Passos de uma menina

Meu nome é Lia, tenho 17 anos, olhos castanhos, cabelo preto, sou morena, magra e alta. Sou daquele tipo de garota que todo mundo quer. Estou no último ano do Ensino Médio, atordoada com os vestibulares.

Eu trabalho durante o dia, venho de uma família humilde, onde precisamos batalhar desde pequeno, estudo a noite e ainda faço cursinhos nos finais de semanas. Praticamente não durmo.

Estou sempre sozinha com meus livros, lendo, me dedicando, quero ser uma psicóloga bem sucedida. Penso muito no meu futuro e acabo esquecendo de viver o presente, acho que esse é meu erro. Planejar demais as coisas, querer demais, sabe ?

Perdi minha irmã faz poucos meses, ela sofreu um acidente e não resistiu, nesse momento, perdi meu chão, minha irmã mais nova, minha pequena. Chorei muito com essa perda, mas a vida continua não é ?

Depois dessa perda, além da escola, trabalho, cursinho, tive que consolar minha mãe e meus familiares, eles não tinham mais vontade de viver, tive que administrar todas as despesas e ainda controlar os gastos da família.

Com todas essas responsabilidades, as pessoas ainda me perguntam ‘você tem namorado?’ Não, eu não tenho namorado, ainda não achei o cara certo, o ‘príncipe encantado’ , mas nem tenho pressa, prefiro curtir a vida. Não saio muito, vivo estudando, acho que nem teria tempo pra um namorado agora.

No dia 15 de setembro, indo para o cursinho, o que por sinal era ótimo, pois havia chegado o final de semana, encontrei um amigo de infância que não via há anos. Isso foi muito bom, relembrar o passado, sonhar um pouco. O tempo passou, quando vi, já estava na hora de entrar, me despedi e fui.

Passei o resto do dia feliz, que até dei um pros estudos, chamei minha melhor amiga Isabelle para sair, curtir a noite.

Dançamos muito, conhecemos muita gente nova, o que não é muito normal de acontecer. Até troquei um papo cabeça com um ‘gatinho’, depois trocamos os contatos e fomos embora.

Comecei a conversar com o tal gatinho, o nome dele era Marcelo, tinha 18 anos, era bonito, magro, alto, ele era muito querido. Ele trabalhava, morava sozinho, e fazia faculdade de medicina. Ele tinha sonhos, muito parecidos com os meus. A gente se falava todo dia, se via todo final de semana, isso foi virando minha rotina.

Ficamos meses assim, com a mesma rotina, até que ele sumiu, isso foi terrível, era a pior coisa que poderia me acontecer, mas tudo bem, vou conseguir superar mais essa perda.

Passou dias, fui me desapegando daquela rotina, fui curtindo a vida novamente, saindo pra dançar, trocar ideias, quando vi , estava lá, o cretino, se amassando com uma menina, havia sumido ? Não, apenas enjoou de mim e se afastou.Isso doeu muito, sai correndo, fui pra casa, deitei na cama e abracei meu travesseiro. E continuei pensando em tudo que era bom. Em tudo era pra ser bom. Aí veio uma lágrima. E outra, outra, outra. Inevitável.

Leelle Eggers
Enviado por Leelle Eggers em 29/09/2012
Reeditado em 28/12/2012
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