[Original] We Are Young - Capítulo 3 - Parte 1
Capítulo 3 - Louca por ele . Parte 1
- Eu vou à cozinha. – Saí da sala meio em estado of e me perguntando mentalmente porque ela me atraia tanto. Apesar de nossas diferenças, ainda parecíamos um casal. Eu nunca me senti tão casal com as mulheres que me envolvi, como me sinto com Isabel.
Abri a geladeira e peguei uma garrafa de água. Um tempo depois Lucas entrou dando um risinho sacana.
- Eu aprovo! – Exclamou. Eu revirei os olhos para ele.
- Te cala.
- Bah! Eu sabia que toda aquela implicância era amor.
- Que porra de amor.
- Atração?
- Lucas... – Murmurei, mexendo no cabelo, nervoso. – Te cala, vai.
- Olha aí tu me tratando como se eu fosse criança. Eu sei que tu tá caidinho por ela e ela por ti, passou horas perguntando da sua vida.
Aquela informação despertara minha curiosidade. Sentei-me na cadeira e puxei uma para meu irmão.
- Foi?
- Aham.
- Conte mais.
- Bah. Tu tá gostando dela e nem sabe, Leite!!! – Eu dei um tapa em seu braço. – Ai porra.
- Grita mesmo!!!
- Isabel tá lá em cima escolhendo um filme.
- O que ela perguntou?
- Ah, sobre tu e a Merten. – Sempre que falava da minha noiva Lucas fazia cara de nojo. – Mas...
- O que?
- Demétri tá pegando né?
- Capaz. – Dei de ombros, indiferente. É melhor não demonstrar muito perto de meu discreto irmão. - Estavam de "nhé nhé nhé".
- Ai complica. Não pode furar os olhos dele, já basta uma vez né! E ainda por aquilo, por nada... Bah.
Ele não tinha falado por maldade, eu sabia, mas eu senti aquela ferida incurável me trazendo memórias das vezes que Demétri e eu brigamos por causa de Verônica e Bruna. Com a primeira, nós experimentamos o gosto amargo que é ser passado pra trás por uma mulher, e pela segunda, eu agi como um moleque e não pensei nos outros, só em mim.
Foram atitudes como essa e outras mais que marcaram nossa amizade pra sempre.
Isabel Longhi
Quando você esta na casa de alguém, tende a acordar cedo por ter vergonha de dormir demais e esta abusando da hospitalidade, eu me peguei acordando cedo por que fui despertada por uma voz sensual demais me dando bom dia.
Claro que meu inconsciente tinha certeza que era Lennon, mas tive que abrir os olhos para ver que era Demétri me fitando com carinho.
- Bah, tá cedo, eu sei, mas eu queria te convidar pra sair comigo hoje. Estou de folga.
Cocei meus olhos, extremamente grog de sono. Ele sorriu. O que cortou totalmente minha vontade de mandá-lo ir à puta que pariu por me acordar tão cedo.
- Tudo bem. – Arrumei o cabelo num coque rápido e sai da cama, esquecendo completamente que estava de camisola. – Ah, espero que não se importe. – Eu o fitei com um sorriso de canto. Ele mordeu o lábio inferior.
- É claro que não...
Fui para o banheiro, ainda sonolenta, escovei os dentes e penteei o cabelo. Olhando para o espelho novamente, eu suspirei lembrei da noite passada. Quando estava saindo, Demétri me ficava com um ar bastante sacana. Nem pude pensar muito, pois ele me empurrou contra a parede e me beijou com posse.
- Não consigo resistir.
- E eu nem quero que você faça isso. – Sussurrei, me entregando a ele de corpo, mas não de alma ou coração.
Droga! “coração”. Porque eu tenho que pensar nisso agora?
O beijei com vontade, tentando mostrar a mim que eu era capaz de me sentir tão sem fôlego com outro homem além de Lennon, que o modo que ele me deixava não era apenas exclusividade sua... Mas falhei.
Ele me empurrou de uma parede pra outra e ansioso, levantou minha coxa esquerda e depois à direita para me amarrar a sua cintura. Demétri era o tipo perfeito pra se apaixonar, amar, namorar e o principal, se entregar sem medo, mas ele não tinha me dado metade das sensações que Lennon me dera sem nem querer.
