quanto. Me desculpe o alvoroço. -

O Xerife; sim, era ele. Escutou com atenção cada palavra que Travis proferira, coçando seu queixo com os dedos indicador e polegar, os olhos atentos, repletos de malícia.

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