A PRINCESA SACHA
A bela princesa Sacha completava dezoito anos e conforme era o hábito naquele lugar o Rei ofereceu uma grande festa para apresentar a ela e aos convidados o príncipe Seury que desde há muito estava decidido que seria o seu esposo.
Sacha estava apaixonada por um plebeu com o qual se encontrava às escondidas do pai e a esperança de que um dia ele pudesse ser aceito pelo Rei desvanecia-se. Por isso a grande festa oferecida pelo pai não a agradava
Na primeira conversa dos noivos a sós, Seury contou a Sacha que estava apaixonado por uma moça lá da sua terra e que só não se casava com ela porque o pai queria que ele honrasse o compromisso assumido entre os dois reis há muito tempo. Achou que devia contar-lhe para que ela compreendesse porque não podia dar-lhe todo o amor que ela merecia e que naturalmente esperava dele.
Sacha não se magoou com a sinceridade do noivo, pelo contrário, ficou feliz em saber que tinha nele, senão um noivo, um aliado ao qual confiou seu segredo e juntos combinaram um estratagema para adiar a cerimônia até que encontrassem uma maneira de mudar a situação.
A pedido de Sacha, Seury procurou por Natálio e combinaram que sempre que os noivos saíssem juntos a passeio o encontrariam.
Assim, Natalio e Sacha puderam namorar e cada vez mais os dois se apaixonaram e decidiram que fariam qualquer coisa para ficarem juntos.
Decidiram então que Seury fingiria que descobrira a traição de Sacha tendo assim um bom motivo para romper o compromisso e Sacha contava com a benevolência do pai que, passado o primeiro impacto acabaria por concordar com seu casamento, pois até então nunca lhe negara nada.
Mas as coisas não foram tão fáceis assim. O rei ficou furioso com o vexame que a filha lhe fizera passar e naturalmente descarregou toda sua ira no Natálio. Não pensou duas vezes para mandar matá-lo e jogá-lo no mar.
Sacha ficou muito triste. O pai, satisfeita sua vingança, cumulou-a de carinhos, mas ela nunca mais sequer esboçou um sorriso.
Com a tristeza da princesa, todo o reino se fez mais triste. Os jardins do palácio estavam melancólicos, as flores não desabrochavam como antes e nem os passarinhos enchiam os ares com seu alegre gorjeio.
Era como se a própria natureza comungasse com a dor da jovem princesa.
Desesperado, o rei prometeu um grande premio para quem conseguisse faze-la novamente sorrir.
Apareceram concorrentes de toda a espécie. Palhaços, pessoas eximias em contar anedotas, mas ninguém conseguia arrancar-lhe sequer um leve sorriso.
Desesperado o rei jogou uma ultima cartada.
Ele a daria em casamento a quem conseguisse alegrá-la.
A rapaziada acorreu esperançosa. Sacha era uma princesa, linda, o pai riquíssimo, um partidão!
Mas, qual! Sacha não reagia aos inúmeros estratagemas dos candidatos.
Até que um dia, um modesto camponês se apresentou.
O rei já desesperançado deixou-o fazer sua tentativa, e, quando o viu, a princesa abriu o mais largo e belo sorriso de toda sua vida.
— Natálio! Você não morreu! Não o mataram conforme meu pai ordenou?
— Fui jogado ainda vivo ao mar e consegui me salvar.
O rei, ao mesmo tempo, surpreso e feliz por seu condenado estar ali, vivo devolvendo a felicidade a sua filha, arrependeu-se de sua crueldade e deu graças a Deus por tudo ter acabado bem.
E, novamente floriram os jardins, os pássaros retornaram e Sacha e Natálio foram felizes para sempre.