O Preço de uma Estrela (Capítulos 58 e 59)

CAPÍTULO 58: COELHO UM

No outro dia eu acordei com um barulho na cozinha. Leandro estava somente de bermuda fazendo um suco para o café da manhã.

- Desculpa eu ter te acordado.

- Não, não se preocupe. Que horas...Uhaaaá!...Que horas são?

- Eeeee sono! Rsrs. São nove horas.

- Beleza.

Levantei do sofá, fui ao banheiro, tomei banho para despertar e depois me arrumei com uma saia, uma blusa e chinelos.

- Prontinho, estou desperta e com fome.

- Estou terminando o café. Fiz suco e encontrei umas bolachas no armário.

- Cadê o seu amado?

- O Marcos saiu. Foi à padaria. Disse que estava com vontade de tomar achocolatado, então foi comprar as coisas para fazer.

- Ah.

- Todo dia que ele dorme em um lugar que não seja a casa dele, ele acorda com vontade de comer ou beber algo?

- Sério? Que estranho.

- É e ele nem sabe o motivo. Rsrs.

- Rsrs.

Eu sabia que ele era estranho, mas nem tanto. Rsrsrs.

- E aí? Dormiram bem?

- Nem tanto.

- Por quê?

- Sei lá. A gente meio que discutiu e acabamos dormindo nervosos.

Dormi feito uma pedra, pois não ouvi nenhuma discussão vindo do quarto.

- E por que discutiram?

- O Marcos estava bravo, estranho, perguntei várias vezes o por que, mas ele não me disse. Daí eu perdi a paciência e discuti com ele e ficamos sem se falar.

- E ainda não estão se falando?

- Não. Agora de manhã, quando acordamos, nós fizemos as pazes, mesmo ele não me dizendo o motivo de estar bravo na noite passada. Ah, também isso vive acontecendo entre a gente.

- Ah!

Estranho! "Vive acontecendo"? Não é de se estranhar que ninguém consegue ficar perto do Marcos sem querer discutir com ele, por causa de seu jeito idiota, mas o Leandro era a última pessoa em quem eu pensaria que viveria discutindo com o Sandret. Ele o ama muito.

- Quer saber? Mesmo com a discussãozinha e eu ter dormido nervoso, tudo isso compensou. Fazia muito tempo que eu e o Marcos não dormíamos em uma cama juntos. Acordar de manhã e o ver do meu lado, já compensou tudo. Obrigado Li!

Sorri para o Leandro, pelo menos meu plano deu certo. Não do jeito que eu imaginei, mas deu.

CAPÍTULO 59: COELHO DOIS

A porta se abriu e um Marcos, com algumas sacolas, entrou no apartamento. Ele passou pela cozinha e colocou o que comprara em cima do balcão. Estava de shorts, camiseta, chinelos e um óculos escuro, típico de famoso.

- Você quer o achocolatado quente ou frio?

- Morno.

- Tudo bem.

Sinto um clima estranho aqui! Que chaaaato! Mesmo assim preciso saber.

- Alguém te viu?

Marcos nem me olhou, somente pegou algumas bolachas que estavam próximas de mim. Pensei que ele fosse me ignorar, como das outras vezes, mas não, depois que comeu uma bolacha ele me respondeu, num tom de desinteresse, com sua voz séria e, também, encantadora.

- Sim.

- Quem?

- Paparazzi.

- Onde?

Marcos mordeu outra bolacha e ainda em tom de desinteresse pelo assunto, ele respondeu.

- Na frente do prédio e na padaria.

- Hummm! Isso é ótimo, não é?

Aí sim, Marcos não respondeu, apenas me olhou.

- Espero que não me vejam na hora que a gente for embora.

- É só você se esconder novamente, Le.

Respondi rapidamente ao Leandro e voltei com mais perguntas para o Marcos, ignorando seu desinteresse.

- Mas como eles souberam? Ontem, quando vocês entraram, tinham paparazzi na frente do prédio?

- Não, garota, não tinham. Mas não era isso que você queria? Que me fotografassem saindo daqui, para que a mídia falasse da gente? Que estamos juntos?

- Era.

- Então sem mais perguntas, ok? Os paparazzi dão seus jeitos para conseguirem a melhor foto de algum famoso para vender.

- Certo. Eu só gostaria de saber se alguém que conhecemos falou para eles. Tipo uma Penélope. Ela sabia que você viria para cá, não sabia?

- Então seja direta. Pergunte logo o que quer.

- Marcos!

Sandret olhou para o Leandro, comeu mais algumas bolachas e saiu da cozinha, indo se sentar no sofá da sala.

Depois de acompanhar o Marcos com o olhar, Leandro se voltou para mim.

- Li, pelo pouco que eu conheço da Penélope, ela não delataria o Marcos para os paparazzi. Pelo menos não agora, enquanto ela nem te conhece, não sabendo o quanto você pode ser boa ou ruim para a imagem dele. Os paparazzi dão sempre um jeito para conseguir uma boa foto e esta região do Rio, vive cercada deles, pois é onde moram alguns famosos. Se esqueceu que o apartamento do Marcos está há algumas ruas daqui?

- É, você tem razão. Eu só estou com medo que algo saia errado. Que alguém saiba de algo. Isso pode me prejudica. E a vocês também.

- Não se preocupe com isso. Você precisa se preocupar em não dar nenhuma vacilada agora, pois eles já devem saber que é você quem mora aqui.

- É.

Ouvindo o Leandro, me passou algo pela cabeça, o que eu coloquei em prática assim que Marcos e Leandro saíram do apartamento, somente para confirma aos paparazzi que Marcos veio ME visitar.

- Tchau Li, obrigado de novo.

- Que isso! Tchau.

Depois de tomarmos café, em silêncio, Leandro e Sandret foram embora. O Le veio se despedir, mas o Marcos já estava na porta e nem se quer olhou na minha direção quando saiu. Provavelmente, dormir aqui não acontecerá de novo. Esta foi a primeira vez e última.

Assim que meus "convidados" saíram, esperei um tempinho e fui até a janela olhar o carro sair do prédio. Não dava para ver nada dentro do porsche, mas eu fiquei ali, esperando-o virar a esquina e percebi, com o rabo do olho, um dos paparazzi, na frente do prédio, apontando a máquina fotográfica para cima, na minha direção.