Bleakness S01C03 - Parents Insane

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— O voo dela chegou, mas ela não estava nele.

Wia não retorna, ninguém sabe o que aconteceu. Ela não atende o telefone e seu irmão mais novo Mike está preocupado. Seus pais parecem estar escondendo alguma coisa. Mike quer saber o aconteceu e sai escondido de casa, durante o caminho uma velha muito estranha atravessa a rua e segundos depois uma noticia no rádio comunica que um avião vindo de Paris caiu no oceano. Mike perde o controle do carro e provoca um acidente.

O que aconteceu com Wia? Ela morreu? Quem era essa velha estranha? E Erick?

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Bleakness

Parents Insane

Wia

As luzes eram fortes e não permitiam-me identificar qualquer sinal humano. Um cheiro repugnante de medicamentos dominavam o ambiente. Aquele era o lugar onde eu nunca queria estar, era tarde demais... Já haviam feito.

Mike

Nunca pensei que isso iria acontecer, não tão cedo. Eu tinha certeza que era difícil perder alguém, eu nunca perdi alguém por que eu não tinha ninguém para perder. Agora, me tiram uma das únicas pessoas que me restavam. Morte! Preciso dizer que você está sendo egoísta. Na minha memória permanecia a imagem do ultimo sorriso dela, cantando uma das suas musicas favoritas. Alguma coisa estava errada, a mesma musica que ela estava cantando começou a tocar no rádio.

Eu conhecia muito pouco essa musica, seu nome era “Someone like you” da banda Boys like Girls. Eu ainda poderia ver ela cantando:

My life in the rear- view,

I'm running from Jesus,

Don`t know where I'm goin' to.

Got nothin' to lose, I'm fightin' my demons,

Been lookin' for someone like you,

I've been lookin for someone like you.

Sua voz se mesclava com a da musica, formando uma única canção. O carro parecia não existir mais, estava tudo escuro e a única imagem que permanecia na minha cabeça era a de Wia.

Meu braço foi arrastado, alguém puxou ele para fora do carro e eu não fiz nada, apenas cai no asfalto frio. Fechei meus olhos e tornei a abri-los, estava muito escuro , mas havia algumas luzes. As luzes vinham de uma ambulância, eles estavam retirando Jack do Carro. O que tinha acontecido com ele? Minha visão estava prejudicada, mas um borrão vermelho passou na minha frente. Olhei para minhas mãos e elas estavam assustadoramente vermelhas, elas estavam sujas de sangue.

Minha cabeça latejava, levei a mão a ela e descobri a origem do sangramento. Pisquei os olhos tentando ver melhor, mas apenas piorou. Não houve tempo, minha visão melhorou, mas logo eu apaguei.

Tudo ficou escuro.

Meus olhos lentamente se descolaram revelando uma imensidão branca, o ar era pesado e tudo muito silencioso. As lembranças foram voltando lentamente e logo reconheci o ambiente, era o hospital. As paredes eram sufocantes, impediam que o ar corresse. Minha visão ainda estava embaçada, mas as memórias permaneciam intactas. Eu lembrava de que cada momento e também do acidente que havia acontecido. O corpo estava fraco, ergui a cabeça e olhei para os meus braços, neles estavam injetados dois tubos brancos e finos por onde passava um liquido Vermelho e escuro. Movimentei meu corpo rápido de mais e senti como se tudo estivesse paralisado.

No quarto havia mais uma cama, era pequena como a minha. Nela estava deitada uma mulher que possuía traços parecidos com os meus, ela estava com o mesmo tubo injetado no braço e o mesmo liquido era sugado de seu braço. Ela estava virada para o lado , então eu conseguia ver apenas seus cabelos loiros que caiam sobre seus ombros pequenos. A mulher se moveu e eu pude ver seu rosto... Era minha mãe. Ela estava fraca, branca e cansada. Ela não estava bem, eu conhecia minha mãe a muito tempo e não precisava de muita coisa para saber se ela estava bem ou não. Seus olhos estavam fechados facilitando a aparência doentia.

Fechei meus olhos para esconder a sensação de tristeza, neste exato momento consegui ouvir um barulho, eram passos. A porta logo se abriu e rapidamente abri meus olhos. Era uma mulher baixa e gorducha que entrava pela porta, ela era a enfermeira, pois estava vestida com um jaleco branco e carregava uma planilha de folhas na mão. Ela caminhou pelo quarto e olhou para um aparelho sob a mesa que separava as duas camas.