Quando Demétri se afastou, totalmente ofegante, sorriu e me puxou para outro abraço. Dessa vez mais calmo, ele beijou minha testa. Saímos do banheiro de mãos dadas no exato momento que Lennon apareceu no corredor, sem camisa. Todo trabalhado na sensualidade. Eu me esqueci de como respirava.
A visão dele estava bem focada em nossas mãos entrelaçadas. Depois ele me olhou profundo nos olhos e sorriu para nos dois, parecendo gostar daquilo.
- Ai sim hein. – Disse, sorrindo em aprovação. Eu quis morrer com aquilo.
Quando Lucas voltou da escola lá pelo 12h00 eu esquentei a comida preparada por Lennon (depois do acontecido da manhã ele simplesmente agiu como se não tivesse acontecido) e nós almoçamos.
- Bah. Tu tá triste? – Perguntou a versão adolescente de Lennon. – Eu aqui todo feliz porque meu irmão finalmente conheceu alguém legal e vai deixar a naja e tu aí?
- Eu não vou ficar com seu irmão. – Declarei firme. “Não vou porque ele não quer e também porque é noivo” adicionei mentalmente.
- Aham. Percebi ontem quando os vi naquela cena.
- Foi uma coisa de momento.
- Pra ti, não é? – Senti em seu tom de voz que Lucas queria me plantar algum tipo de esperança.
- Seu irmão é noivo, fim de papo Lucas!!
- Bah!!!!!! Vocês são muito complicados. – Ele ficou de pé ao lado da mesa. – Quando tu e ele se apaixonarem eu vou dizer “não avisei??”.
E subiu, não bravo comigo, mas sim, com minha teimosia.
Por incrível que pareça, eu já me encontrava adaptada aquela casa como se de fato fosse o meu lar. Eu estava olhando as fotos na estante (dentre elas, várias da mãe dos meninos) quando Lennon entrou na sala.
Ele não me cumprimentou e eu fiquei calada também. O segui com os olhos até a cozinha, quando, seu olhar fixou no meu e então Lennon perguntou:
- Tu estás de rolo com ele então né?
- Não exatamente.
Eu não conseguia dar uma resposta firme para ele.
- É tão simples responder que está... – Murmurou em deboche.
- E se eu estiver? O que você tem a ver com isso?
- Rápida você. Logo estarão namorando. – Eu dei de ombro, fingindo não me importar caso acontecesse. O que na verdade eu não espero acontecer.
- Se for assim, será que com você também acontecerá isso? – Ele franziu o cenho. – Nós também ficamos... Ah, não, calma! Você é noivo.
Ele se aproximou de mim ameaçadoramente, eu não senti medo, mas sim um desejo enlouquecedor de que ele me beijasse, mesmo sabendo que não iria fazer isso.
- Tá com respostas muito boas. To gostando de ver. – Disse e me puxou pela cintura. Nossas testas ficaram coladas e ele respirou fundo, eu incapaz de me controlar com a proximidade, toquei o cabelo dele e puxei de levinho.
Lennon mordeu meu lábio e todo o meu corpo ficou mole, tive que me apoiar nele pra não cair. Eu o desejava tanto que chegava a doer, de me deixar sem ar.
Nos beijamos então, e eu percebi que quando estávamos assim, próximos, ele não resistia a mim, e eu e a minha fraqueza nem pensávamos em barrá-lo. Aos beijos, fomos entrando na cozinha. Eu pedia mentalmente para ninguém chegar naquele momento.
Mas quando não é uma presença indesejada, é um toque de celular indesejado.
Ele mordeu meu lábio com um pouco mais de força ao ouvir o toque, não me machucou, até que gostei.
- Porra de celular. – Disse entre meus lábios. Abriu os olhos e mexeu no bolso.
Tentei me desprender, mas fui impedida. Eu não precisava ser muito óbvia pra saber que era Bruna, a noiva dele. É sempre assim quando acontece esse tipo de situação.
- É a Bruna. – Ele arregalou os olhos ao ver a tela do celular. – Não é?
