O Preço de uma Estrela (Capítulos 36 e 37)

CAPÍTULO 36: UM NOVO ACORDO

Depois do que o Leandro disse, eu comecei a pensar um pouco sobre as coisas. Ficar parada aqui não está dando certo. Ele tem razão, o Marcos irá me indicar, irá me fazer famosa se eu estiver ao lado dele nos cliques ou se começarem a falar de um suposto namoro, mas não irá mostrar o meu talento através disso. Preciso começar a fazer um curso de teatro ou um workshop. Preciso começar a fazer testes, quem sabe até entrar para uma agência ou contratar um agente.

Ai, eu não sei. Nem sei o que eu estou pensando. Eu não devia ter vindo para cá. Quero tanto minha mãe agora. Meu irmão. Minha família. Aliás, faz tempo que eu não falo com eles. Na verdade, faz muito tempo, nem lembro quando foi a última vez. No entanto, eles nem me ligaram. Acho que não devem saber de nada. Será que aconteceu alguma coisa? Não, eles já teriam falado se algo ruim acontecesse. Ah, eu não quero voltar como uma fracassada para ouvir eles dizerem "Eu disse".

♪ Amor da minha vida/Daqui até a... ♪

Marcos!

- Alô?!

- Eu preciso falar com você. Me encontre no shopping Griffin em uma hora.

- No shopping?

- É. Eu pensei no que o Leandro falou. Te espero lá.

- Mas...

Tu-Tu-Tu-Tu.

- QUE GROSSO!

Cheguei no shopping Griffin e liguei para o Marcos para saber onde ele estava. Me encontrei com ele na praça de alimentação e tive uma surpresa com o que ele me falou.

- Então você conseguiu mesmo?

- Eu tenho um pouco de influência. Amanhã você vai fazer o teste para peça "Os Vagabundos".

- Faz apenas quatro horas que você saiu de casa e já conseguiu um teste para mim. Isso prova que antes você só estava me enrolando.

- Olha garota, eu só quero viver minha vida em paz, entendeu? Você está sendo uma pedra no meu sapato que eu preciso arrancar, então quanto mais cedo, melhor.

- Por que você faz isso, Marcos? Enrola as pessoas?

- Eu pensei que você fosse ver o quão difícil é e iria desistir.

- Quando a gente tem um sonho, não importa o obstáculo, a gente sempre arruma um jeito para vencê-lo.

O Marcos ficou me olhando sério, como se não tivesse entendido, ou como se o que eu disse, não importasse.

- Olha, eu estivesse pensando também e vou me matricular em algum curso de atuação, me agenciar ou procurar um agente. Leandro tem razão, eu tenho que mostrar trabalho.

- É, ele tem razão em várias coisas.

- Foi por isso que você correu atrás, para me ajudar, não é?

Mais uma vez Marcos me olhou sério, depois para mesa e então pegou na minha mão direita, que estava sob essa.

- Eu te trouxe aqui, pois como você deve saber, é onde frequenta bastante gente famosa e por consequência, muitos paparazzi.

Enquanto ele falava, ele sorria, estranhamente, para mim.

- Mas não me faça ficar com raiva, pois eu não quero parecer nervoso caso nos peguem no "flagra". E este FLAGRA é entre aspas, pois sabemos que tudo é fingimento.

Agora eu entendi porque ele quis me encontrar no shopping mais caro da cidade.

Sorri para ele também, colocando a minha mão esquerda sob a dele, que segurava a minha direita.

- Então o plano já começou a ser colocado em prática.

- Não é ser famosa que você quer?

- Ser reconhecida como atriz.

- Chame como quiser. Estamos juntos a partir de agora. Temos dois meses para fazer esse joguinho idiota, depois disso, independente de você já ter conseguido algo ou não, eu quero as minhas fotos e que você me deixe em paz.

Parei de sorrir, afastei as minhas mãos dele e pensei. Dois meses? É pouco tempo para eu conseguir algo. Pelo menos é o que eu acho.

- Tenho uma ideia melhor.

- Ideia melhor?

- Eu vou começar a estudar atuação e você está começando a me ajudar a conseguir algo. No entanto, não é em dois meses que eu vou ter conseguido o que eu quero. Assim, eu quero um ano.

- Um ano?

- Um ano de fingimento contando a partir de hoje, porque o que aconteceu antes foi tudo para me enrolar, então não conta.

- Você está abusando da minha boa vontade, garota.