Ela sorriu e apertou um botão que fez com que meu braço tremesse, eu senti um frio percorrendo o meu corpo e ele se enrijeceu. Eu me sentia um pouco melhor, minha mãe ainda estava desacordada. A enfermeira não havia visto que eu estava acordado. Ela virou e se deparou comigo encarando-a, ela abriu um sorriso e falou:

— Boa noite! Já era hora de acordar! — Eu tentei sorrir, mas minha boca não seguia o meu comando. Minha garganta estava seca, era como se eu não sentisse o gosto d’agua a muito tempo, utilizando de meus últimos esforços consegui pronunciar pequenas palavras:

— Por quanto tempo... fiquei... aqui?

A mulher demorou para responder, mas quando sua voz soou, as respostas foram claras.

— A mais ou menos 9 dias. Você estava em um coma induzido, devido ao traumatismo.

Traumatismo? Não podia ser verdade.

— Que traumatismo? — Perguntei, ainda sonolento.

— Durante a queda do avião, você se chocou com um compartimento e sofreu um traumatismo craniano. — Queda do avião? Do que ela estava falando? Eu não estava no avião, minha voz estava muito fraca mas eu reuni as forças tentando me erguer para encontrar explicações.

— Eu não estava no avião, eu sofri um acidente de carro. — Disse.

A enfermeira olhou para a prancheta, revirou em algumas folhas e logo após assentiu com a cabeça.

— Não, o prontuário afirma que você é uma vitima do desastre aéreo. — Eu pensei comigo mesmo, “ ela deve estar louca”. Eu havia sofrido um acidente de carro e me lembrava muito bem do tinha acontecido.

— Moça, eu não estou louco... Eu não estava no avião.

— Aqui está escrito “ Mike Bell Maanson : Vitima do Desastre Aéreo. Traumatismo Craniano devido a impacto sob a face esquerda no Crânio Cerebral. Grau 1. Aguardando doação de Sangue. — A mulher leu a folha e logo sorriu para mim falando:

— Você perdeu muito sangue, a memória pode ter sido afetada durante o acidente.

Minhas conclusões foram claras, minha mãe estava ali para doar sangue. Meu prontuário só poderia estar errado, o estranho é que nem meus pais pediram para mudar a ficha.

— É melhor você descansar, durma e quando você acordar tudo estará mais claro. — A enfermeira aconselhou.

Não hesitei em obedecer, quando eu acordasse minhas forças estariam recuperadas e eu poderia fazer alguma coisa.

Meus olhos foram se fechando lentamente e meu corpo adormeceu junto a minha mente e meu espirito. Tudo permaneceu em silêncio e uma calma invadiu cada átomo do espaço que me cercava provocando uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo muito boa.

Emily

As arvores refletiam no vidro do carro, produzindo uma sombra encantadora. Era difícil se adaptar a luz do dia, ainda mais quando se estava na cidade mais quente do País. Eu não conduzia o luxuoso Vectra, era alguém que eu confiava e depositava a minha inteira confiança, era a pessoa para quem eu entregaria a vida.

Eu não entendia muito de Carros, havia perdido uma boa parte da minha vida com outras coisas , passou-se anos e eu não consegui domar um automóvel. Essa tecnologia era complicada demais para mim, eram muitos botões e controles. Na minha época, isso não existia.

Na minha época, eu não vivia na Califórnia e sim em Makenna. Esse é meu destino, é chegada a hora de voltar e eu sei que quando eu chegar tudo irá mudar, minhas metas ainda estão de pé e eu estou tentando cumpri-las. Eu quero mudar, quero ter uma vida normal a partir de agora. Tudo mudou, eu consigo perceber que a cidade não está mais a mesma. Os ventos estão estranhos, eu sinto que alguma coisa está errada. Não era para estar tão frio no Verão, o inverno está chegando mais cedo... e desta vez ele será Devastador. As sombras estão mais perto, eu coração está começando a se deixar levar por elas...

Mike

Realmente, após um longo sono eu estava muito melhor, ainda no hospital é claro, mas agora eu poderia saber o que estava acontecendo.

— Filho! — Eu ouvia a voz da minha mãe batendo na porta do quarto de hospital enquanto eu olhava o jornal local na pequena televisão .

— Pode entrar.— Minha Voz estava recuperada.

A porta se abriu e lá estava, meus pais juntos e mais unidos do que nunca sorrindo com a minha melhora.

Minha mãe, agora muito melhor, correu para me abraçar. Ela abriu os braços e os fechou sobre meu corpo em um abraço apertando e muito bom, agora eu sabia por que não poderia ficar bravo com eles. Ela sorriu e logo meu pai me abraçou sorrindo e dando palmadinhas nas minhas costas falando:

— Eu sabia que você ia acordar.

Não ousei esperar mais para perguntar sobre o que havia acontecido.

— Wia está viva? — Meus pais respiraram fundo e falaram com uma certa incerteza.

— Não encontraram o corpo dela. — Meu coração se enterrou em um Vácuo acompanhando minha mente que relembrava os momentos que passamos juntos.