- Bah. – Quando consegui me afastar, senti uma mão me puxar mais uma vez pra um abraço apertado. Lennon beijou meu pescoço e novamente eu tive vontade de agarrá-lo.
Só que aquele toque irritante me deixara mal-humorada.
Eu estava pelo menos há 20 minutos observando com raiva Lennon no telefone com Bruna, eu sei que está errado, sei que ele é noivo, que vai casar, que quando minha mentira for descoberta, ele será um dos primeiros a me odiar, mas sabe quando você se encontra com um ódio incomum? Uma vontade de gritar e socar a primeira coisa que ver pela frente? Eu estava exatamente assim observando aquilo. E esse ódio me fazia esquecer de todas as outras coisas.
Ele me mandou um beijo e eu revirei os olhos.
- Tá, também to com saudades. Tchau, te amo. – o “te amo” ele fez questão de dizer bem lentamente e olhando em meus olhos.
Primeiro eu me senti tonta com aquilo, depois quase quebrei o copo com água que estava em minha mão.
Às 20h30 da noite com friozinho leve no Sul eu decidi tomar um banho pra esperar Demétri chegar e passearmos pra algum lugar que diz ele ser especial e quer que eu conheça.
Sai do banheiro me sentindo leve e mais calma, olhei em meu celular e tinha 1 ligação dele e 2 de Rafaela. Eu ligaria pra ela depois. Retornei a de Demétri.
“Alô.”
“Oi. Sou eu.”
“Bel!! Eu já to chegando aí. Tu ta pronta?”
“Acabei de sair do banho, me troco rapidinho.”
“Beleza, até logo.”
“Até.”
Entrei no quarto e fui direto ao mini guarda-roupa que faz parte do quarto que Lennon me “deu”. O segundo andar da casa tinha quatro quartos: no final do corredor tinha um que parecia estar trancado e eu deduzi ser da mãe dos meninos, o do Lucas logo ao lado, o de Lennon à frente e o de hospedes próximo escada.
Me vesti com peças básicas e confortáveis. Jeans, uma sapatilha preta e uma blusa moletom da mesma cor. O cabelo, meu motivo de ódio e desespero eu prendi num longo rabo de cavalo. Abri uma caixinha com minha coleção de brincos de bolinha e escolhi um azul pra sintonizar com a minha calça.
Às 21h, Demétri estava no portão me esperando, ao me ver, deu um sorriso lindo, lindo como ele todo é. Eu o abracei e peguei em sua mão, estava bem gelada, mas eu não a soltei. Eu queria sentir agora todas as sensações que Lennon me faz sentir sem querer.
- Pra onde vamos?
- É segredo tchê. – Fiz um bico. Ele me deu um selinho demorado. – Tu tá linda.
O bairro Sarandi era bem tranquilo a noite, Demétri e eu caminhamos embalados por uma conversa leve, descontraída. Ele parou num ponto de ônibus, me abraçou e pegou seu celular:
- Vai ligar pra quem? – Perguntei.
- Vou só confirmar um negócio. – E discou os números. “E aí, Leite!”
Eu senti meu coração disparar loucamente ao ouvir aquele apelido. Não, ele não deveria ter ligado logo pro Lennon, logo pra ele... Porque não Emerson? Meu Deus.
De repente me senti uma grande mentirosa.
“Bah, tu me confirma uma coisa? Lembra aquele parque em Porto? Tá aberto?” – O mistério estava desvendado sobre o passeio ‘secreto’, mas eu continuava tensa. - “Até parece que tu não sabe que abre de noite, Bruna e tu não iam lá às vezes?” Demétri fez uma carinha triste.
“Não... É que eu ia sair com a Bel, mas beleza, vou levar ela em outro canto. Valeu!”
E Demétri desligou o celular. Eu o abracei e beijei sua testa. Algo em mim não queria acreditar que esse parque estava fechado, Lennon com certeza fez isso só pra melar meu passeio.
- Vamos ao cinema?? O parque fica pra outro dia...
- Por mim tudo bem.
Lennon M. Dias
Chutei o lixo da cozinha da lanchonete ao terminar de falar com Demétri. Eu estava claramente com ciúmes, tanto, que acabei mentindo sobre o parque apenas para melar o passeio romântico do casal. Era egoísmo meu, mas cego e enciumado, eu não conseguia barrar minha impulsividade.