- Boa vontade? Você está fazendo isso por causa do Leandro. Por causa das coisas que ele te disse.

- Eu não quero machucá-lo.

- Eu sei. Eu também não quero isso.

Então ele me olhou mais uma vez, daquele jeito sério e também pensativo.

- Marcos, você me ajuda por um ano E cada coisa que eu for conseguindo nesse tempo, eu vou te entregando uma foto. Assim, você tem mais um estímulo para me ajudar. No fim de um ano, eu te entregarei todas as fotos que estão comigo, inclusive as cópias.

- E o vídeo.

Me esqueci disso.

- É! E o vídeo.

Marcos pensou. Levantou da cadeira e saiu. Eu achei que ele estava indo embora, mas, seguindo-o com o olhar, o vi indo à uma lanchonete e pedindo algo. Então ele voltou com dois sucos e sentou-se novamente na cadeira.

- Um ano. Apenas um ano.

Sorri para ele, pegando com minha mão direita uma de suas mãos e com a esquerda um dos sucos.

- A nossa parceria, querido!

Marcos continuou sério, mas levantou o outro copo de suco.

CAPÍTULO 37: O TESTE

Estava super nervosa no outro dia quando fui fazer o teste para a peça teatral.

O Marcos veio me buscar no apartamento as sete da manhã, para representar à sociedade que ele estava me levando por se importar comigo e ser um grande amigo, ou um lindo namorado. No entanto, isso foi apenas para representar mesmo, pois a verdade foi que a gente discutiu no apartamento, pois ele chegou em cima da hora e me entregou um texto para eu decorar no caminho, quando eu reclamei, ele simplesmente disse "os atores de verdade decoram isso em cinco minutos, você tem tempo mais do que o suficiente para conseguir representar essa cena perfeitamente no teste". Idiota!

Chegando no local, ele cumprimentou o Gabriel, um amigo dele que estava avaliando nos testes. Eu soube disso no carro, o que mesmo assim não me deixou menos nervosa.

Depois de conversar com Gabriel, o qual foi super gentil comigo, Marcos já estava indo embora quando me bateu um medo e eu o segui.

- Marcos.

- Ah. O quê?

- Você vai embora?

- Vou. Por quê?

- É que...

Que idiota eu estava sendo. É somente um teste. O Marcos deve estar pensando que eu sou uma imbecil. Ai, o que está dando em mim?

- Nada não.

Me virei para voltar para onde estava antes, quando O Sandret me chamou.

- Garota!

- O quê?

- Vai dar certo.

Respirei fundo e sem pensar, demonstrei o que sentia.

- Eu estou com medo, eu acho. Eu sei que você conhece o cara e isso pode me ajudar a conseguir a personagem, mas mesmo assim, eu estou com medo.

- Eu sei, acontece isso antes de qualquer teste, mesmo você sendo experiente. Se acalme, ok? Agora eu tenho que ir, porque eu tenho que gravar as cenas finais da novela.

- Tudo bem. Obrigada.

Quando o Marcos se virou para ir embora, eu o chamei novamente.

- Fala.

- Você não acha que a gente devia se abraçar. Sei lá! As pessoas se despedem com um abraço e um beijo no rosto quando deixam alguém especial em algum lugar.

- Está bem.

Foi estranho, mas o Marcos e eu nos abraçamos e nos despedimos com um beijo no rosto.

- Até.

- Até.

Voltei para onde estava e li mais uma vez o texto. Na hora do teste, eu estava um pouco nervosa, tanto que precisei representar duas vezes, pois na primeira vez eu gaguejei. Então, no final, o Gabriel pediu para eu esperar em casa que ele iria me ligar, para dizer se eu consegui o papel.

Em casa, eu pensei no teste durante um tempão, ansiosa para saber se eu consegui ser aprovada. Eu acho que eu fui bem, eu consegui até chorar na parte de intensa emoção, mas mesmo assim, não gosto de pensar que eu consegui, para que caso eu não consiga, eu não sofra tanto.

Pode parecer ridículo, mas eu pensei muito no Marcos também. Jamais poderia imaginar que ele agiria daquele jeito comigo. Conhecendo-o nesse pouco tempo, eu poderia imaginar que ele me mandaria voltar para o teste e parasse de agir feito idiota. No entanto ele foi legal, me deu um pouco de força. Será que ser "durão" e metido faz parte da representação de super homem para a sociedade? Se for isso, ele é idiota.