[Original] We Are Young - Capítulo 9 - Parte 1
Capítulo 9 - O sumiço e a ligação. - Parte 1
Alguns dias depois...
O concurso em Gramado era amanhã, sábado, às 20h00. O produtor do concurso me ligou cedo, passou algumas orientações e pedira também que não nos atrasássemos. Já calculei o tempo de viagem, e estava tudo tranquilo. Eu já tinha prometido a mim mesmo que não ficaria tão ansioso, mesmo que isso fosse muito, mais muito difícil. Demétri me mandara sms avisando que chegaria um pouco atrasado para o último ensaio, Emerson estava a caminho. Lucas, que não era parte da banda, mas estava se tornando praticamente um, ajudava Isabel a arrumar os instrumentos na casa da nona. Nós todos dormiríamos lá essa noite.
E falando nela... Nós estávamos muito bem. Depois de eu ter contado toda a história de Verônica, Isabel parecia muito mais confiante com meus sentimentos. Claro que a aliança símbolo do meu relacionamento com Bruna a incomodava, mesmo eu tendo parado de usa-la. Às vezes ela ameaçava tacar a aliança na privada, ai eu tinha que acalma-la.
- Preciso terminar esse noivado o quanto antes. – Murmurei a mim mesmo subindo as escadas rumo ao meu quarto. Entrei e ouvi meu celular tocar e o procurei dentro do meu guarda-roupa. Quando achei, uma SMS de meu irmão piscava no visor.
“Leite, eu e a Bel terminamos as coisas por aqui, já estávamos voltando.
E ah, tu tem que ir no extra, cabo a comida da casa da nona.”
- Ah. Bem lembrado, Lucas. Quando Isabel chegar vou com ela no mercado. - Franzi o cenho ao perceber que estava novamente falando sozinho. – Tenho que parar com isso.
Observei meu celular novamente. Fazia um tempão que eu não falava com a Bruna e nem ela comigo. O que era ainda mais esquisito, pois, ela jamais deixava de manter contato. Como eu já estava planejando dar um fim ao nosso “maravilhoso” relacionamento, resolvi ligar pra ela.
Disquei os números, chamou, chamou e por fim caiu na caixa postal. Vou mandar mensagem então:
“Oi Bru. Precisamos conversar, quando puder, me ligue.”
Isabel Longhi
- Chegamossssssss! – Lucas gritou, entrando na sala de sua casa. – Ow Leite, me diz pelo o amor de Deus que tu fez algo pra comermos!!
Lennon saiu da cozinha com uma panela cinza em mãos. Dentro da panela tinha uma colher.
- Acabei de fazer brigadeiro. Já, já vou no Extra.
- Passa isso aqui, colega. – Lucas quase voou até o irmão a panela e não se importou em pegar colher. – Porra, tá quente!
- Qual é a parte do “acabei de fazer” que tu não entendeu? – Lennon perguntou ao irmão, mas olhando fixamente para mim. Eu roubei a colher da mão dele e comi o chocolate que ainda tinha. – Vamos no mercado, Bel?
- Bora. – Eu disse, dando um selinho rápido com gosto de chocolate nele.
- Oh, eu quero dois salgadinho. – Lucas pedira. Seu irmão revirou os olhos. – Para ow. Tu sabe o que eu peço sempre.
- Dois Doritos, Pepsi e Passatempo. – Respondeu o outro roboticamente.
- Nossa, que bebezão. – Zoei, indo até Lucas e segurando suas bochechas como se ele fosse um neném. – Quer toddynho e um bolinho Maria também?
Lennon riu alto.
- Ah, cala a boca, Isabesta. Não demorem!
- Vamos!
(...)
Chegamos a pé no mercado que estava super cheio, pudera, em pleno dia 5 todos queriam abastecer suas casas.
- Nem te contei né. – Lennon estava comandando o carrinho, que ate o momento não tinha nada. – Vou terminar com a Bruna.
Eu fiquei imóvel no meio do corredor de enlatados.
- Sério?
- Bah! Claro que é. Liguei e tal, mas ela não atendeu.
- Daí você mandou SMS né?
- Mandei. Acho que hoje a noite ela responde.
Travei o carrinho, fazendo Lennon se assustar. Calmamente, puxei sua mão direita e tirei a aliança de seu dedo anelar.
- Isabel... – Disse ele, com temor. – Não faz...! – Arremessei a aliança por cima da prateleira com toda a minha força. – isso...
- Já fiz. – Sorri suavemente. Se eu soubesse que era tão bom fazer isso, teria feito antes.
- Era de ouro, nós poderíamos ter vendido! – Eu dei de ombros. Não ia querer dinheiro vindo da venda de uma aliança. Ainda mais “daquela” aliança.
- A pessoa que encontrar fará um bom dinheiro com ela. Vamos!!
(...)
- Tu parece dono de casa. –Eu disse, pegando os lanchinhos do Lucas bebezão no corredor de guloseimas. – Sério!
- Sorte da mulher que casar comigo. – Ele me olhou por canto de olho e piscou.
Ai senhor. Respira Isabel.
- Claro. – Concordei irônica. - Sorte mesmo. Vai aguentar suas crises de grosseria.
- Ahhhhh, claro. Eu tenho crise grosseria e tu de paranoia. – Retrucou Lennon.
- Ué, é comigo que tu vai casar? – Paramos no meio do corredor. Ele ficou um tempo em silêncio antes de me responder.
- Eu não quis dizer isso.
- No entanto você disse. – Ele largou o carrinho e me deu um abraço apertado. – Ai!
- Tu me tira do sério guria. – Sorri em vitória e o beijei com ternura.
- Quero uma aliança com brilhante, ok?
- Rá, rá,rá. – Disse, pausadamente. – Sonha.
- Muquirana. – Me afastei, cruzando os braços. Ele riu e me deu um tapa na bunda. Um tempo depois, onde o carrinho estava totalmente lotado, nós seguimos para o caixa.
- Merda. – Ouvi Lennon exclamar quando paramos na fila atrás de um casal de velhinhos. Eu segui seu olhar e ao ver aquela diaba loira namorada de Emerson, soltei um muxoxo.
Eu não gosto dela. Sério. Preciso conversar com meu amigo e abrir os olhos dele sobre essa Rose. Ela estava com duas meninas (também loiras), que apontaram com a cabeça para Lennon. Eu arqueei a sobrancelha pra ele e olhei o galinheiro loiro. Rose então nos viu e seu queixo caiu, surpresa.
- Ah, não me lance esse olhar interrogativo, Isabel Longhi. – Resmungou o gaúcho.
- Depois eu sou a paranoica, né?
- Meu Deus... – Ele bateu a mão na testa, lamentando eu realmente não sei o que.
As amigas de Rose continuaram comendo Lennon com os olhos. Ele não correspondeu, estava mais preocupado comigo e meus pensamentos.
- É complicado ter um homem tão gostoso ao lado. – Murmurei num tom de ironia. – Sério. Já basta enquanto estávamos vindo pra cá uma porrada de mulher te olhando e agora isso.
- Vou usar aquelas roupas de padre pra sair contigo.
- Não será de todo mal.
- Eu estava brincando. – Ele segurou meu queixo e depositou um selinho demorado em meus lábios. – Respira guria.
Aquela Rose nos olhara novamente, só que dessa vez, sorrira com maldade. Desviei o olhar para o casal de idosos a nossa frente na fila.
- Não gostei do sorrisinho dela. – Comentei com Lennon.
- Eu também não.