Spiel Zeiten - Prólogo

Os espelhos passavam despercebidos pela visão dos velhos que caminhavam com certa dificuldade pela enorme ponte de aço. Era estranho a forma como todos aqueles idosos não vacilavam em olhar para os espelhos que circundava qualquer canto da passarela. Como um teste, sim. Aquilo era como um teste psicológico onde quem ousava desviar a atenção para o espelho era reconfortado por chamas ardentes. Não era bizarro, mas havia pessoas que sorriam ao ver seu irmão se desmanchar entre as faíscas de fogo. A menção da morte fazia com que todos se concentrasse em um único objetivo, percorrer a ponte em extremo silêncio e sem cair á tentação de se ver no espelho. Aparentava ser esta, a minha menor dificuldade. Haviam guardas posicionados nos extremos da passarela, como robôs programados para detequitar qualquer sinal de anormalidade, visualizavam cada movimento realizado por qualquer velho que fazia aquele percurso, inclusive eu.

Não era sonho, nem alucinação, tudo aquilo era muito real. Como se a luz transcendesse o espaço sideral, a escuridão era mínima, como se estivéssemos pisando em nuvens, elas refletiam nos espelhos superiores. Eu não conseguia me distrair, minha atenção era voltada as memórias perdidas que eram implantadas lentamente em meu cérebro. Todas as imagens eram conhecidas, mas nenhuma delas se encaixava em um padrão vivido por mim em alguma vida. Sem qualquer nexo, as visões eram apenas cenas inúteis de um filme de ficção. Os sons... diferentes de qualquer outros, lembravam-me das chuvas, da lembrança que ocupava o reconhecimento do ambiente. Não havia chuva, mas durante meus últimos momentos de vida, ela estava presente. Outrora, vozes também ocupavam um espaço especial na minha antiga vida, uma voz feminina e severa evitava se deixar levar pelas lagrimas visíveis sonoramente. Seria aquela, minha mãe. Ou seria apenas uma ilusão que minha mente quisera inventar para distrair o passado que ela não queria lembrar. Sendo mentira ou não, a voz me lembrava um sentimento que agora era irrelevante. O importante era pensar em como me livrar do peso que meu coração, imóvel, carregava. Um peso denominado medo, ou melhor. Um medo de pesar os planos que eu havia feito. Os planos de uma vida, que agora não existia mais.

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Tainan sOliveira
Enviado por Tainan sOliveira em 29/09/2012
Código do texto: T3907719
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