Sete Coisas

SETE COISAS QUE EU ODEIO EM VOCÊ

Estava tão distraída pela manhã que, a caminho da biblioteca, esbarrei em Diego, derrubando a pilha de livros que eu pretendia devolver. Eu teria revirado os olhos, se a culpa não fosse toda minha.

- Desculpe – murmurei, me abaixando para junta-los. Diego se abaixou e começou a me ajudar.

- Sem problema. – estranhamente, ele sorriu enquanto me entregava o último livro. – Só preste mais atenção por onde anda, ou a próxima pessoa em quem você esbarrar pode não ser tão tolerante.

Revirei os olhos e nos levantamos. Com uma risada idiota, ele foi embora, e eu segui meu caminho, pensando: Deus, esse garoto me irrita...

* * *

Pela terceira vez naquele dia, ouvi Diego dizer alguma coisa idiota, e resmunguei para minha amiga Sarah:

- Meu Deus, que menino irritante!

Ao invés de concordar e mudar de assunto, como sempre fazia, Sarah me olhou com cara de descrente.

- Sério? De verdade, Eliza?

- De verdade. Por que essa desconfiança de repente?

- Ah, não sei, não. Eu digo que isso ainda vai dar em namoro.

- Nada a vez, Sarah!

- Ah, é?Veremos. Aposto que até o fim de semana vocês tão juntos.

Apertei sua mão estendida.

- Apostado.

E, assim, uma semana como qualquer outra se passou. Eu ia à escola, brigava com Diego quase todo dia e, embora realmente houvesse um clima estranho em nossas discussões, nada se alterou. Até que, na sexta-feira, quando eu estava em um lugarzinho bem isolado descoberto por mim e Sarah, ele veio até mim. Eu estava esperando minha amiga comprar o lanche, e fiquei surpresa em vê-lo ali.

- Diego? O que você quer?

- Credo, Eliza, nada... Só queria fazer uma pergunta, só isso.

Suspirei, me rendendo.

- Certo. O que é?

- É... Eu queria saber... – ele respirou fundo. – Eliza, por que você me odeia tanto?

Pisquei, estupefata. Não esperava por isso. Eu achava que nos odiávamos mutuamente e... E fim. Nunca havia pensado em por quê.

- Eu... Não sei. – respondi, franzindo a testa. – Acho que é porque você me irrita.

- Então... Me diz quais são as sete coisas que você mais odeia em mim?

Olhei para seu rosto. Ele realmente parecia se importar com minha resposta.

- Ok. Sete coisas. Primeira, suas roupas. São ridículas. Segunda, sua risada. É idiota. Terceira, sua postura. Quarta, o jeito que você argumenta quando brigamos. É estúpido. Sexta, você é muito burro. Sétima...

Mas seus olhos incrivelmente verdes prenderam os meus, e eu simplesmente descobri que não poderia dizer a sétima coisa, que seria “eu odeio simplesmente você” . Eu não odiava Diego. Sem pensar, falei a única coisa que me veio à mente:

- A sétima coisa, a coisa que eu mais odeio em você, é que eu não te odeio. Nem um pouco, nem por um segundo, nem por nada.

Ele sorriu e me beijou.

De fato, foi um beijo rápido, pois estávamos na escola, onde é proibido ficar se beijando. Mesmo assim. Foi um beijo. Quando nos separamos, eu disse:

- Por que você fez isso? Não estou reclamando, nem nada, mas achei que me odiasse.

- Eu nunca odiei você, Eliza. Muito pelo contrário. Eu fingia, porque achava que você me odiava.

- Eu nunca odiei. – confessei. – Descobri isso agora, mas eu não te odiava. Pelo contrário.

- Ótimo. – disse Diego, sorridente. – Sendo assim, faz uma coisa?

Também sorri.

- Claro.

- Então... Me diz quais são as sete coisas que você mais gosta em mim?

SETE COISAS QUE EU GOSTO EM VOCÊ

Com aquela, tive que rir. Era tão típico dele! Tão clichê. Mas Diego estava sério, como se minha resposta fosse importante.

- Você tem de estar de brincadeira. – disse a ele.

- Não estou, não! Sério, Eliza, diz: Quais são as sete coisas que você mais gosta em mim?

- Isso não é importante.

- Claro que é! Por favoooor...

Alguns minutos se passaram, ele implorando e eu rindo dele. Até que, finalmente, não agüentei e me rendi.

- Ok, não precisa fazer cara de cachorrinho que caiu da mudança.

Respirei fundo e, sorrindo, comecei:

- Primeira, suas roupas. São ridículas. Segunda, sua risada. É idiota. Terceira, sua postura. Quarta, o jeito que você argumenta quando brigamos. É estúpido. Sexta, você é muito burro. Sétima...

Mas o sinal tocou, abafando o final da minha frase. Voltamos em silêncio para a sala, mas as últimas palavras não ouvidas ainda estavam presas em meus lábios...

“Eu gosto simplesmente de você...”

GabiRavenclaw
Enviado por GabiRavenclaw em 25/11/2012
Código do texto: T4004466
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.