“ As noites de natal em que meu pai se fantasiava de Papai Noel e durante a noite colocava os presentes na fogueira, ela acordava e antes de abrir os presentes me chamava para abrirmos juntos. A lembrança estava intacta. Quando ela aprendeu a andar de bicicleta e a Mãe e o Pai nos levavam para caminhar na costa do lago. Quando eu cai de uma arvore e ela me ajudou a levantar e mentir para que a mãe não descobrisse que eu estava subindo em árvores. Eram muitas lembranças, os aniversários que passávamos juntos, as caças aos ovos na páscoa, as brincadeiras durante a noite, as festa na escola. Ela era meu porto seguro e sempre iria ser.”

Eu não falei nada, até que depois de alguns minutos meu pai retomou a conversa.

— Eles ainda não suspenderam as buscas.

Senti algo salgado na minha boca e percebi que era lagrimas que escorria pelos meus olhos. Eu não podia desistir agora, eu nunca desistia, ela ainda poderia estar viva.

— ... Por que no meu prontuário diz que eu sou vitima do acidente? — Minha mãe não pareceu surpresa com aquilo, ela se recompôs e começou a falar cutucando com o cotovelo, meu pai.

— Nós achamos que havia alguém no voo... — Ela não terminou.

— Vamos, diga! — Eu pressionei.

— Achamos que alguém estava usando seu nome, alguém que estava no Voo.

— Quem? — Perguntei.

— Nós não sabemos, mas fomos tentar mudar e não nos permitimos... foi comprovado que alguém embarcou no avião com seu nome. — Aquilo sim era estranho.

Devido a essa confusão toda, eu havia me esquecido de Jack.

— E Jack? Como ele está?

— Ele está bem, ele sofreu lesões superficiais, apenas desmaiou devido ao susto. — Jack? Desmaiando de Susto? Isso parecia ser uma piada, mas até agora se graça.

Eu soltei um sorriso forçado pelo canto da boca, mas não foi o suficiente ,pois meu coração ainda se mantinha despedaçado.

— Ele vem aqui todos os dias para ver como você está! — Minha mãe falou e eu logo soube que era esse Jack que eu conhecia, meu amigo de Infância.

— Ele e alguns amigos da escola... até uma garota...

— Que garota? — Perguntei.

— Uma garota, acho que seu nome é Jennifer. — Isso sim foi um pequeno consolo para o meu coração, um muito pequeno. Eu sabia que ela iria vir, eu sabia que sentíamos algo um por outro, mesmo sem trocar muitas palavras.

— Bom, a médica recomendou deixar você se recuperar, vamos estar no hospital qualquer coisa é só chamar. — Minha mãe falou.

— Vá para casa mãe e descanse, você parece exausta.

— Eu tentei convence-la a ir, mas ela não sai de perto do quarto. — Meu pai olhou de canto para minha mãe.

— Pode ir mãe, eu estou bem.— Eu tentei mudar minha expressão de tristeza para produzir uma cara saudável.

Ela forçou um sorriso e os dois saíram do quarto fechando a porta. Liguei novamente a Televisão e estavam noticiando sobre o acidente, haviam encontrado mais um corpo... era de um homem de 40 anos de idade do estado da Pensilvânia.

Horas se passaram e a noite lentamente foi se aproximando, eram meia-noite quando eu realmente peguei no sono, foi um erro por que logo após isso algo aconteceu.

Sonolento eu consegui ouvir a porta abrindo, uma luz invadindo o quarto e depois a porta fechando. Passos muito leves se dissipavam na sala como se varias pessoas caminhassem ao mesmo tempo pela sala. Ele se aproximou da minha cama e depositou algo nos pés da cama em uma pequena mesa de ferro. Ele tornou a caminhar e novamente a porta se abriu libertando um raio de luz que encontrou meus olhos fazendo-os se abrir.

Corri até a chave de luz e a liguei... Sobre a cama estava um bandeja com vários bolinhos da sorte chineses, muitos deles estavam dispostos em uma bandeja. Como eu estava com muita fome agarrei um para comer, a comida do hospital era muito ruim.

As lembranças foram voltando, os bolinhos da sorte era nossa marca, nós adorávamos e sempre que estávamos juntos comprávamos vários para comer durante a madrugada.

Agarrei um bolinho e dei uma mordida, estava a ponto de dar outra quando encontrei um bilhete dentro do bolinho. Foi questão de segundos para desenrolar o bilhete e ler a frase que estava escrita em letras maiúsculas em um pedaço de papel.

“ Os pais querem o bem dos filhos, nem que para isso eles precisem mentir. Não confie neles.”

Tainan sOliveira
Enviado por Tainan sOliveira em 06/08/2012
Código do texto: T3817470
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