Era uma vez...Eu! Cap.3

Eu fui pra casa assim que o sinal bateu,estava afim de relaxar no silencio e sossego do meu quarto.

Cheguei em uns 15 minutos e o porteiro abriu o portão assim que me viu,passei sem me preocupar em cumprimentar nem o porteiro,nem o segurança e muito menos o jardineiro que estavam por perto,quando passei.

Assim que abri a porta percebi que estava uma correria só no salão principal e sabia que aquilo só poderia significar uma coisa: Jantar com visitas.

_Coloque lírios brancos sobre a mesa e toalha de linho lilás,aquela que eu trouxe de Madri.

Ouvi minha mãe dizendo para uma das empregadas,odiava o fato de minha mãe se dirigir as pessoas sempre para dar uma ordem,ou melhor a mim;Pior que para aliviar minha frustração eu também comecei a fazer isso.

Tentei ignorar toda aquela agitação a minha volta e subi para o meu quarto,mas quando menos preciso ser notada, eu sou.

_Bruna,venha precisamos conversar.

Olhei para a mulher loira e bem vestida a minha frente e senti saudades de quando eu não notava que minha mãe me usava,usava a própria filha para segurar o marido;Minha mãe definitivamente nunca levou jeito com criança,sempre me deixava com uma babá,precisa-se ou não.Conforme fui crescendo ela até que ficava um pouco comigo,mas apenas para dizer o que estava errado,onde eu precisava melhorar que para ela parecia em tudo.Mas meu mundo desabou de vez ao ouvir uma conversa da minha mãe com uma amiga quando eu tinha apenas 10 anos de idade e tentava ser a melhor filha do mundo.

FLASHBACK ON//

Eu estava brincando de pique esconde com Jessy,a filha de uns dos sócios do meu pai que veio passar a tarde conosco e achei que embaixo da cama dos meus pais seria um ótimo lugar.

Fiquei abaixada e tampando a boca com as mãos para abafar meus risos,estava tão feliz,era a primeira vez que brincava com uma criança livremente.

Ouvi a porta se abrir e esperei,mas não era a Jessy. Era minha mãe ao telefone.

_Helena,eu estou totalmente frustrada.Raul parece estar cada vez mais distante,me pergunto se ele não tem uma amante...

Minha mãe andava para lá e para cá,pelo quarto e comecei a ficar com medo de ser descoberta.

_É claro que eu ter ficado grávida,ajudou...mas mesmo assim,agora que a Bruna esta crescida ele parece não se importar tanto,mas também,essa menina só vive correndo,não tem modos...que criança é assim mesmo,Helena...em pensar que eu nem queria ser mãe,você sabe que eu não suporto crianças...não 10 anos só me fez,se conformar que sou mãe e não ter prazer em ser...

Eu comecei a ficar triste,em pensar que eu sempre estava tentando acertar.

_Ai..Helena,se ao menos Bruna... tivesse nascido menino,talvez o Raul demonstrasse mais interesse...mas fazer o que né...mas é claro que eu não vou ser mãe novamente,tive que me submeter a uma lipo,após ter dado a luz e sem falar que cansa a minha beleza...ele pedi o divórcio,duvido eu ameaço sumir com a queridinha dele,afinal de contas presente ou não eu sei que ele a ama...spa,vamos sim...

Ouvi a voz dela se distanciando enquanto ela falava e sai debaixo da cama chorando.

N'aquele dia eu passei a não ver minha mãe mas como uma mãe e sim como Julia meu eterno desafio.

FLASHBACK OFF //

_O que foi desta vez mamãe ?

Ela me olhou de cima abaixo e deu um longo suspiro.

_Hoje teremos um jantar de boas vindas.Um amigo de seu pai acabou de se mudar e eu quero você aqui em baixo pontualmente as 18 h,com um belo vestido,cabelos arrumados,unhas feitas,maquiada e principalmente falando só quando tiver que falar.

Cruzei os braços e sorri sarcasticamente.

_Isto é uma ordem ?

_Pode se dizer que sim.Caso você queira aprontar uma das suas,o único risco a correr é : sem mesada,sem cartões,sem computador,sem tv,sem qualquer coisa que possa emitir música,sem visitas,sem ir visitar,de casa pra escola,da escola pra casa e principalmente eu dou um jeito de sumir com aquelas porcarias que você gosta..skate eu acho.Estamos entendidas.

A olhei horrorizada e logo notei que desta vez,eu perdi;

_Sim,senhora.

Felei com raiva entre os dentes e me contendo para não gritar.

_Boa,menina.Agora pode se retirar.-ela disse se virando,me deixando ali transbordando de raiva-_Onde estão os talheres de prata que eu comprei na Romênia ?

Tentei relaxar e fui direto para o meu quarto,entrei e tranquei a porta.

Eu me sentia um turbilhão de emoções e precisava desabafar de alguma forma;Olhei para o violão estendido em cima da minha cama,tireis os tênis,taquei a mochila no chão e fui de encontro ao meu consolo.

Assim que encostei nela apenas uma música me veio na mente.

Hevo84-Passos escuros//

(N/a:Se possível abra uma janela com a música)

*(Play)

Eu admiro o que me faz voltar

A ver a vida como eu sempre quis

Minhas verdades ninguém vai mudar

Nem apagar o que foi feito aqui

Hoje eu sou o que restou da dor

Da minha dor

Não posso me esconder

Mas que a verdade seja dita agora

Eu mudei por você

Mas não quis sofrer

Por ser tão real pra mim

Vou

Aprendo a viver

E num segundo perder

O medo de ser quem eu sou

Ser quem eu sou

Eu admiro o que me faz voltar

A ver a vida como eu sempre quis

Minhas verdades ninguém vai mudar

Nem apagar o que foi feito aqui

Hoje eu sou o que restou da dor

Da minha dor

Posso me esconder

Mas que a verdade seja dita agora

Eu mudei por você

Mas não quis sofrer

Por ser tão real pra mim

Vou

Aprendo a viver

E num segundo perder

O medo de ser quem eu sou

Ser quem eu sou

Que a vida me leve afinal

Não tenho mais medo de errar e aprender

Com meus passos escuros

Com meus passos escuros

Eu mudei por você

Mas não quis sofrer

Por ser tão real pra mim

Vou

Aprendo a viver

E num segundo perder

O medo de ser quem eu sou

Ser quem eu sou

Terminei a música e soltei um longo suspiro;A música inteira eu só consegui pensar na minha mãe,em tudo que eu gostaria de dizer e não consigo,tudo que eu queria que ela me dissesse e que sei que não passa de um querer,um querer inútil;Senti uma lágrima involuntária rolar e a sequei rapidamente,afinal "Big Girls Don't Cry"

Debora Costa
Enviado por Debora Costa em 27/10/2012
Código do texto: T3955401
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