O Preço de uma Estrela (Capítulos 69 e 70)

CAPÍTULO 69: PASSAM OS DIAS

Leandro e Marcos dormiram no meu apartamento novamente, entrando e saindo como da última vez. A diferença foi que o Sandret estava mais legal. Ajudou no jantar, contando sobre Los Angeles, já que meu amigo ficava perguntando sobre tudo. Me desejou boa noite, na hora que foi para o quarto junto com seu companheiro. E na manhã seguinte, depois de voltar da padaria e de tomarmos café, se despediu de mim, na hora de ir embora.

Outra pessoa! Marcos, para mim, é outra pessoa.

Esta semana temos feito muitas coisas juntos e para minha felicidade, e resultado do plano, matérias sobre a gente, com títulos como "Amizade Colorida", está rolando na internet.

Marcos me levou para almoçar. Fomos à praia juntos, e eu dei a ideia de ele me ensinar a surfar, o que foi muito engraçado e caímos na gargalhada com meus tombos. Fomos jantar em um restaurante bonito e romântico. Passeamos no shopping. Fomos ao cinema. Ele foi flagrado saindo de manhã do meu prédio umas três vezes na semana, a quantidade de vezes que ele dormiu com o Leandro aqui. Enfim, fizemos várias coisas, todas no tempo de folga dos meus ensaios e das gravações dele.

Marcos está gravando cenas do filme "Auto de um Mendigo", no qual ele será um mendigo amigo do protagonista. Eu, mesmo tendo ensaiado poucas vezes como Catilde, estou contente com os rumos do plano, sentindo um fogo em mim que me deixa otimista.

Nesse tempo com o Sandret, sem brigas sérias, apenas discussões bobinhas, com direito a um afetuoso soquinho no braço dele, pois ele é muito idiota as vezes e fica ironizando as coias, eu pude perceber que ele é uma pessoa legal. Acho que posso até dizer que tenho um carinho por ele.

CAPÍTULO 70: OS VENTOS SOPRAM A MEU FAVOR

"Você vai fazer algo com o meu amor hoje?"

- Não. Hoje ele vai gravar até dez da noite e eu vou ficar no teatro até as cinco. Amanhã, que eu estou de folga e ele sai as duas da tarde, é que vamos assistir o novo filme da Susana Moreira.

"Nossa, você está sabendo mais dele do que eu!"

Uau! Tom sério! Mas é verdade. Agora, ouvindo o Leandro falar é que percebi: eu e o Marcos estamos passando mais tempo juntos, do que ele e o Leandro.

- Ah, Le,....Que isso?! Você sabe, né?

"Rsrsrsr. Estou brincando, tolinha. É claro que eu entendo. E eu já te disse que não tenho ciúmes de você com meu amor. Ele jamais teria algo com você. Eu sei disso."

Ufa!

- Rsrsrs. Por um momento eu pensei que você estava falando sério.

"Não. Mas, mesmo assim, eu espero que na próxima semana, eu e ele fiquemos mais juntos. O ruim é que somente podemos ficar juntos na sua casa. Não podemos sair para nos divertir ao ar livre."

- Ah. Então, por que não saímos nós três juntos? Vamos a praia!

"Será que é bom isso?"

- Acho que dará certo. Eu e o Marcos saindo com nosso amigo. Não tem problema nisso, nem insinuação de nada. Você não concorda?

"É! Pode ser! Acho que dará certo mesmo. Só existe o problema do meu trabalho. Sabe, né? Eu trabalho no shopping e..."

Eu estava escondida no camarim, na pausa para o lanche, falando com Leandro pelo celular, quando uma das figurantes abriu a porta, chamando pelo meu nome. Tampei a boca do telefone, deixando Leandro continuar a falar, e sai de trás dos figurinos que se encontravam penduradas em uma arara estante cabideiro.

- Liani?! Eu te procurei em tudo quanto é lugar.

- O que aconteceu? Você parece aflita.

- Gabriel está te chamando urgentemente.

- Você sabe o que ele quer?

- Não, mas pelo que está se espalhando pelo teatro são notícias ótimas para ti.

Achei estranho, mas não me deixei abater. Dei um sorriso sem mostrar os dentes e acompanhei a figurante pelo corredor até a sala do Gabriel.

No caminho, eu voltei a falar com o Leandro, que já estava nervoso por não ouvir resposta do outro lado da linha, e expliquei o que tinha acontecido, me despedindo rapidamente.

Cheguei em casa onze horas da noite. Bem mais tarde do que eu achava que iria chegar. No entanto, isso não me chateou, muito menos me deixou estressada ou cansada. A felicidade que me tomava era maior que qualquer outro sentimento que eu podia sentir agora. Recebi a melhor notícia que o Gabriel podia me dar no momento: viverei a Catilde no espetáculo.