Little Arturo - Parte 2
– Vai ficar aí parado só olhando? – perguntou Ivana incontrolável.
– Você, a garota invisível! Os espinhos vêm mesmo das mais inocentes rosas! – sussurrou Arturo.
– Pelo visto nem tão invisível assim! E agora que você assumiu o que realmente sente e não o que o Marlon quer nós podemos construir um império diferente nessa escola. Um onde você realmente governaria e não seria esse fantoche da garotinha encantada, do boy maravilha e principalmente do Marlon. – triunfou.
– Você é louca? Eu nem sei quem você é direito! Não sabe do que tá falando! Apareceu aqui do nada, fica vagando feito um fantasma a espreita, esperando pra dar o bote. – respondeu Arturo.
– Quem não sabe de nada é você Sr. Arturo! Eu te amo! Como amo meu próprio sangue!
– Ivana, a terrível! É algum tipo de brincadeira? Agora a senhorita é a esperança da qual eu precisava para dominar com verdade esse lugar? Não, obrigado! Avise ao seu Padrinho maluco que não vai dar certo, é preciso muito mais pra me separar dos meus leais amigos!
– Não tem ninguém por trás do meu propósito! Sou apenas eu e meu amor fraternal por você! – jurou Ivana.
– Então é assim que você ama seus parentes! Minha filha você deve ter sérios problemas familiares! – desdenhou Arturo.
– Eu era filha bastarda de Ganther! Fui criada por pessoas humildes que diziam isso e que tinha um irmão tão ilegítimo e miserável de sorte quanto eu. Por anos cresci alimentando esse sonho de conhecê-lo para unir forças e derrotar essa sociedade egoísta que brincou com as nossas vidas. Porém, quando já estava quase com tudo pronto e um tutor que me colocasse nesse antro, fiquei sabendo que mamãe não era tão exclusiva assim e que tenho a mancha de nascença de Preston, o irmão de Ganther. Mas o que podia fazer? Afinal de contas somos primos e você acabou se tornando praticamente chefe dos idiotas! – explicou Ivana esbaforida.
– Podia ter tido o mínimo de decência que sua mãe nunca teve para não se entregado por motivos tão levianos! Agora suma daqui se não quiser ser expulsa! Boa noite e até nunca mais! – desejou Arturo se despedindo friamente da recém-prima.
– Adeus Arturo! Seu pesadelo só começou. Você se acha muito esperto, mas um dia vai desejar ter me amado com todas as suas forças! Quando seus olhos se abrirem eu não estarei aqui pra enxugar suas lágrimas! – berrava Ivana descontrolada.
Ele a deixou no meio do arvoredo, correndo para o baile aonde Gwen devia estar aflita o procurando. Porém, algo o fez congelar novamente no meio do caminho. Tratava-se de Gwen e Lance voltando para o salão sorrateiros e tristes como quem escondia um amor impossível. O líder daquele universo estava reduzindo a pó, a ele só restava a desconfiança lançada por Ivana e assim viveu por quinze anos.
Aquele baile foi o último que frequentou e nem chegou ao fim dele. As pessoas seguiram em frente e deram lugar a fantasmas que habitavam sua mente em busca de respostas para tamanha traição.
Gwen se transferiu, terminou tudo com Lance e nunca se casou. Dividida em seus amores preferiu ajudar os outros e transformou-se em assistente social. Lance foi para os Jogos Olímpicos, ganhou sua medalha, mas estava em pedaços. Voltou para junto de Arturo, após pedidos de desculpa. Arturo, sempre contando com Marlon, era o diretor do colégio que nunca conseguiu deixar com planos de ganhar cada vez mais poder na instituição. Perguntou a Marlon se poderia voltar a ser Patrono, pois como diretor não tinha o mesmo comando entre os jovens.
– Arturo, isso sempre foi para os estudantes. Você já deixou essa posição há quinze anos. Além de que é uma tradição muito antiga, não sei como poderia dissolvê-la. – respondeu Marlon.
– Você como sempre Marlon muito astuto me aconselhando contra minha ansiedade! Mas dessa vez será diferente, eu mando aqui e quero o controle absoluto. Vou transformar o cargo de Patrono em vitalício que só poderá ser substituído quando o que possuir o cargo se for irreversivelmente. – ditou imponente.
