Carta à um velho amor

Oi? Olá? Como vai? …Não sei iniciar isso. Mas lê, ao menos.

Mesmo não querendo, no final do dia eu sempre vou lembrar-me de você, sempre vou te amar um pouquinho mais, e sempre vou lamentar em silêncio como eu queria estar ao teu lado todos os dias. Inevitavelmente, vou pensa no “nós” que nunca existiu, e vou dormir pensando em você, e acordar pensando em você também. Porque, mesmo me corroendo por dentro, o amor que eu tenho é por você. Mesmo sabendo que Fulano podia me fazer milhares de vezes mais feliz, eu vou continuar querendo você. Porque é isso que é amar. Amar não é gostar, como quem gosta de uma roupa na vitrine de uma loja, e no dia seguinte, encontra outra mais bonita e esquece a do dia anterior. E cada pedacinho de mim deseja te ter, como quem tem um melhor amigo e tem a certeza de que aquilo não é algo finito. Eu te amo mesmo. Amo em silêncio e guardo pra mim todos os sorrisos que você dá durante o dia. Porque é amor, eu sei que é. É amor re-vejo tudo o que vivi, e passo horas e horas olhando antigas cartas que escrevi e não tive coragem de entregar e as tenho guardadas numa pasta. É amor quando eu acordo no meio da noite e começo a escrever sobre você. É amor quando uma risada sua me faz ganhar o dia. É amor sempre. Mesmo que você não queira. Mesmo que algum dia eu esqueça jogados no fundo da gaveta todos os textos que eu fiz pra você. Mesmo que eu aprenda a viver com sua ausência, é e sempre vai ser amor. Porque no final do dia, eu sempre vou lembrar de você; e sempre vou me culpar ainda mais por não poder estar do seu lado. É amor não porque eu escolhi, mas porque deve ser assim. Não entendo os pros e contras, só sei que é. Você nunca vai entender. É grande, bonito e muitas vezes simplesmente dói no peito. Mas é um sentimento meu. Se um dia sentires algo parecido por alguém, me entenderá. Que bons ventos te encontrem. Não insistirei mais “nisso tudo”. Pelo menos, não por enquanto. Darei-te uma folga de mim, desse amor bobo. Mas não sei se volto. Não sei se ainda deixarei o amor me comandar, não sei se o deixarei desandar as coisas de novo. Acho que te cansei. E vejo tudo isso como uma pressão, e não gosto disso. Agora deixarei por sua conta. Não quero nada forçado, quero algo verdadeiro, e se assim não for, é melhor nem me procurar. Então, desconfio que durante um bom tempo, ou quem sabe, até o fim dos meus dias, essa vai ser, minha última carta à você. Quem sabe a gente se veja por aí e troque algumas palavras. Deixa com o destino. É isso, não gosto de despedidas, e é isso o que está parecendo. Mas basicamente é uma despedida. Poderá um dia não encontrar mais essa boba apaixonada, mas uma garota fria e rude, calejada pela vida. O amor não acabará nunca. Mas agora, é melhor deixar assim, guardado. Boa sorte com essa sua fase de mudanças. Quase não conheci esse garoto, aliás, acho que ainda não conheço. Quem sabe um dia eu conheça o HOMEM que existe aí dentro. É, quem sabe. Encerro-me por aqui. Uma conversa não seria útil nesse momento, então é só isso.

De mim, ou melhor, da garota de sempre, L.

Luziane Cardoso
Enviado por Luziane Cardoso em 05/11/2012
Código do texto: T3970321
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