O Preço de uma Estrela (Capítulos 40 e 41)

CAPÍTULO 40: EXPLODINDO

Marcos e eu fomos almoçar em um restaurante próximo ao apartamento que ele me emprestou. Depois de fazermos o pedido, resolvi puxar papo, pois odeio ficar em silêncio quando estou em companhia.

- Então?

- O quê?

- Aaaah....A figuração! Você vai falar quando com o Gabriel?

- Eu? Falar?

- É! Eu não sei quando começarão os ensaios. E ainda tenho que pegar o texto.

- Ah, é. Não se preocupa, ele tem seu número.

- Então é ele quem vai ligar?

- Provavelmente.

Estranho, mas vou confiar.

Mais uma vez silêncio. O garçom trouxe a comida e eu resolvi perguntar sobre o Leandro, para o Marcos. Afinal faz tempo que não nos falamos e eu sinto falta dele.

- Sério que você quer saber dele?

- Claro! Ele é meu amigo.

- Amigo? Garota, não precisa ficar arrumando assunto. Vamos ficar em silêncio que é bem melhor.

- Como você é grosso, sabia?

- Grosso?

- É Marcos! Poxa, você nunca fala nada de legal. Você é sempre estúpido. Eu lembro quando te conheci e depois quando falei com você. Sempre um idiota. Ignorando. Sendo metido. Se sentindo o...o...o Rei.

- Rei?

- Foi a melhor palavra que me veio agora. Ah, também não importa. Só sei que você é um idiota. Se as pessoas conhecessem como realmente você é, tenho certeza que você não seria tão requisitado para os eventos, novelas, teatros, filmes, etc. Você não teria metade do reconhecimento que você tem hoje.

- Você não sabe do que está falando.

- Não sei? Você é que não sabe. Eu estou te dizendo essas coisas, pois eu fui uma de suas fãs e eu sei o que elas também pensarão quando souberem o verdadeiro panaca que você é. A mídia sabe enganar mesmo as pessoas, vendem a imagem de alguém que é totalmente o oposto na realidade.

Marcos não estava rindo, estava com aquele mesmo olhar de raiva que apresenta quando eu falo meu ponto de vista. Olhar para ele estava me deixando com muita raiva, então levantei e fui ao banheiro, quando voltei para a mesa, Marcos estava comendo silenciosamente seu almoço.

O silêncio perdurou por alguns minutos sobre nós. Percebi que toda vez que ele colocava a comida na boca, ele olhava para o lado da janela, mirando um olhar gélido para fora do restaurante enquanto mastigava.

O garçom veio até nossa mesa para atender a um pedido do meu companheiro.

- Você vai querer sobremesa?

Não respondi em palavras, apenas balancei a cabeça negativamente, enquanto olhava para o prato, terminando de comer a comida que nele estava.

- Eu quero apenas uma taça de sorvete.

- Qual sabor senhor?

- Chocolate.

O garçom saiu e mais um momento de silêncio veio a mesa, até Marcos interrompê-lo.

- Eu não gosto de ser esse cara que as pessoas amam.

- Hã?

CAPÍTULO 41: DESABAFO

Fiquei chocada! Ele nunca demonstrou não gostar de ser O MARCOS SANDRET.

- Eu não me acho sexy. Eu não sou fofo, engraçado, ou qualquer outras coisas que pensam que eu sou. Eu sou um cara comum e muitas vezes as pessoas me assustam e me deixam com raiva, pois agem de um jeito como se eu fosse de outro mundo. Eu não sei explicar direito, só sei que as vezes eu me sinto sufocado e....preso.

Eu simplesmente tinha perdido a fome. O garçom trouxe o sorvete do Marcos e levou o meu prato. Eu ainda permanecia quieta, absorvendo o que o Sandret falou.

- Eu sei que você deve pensar que eu sou um idiota, mas é que as vezes você me olha como elas me olham e isso me dá raiva. Eu devia gostar disso, são muitas mulheres me dando bola, eu posso escolher, mas não é assim. Quando eu escolhi ser ator, foi pela profissão e não pela fama. Poder ser várias pessoas diferentes sen...

- ...sendo eu mesmo.

Marcos me olhou e me deu um sorriso, o qual eu retribui.

- Eu também penso assim, mas a fama é consequência de ser um bom ator ou boa atriz e as tietes são consequências da fama se você é bonito, simpático, etc. E as vezes, temos que concordar que o processo é inverso, pelo menos no fato de conseguir um bom personagem por ter um bom status na sociedade.

- Eu não discordo de você, mas....Aff! No começo tudo é bom, depois começa a irritar e então você não tem dia de folga. Quer dizer, você tem folga no trabalho de ator, mas não no trabalho de ser famoso.

- Hã?

- É que....

♪Vida louca vida, vida breve/Já que eu não posso te levar/....♪

- Ah, meu celular! É o Leandro. Só um minuto.

Que coincidência, o toque do celular dele é uma música do Cazuza, como o do meu celular, apesar de serem músicas diferentes. Que legal!

- Tudo bem, depois nos vemos. Tchau.

Depois que terminou de falar com o Leandro, Marcos virou para mim.

- Leandro me falou que um amigo dele viu na internet sobre a gente.

Meu coração pulou!

- Você e o Leandro?

- Não! Eu e você.

Agora meu coração parou!

- Sério?

- Ele me ligou para avisar, no caso dos agentes perguntarem algo e eu ser pego de surpresa.

- Eu ainda estou boba. Preciso ver o que falam. Vamos para casa?

- Está bem. Me esqueci que você ama trabalhar de ser famosa.

Não entendi de novo, mas nem liguei. Estão falando de mim! Tomara que não seja somente uma nota.

Marcos pediu a conta, pagou e nós fomos para o apartamento que ele me emprestou.