Era meio difícil não comparar Isabel a Verônica, a história em si, tinha um contexto parecido com a antiga, só que dessa vez eu seria menos burro do que da ultima vez. Isabel combina com Demétri e ele com ela. Eu preciso aceitar isso.
Quando finalmente terminou meu expediente na lanchonete, eu fui pra casa o mais rápido que eu pude, preciso beber e relaxar. A luz desligada significava que Lucas também não estava. Sexta a noite ele costuma ir pros barzinhos de adolescente que tem no centro de Porto Alegre.
Entrei em casa, fui ate a cozinha e peguei um copo pequeno, voltei para a sala e peguei uma garrafa de uísque 18 anos. Esse hábito de beber quando estou nervoso eu aprendi com minha mãe.
Tirei meus sapatos e deitei no sofá, beberiquei a bebida sentindo-me mais relaxado.
Devo ter cochilado, pois não ouvi Isabel entrar em casa toda sorridente.
- Oi. – Ela tirou meus pés do sofá e sentou no espaço que conseguira.
- Voltou cedo. – Cocei os olhos.
- É. Shopping fecha cedo. O parque eu acho que não... Mas... estava fechado. – Ela estava me provocando, capaz que soubesse que eu estava mentindo.
- Bah. – Dei de ombros. É melhor falar a verdade. - Te fiz um favor. Demétri é meio impulsivo, iria te pedir em namoro.
- E se ele pedisse?? – Ela ficou me encarando, acho que esta braba. – Cara, eu não te entendo.
- É melhor assim.
- Lennon!
- O que, guria?
Ela ia dizer alguma coisa, talvez me confrontar, mas não teve coragem.
- Nada. – Sibilou, seca. – O que você esta bebendo?
- Uísque.
- Eu quero. – Sua mão foi ligeira até a garrafa, eu dei um tapa, impedindo-a.
- Pode parando. Não fiquei louco pra te deixar beber.
Ela suspirou e saiu do sofá. De pé, ela me olhou com raiva.
- Isabel... Tu está chateada?
- Não. Eu to bem.
Era mentira, óbvio, mas eu não quis insistir. Estendi a minha mão, ela a pegou e eu a apertei seus dedos lentamente. Isabel então deu um passo vindo para mim.
Eu soltei sua mão.
- É melhor tu ir dormir.
Ela estava se sentindo rejeitada, claro. Que mulher não se sentiria com um cara fazendo isso?
Observei-a subir as escadas correndo e bater a porta do quarto.
O sábado iniciou com Isabel mal-humorada, Lucas de cara e eu tentando não me contagiar pelo mau humor de ambos.
- Vou na casa do Léo. – Meu irmão terminou seu café da manhã e saiu rápido. Isabel continuou calada.
- O que tu tem? – Eu perguntei a ela.
- Eu não tenho nada.
- Ok!
Observei ela tirar alguns pratos da mesa e por na pia, depois os copos (estes ela jogou com um pouco de raiva) e depois os garfos e colheres. Não sei bem como conseguiu, mas acabou cortando o dedo.
- Ai, merda.
- Nossa! – Me levantei para acudi-la, ela tentou se afastar, eu a prensei na pia. – Para, deixa eu ver.
- Foi um corte a toa.
- Desconte sua raiva em mim, acho que é mais fácil.
Ela mordeu o lábio, tentando conter ainda mais sua raiva.
- Relaxa. Um dia tu perceberá que to fazendo isso pelo nosso bem.
- Nossa, fico realmente emocionada por você pensar em mim. – Segurei o dedo dela e pus debaixo da torneira, liguei e deixei a água escorrer. – Juro.
- Demétri é o certo pra ti. Livre, descompromissado, bom amigo, bom guri.
- Cala a sua boca, por favor, Lennon. – Eu segurei um riso e resolvi me calar.
- Vamos lá em cima que eu te ajudo.
(...)
Amanhã tem mais, meu limite de postagens diárias é apenas 3 textos. :(
Caraaaaaaaaaa, fiquei tão feliz com os comentários!!! Espero que gostem desses capítulos.