– Mas Arturo, após tantos anos difíceis, você quer destruir tudo que construímos até aqui, jogar fora todo o sacrifício! E justo no ano em que Alfred virá para cá como favorito ao cargo. – tentou dissuadir Marlon.
– O que tem esse moleque, Marlon?
– Ele é o filho de Ivana, a garota expulsa depois do baile. Um garoto com exatos quinze anos de idade! – respondeu ardiloso.
– Se essa mulher pensa que pode atravessar meu caminho tantos anos depois ela está muito enganada! Querendo me fazer engolir um janota tão bastardo quanto ela! – gritou Arturo possesso de raiva.
– Cuidado com o que você diz rapaz, poderá se voltar contra você! O que pretende fazer a respeito? Em minha opinião, você deveria fechar os olhos, ignorá-la. Ivana quer ser notada, se manteve a margem toda vida e se revidar estará fazendo exatamente o que ela quer Arturo! Seja razoável. – pedia Marlon, achando estar pisando num campo perigoso.
– Não! Já fechei meus olhos demais, está na hora de abri-los. Não para ela enxugar as lagrimas, mas para enxergar o que realmente se passa a minha volta Sr. Marlon! – finalizou Arturo. – Deixe que venha, que reclame e se aposse do lugar. Quando estiver se sentido rei como eu me senti então reclamarei o cargo e o desafiarei. O pirralho vai se borrar de medo e sumir de nossa visão para sempre! – planejou.
– Se você acha, mas lembre-se que era tão pirralho e parecia tão impossível pra você quanto é pra ele! – insistiu Marlon batendo a porta ao sair.
Assim, os planos de Arturo seguiram e o jovem Alfred entrou pra escola e concorreu ao lugar de Patrono sendo escolhido por todos. No momento crucial da cerimônia o Diretor propôs seu método de conduzir como Patrono e lançou o desafio de esgrima ao outro que aceitou. Minutos depois ambos entravam na arena trajados com suas roupas, empunhando belos florins.
A luta estava emocionando com golpes e cortadas de espada que pareciam ser fatais se não fosse pelo lacre na ponta das armas, mas Arturo estava cego de ódio e sem raciocinar direito trocou o seu por um frouxo que saiu no momento em que ele desferiu um golpe certeiro na barriga de Alfredo que caiu sem forças no chão.
Porém, quando a máscara foi retirada, para a surpresa de todos, não era Alfredo o esgrimista e sim a mãe Ivana quem lutou bravamente por seus próprios interesses.
– Por que o espanto Arturo? Eu jamais deixaria nosso filho cumprir minhas promessas de vingança contra você! – disse Ivana derramando sangue na roupa branca.
– Você é mesmo uma desiquilibrada! Vingar o quê? O que te fiz pra tanta perseguição? – perguntou Arturo enojado.
– Se até aqui você não sabe não sou eu que vou te responder! Até porque não tenho mais tempo! Mas olhe para aquele garoto tão iludido quanto você já foi um dia e que ele lhe sirva de espelho para resgatar algo de bom que possa ter aí dentro. – sussurrou Ivana olhando para Alfredo enquanto pendia a mão que estava no peito esquerdo de Arturo.
O garoto, ao assistir a cena, apenas correu na direção de Arturo, pegou o florim decidido a vingar a morte da mãe e quando ia lhe dar um golpe fatal acabou ele sendo atingido pelo Diretor que revidou no susto. Alfredo caiu morto ao lado de Ivana sem saber que havia sido assassinado por seu próprio pai.
Todos estavam correndo e no meio da confusão Arturo se esgueirou para o escritório aturdido com os últimos acontecimentos. Inesperadamente começou a pensar e sentir culpa por ter ido tão longe a nome do poder.
Sentou-se na cadeira suprema e com o anel e a foto de Gwen em uma das mãos discou um número que sabia de cor com a outra. A voz do outro lado então lhe disse:
– Olá! Você ligou para Gwen, no momento não estou, mas não fique triste! Deixe um recado e sorria, pois onde estiver estou sorrindo, pensando, lembrando, amando você...
Arturo desligou o telefone e discou novamente disposto a ouvir aquela mensagem quantas vezes fosse preciso. Ele finalmente começava a perceber as consequências de seus atos.
Fim.