O Preço de uma Estrela (Capítulos 11, 12 e 13)

CAPÍTULO 11: SEDUÇÃO

Baladas. Restaurantes. Até as praias. Eu não aguento mais! Já faz três semanas que eu frequento esses lugares e nada, ou melhor, que eu frequento as praias e nada, porque eu fui ver quanto eram as baladas e os restaurantes, se eu frequentasse uma vez apenas, eu passava fome por uns seis meses, ou pior, ficava sem lugar para morar, pois todo o meu aluguel de uns três meses, mais ou menos, iria para esses lugares!

Hoje é a terceira semana que eu venho nesta praia que a Joana me falou. Resolvi frequentar somente aqui porque é mais perto da onde eu moro, daí não gasto muito com ônibus. Trago minha própria garrafinha de água e sento nos quiosques por alguns minutos, fingindo que estou esperando alguém e depois vou embora. Mesmo assim, não encontro ninguém famoso, ou melhor, eu até vejo alguém, tento chegar perto, mas não dá, ou há seguranças por perto, ou há muitos fãs, ou acontece alguma coisa que não dá para eu me aproximar.

Hoje é o último dia que eu tento algo. Se eu conseguir chegar perto de alguém, ficarei super feliz, se não conseguir nem ver alguém famoso, eu vou pegar minhas coisas e voltar para minha cidade.

Ai, talvez eu estivesse errada sobre vir para cá. Tudo bem que eu consegui entrar em um curso gratuito de teatro na semana passada, mas mesmo assim. A Joana me falou de um homem, muito legal e talentoso. Jair é o nome dele. Ele já apresentou algumas peças infantis para escolas, mas somente atua por prazer, trabalha como padeiro para pagar suas contas. A igreja do bairro o chamou para dar aula de teatro por umas duas semanas e eu estou no meio como aluna. No entanto, não é nada do que eu quero! Primeiro, porque ele não irá montar algo depois do curso. Segundo, todos se recusaram a montar algo por ter vergonha. Terceiro e último, ele é talentoso sim, mas não vejo a paixão dele por atuar, quando ele está explicando algo. Só irei esperar acabar o curso, porque não tenho muita coisa para fazer na cidade, quando não estrou trabalhando.

- Oi Thiago!

- E aí?

Este é o quiosque que eu venho sempre, nestas três semanas. Gosto muito daqui por causa do vento delicioso que alivia o calor do sol ardente. Ele fica na areia, tem uma brisa bem gostosa e é super movimentado, menos hoje, pois está quase vazio.

O Thiago é o garçom, um cara bonito e inteligente, trabalha aqui para pagar a faculdade. Comecei a ter amizade com ele para poder ficar mais tempo no quiosque sem ter que pagar por algo. Ele não sabe dos meus planos, muito menos é meu amigasso ou um paquera. Apenas um colírio para os meus olhos, enquanto descanso da minha caçada.

- Muito movimento hoje?

- Nem, mas daqui a pouco, happy hour, a galera aparece.

- É! Agora está praticamente vazio, se não fosse pela gente.

- E aquele cara ali, que pediu um suco, depois de meia hora no telefone, ocupando a mesa.

Olhei para a direção que ele apontava e quase cai da cadeira em que estava sentada.

- Marcos Sandret?

O nome do super astro saiu de minha boca bem silencioso, mas ainda possível para o Thiago ouvir.

- É! Esse cara é folgado, mas como é ator, seria despedido se o tirasse da mesa por não ter pedido nada.

Não estava nem aí para ele, ou melhor, até que estava, pois se fosse um cliente qualquer, ele não seria despedido por tirá-lo da mesa, já que esse não tinha pedido nada, mas como era um cara famoso, ele teria que aguentar a boa vontade do moço. Que mundo injusto!

Mesmo assim não pude deixar de notar algo. Hoje era a minha última tentativa no Rio. Ou eu achava alguém para conseguir ir em diante com meu plano, ou eu iria embora para minha terra natal. Acho que o destino quer que eu fique. Melhor ainda, ele quer que eu aja, pois o Marcos está em um quiosque quase vazio. Sentado sozinho. Escondido praticamente em uma mesa perto do banheiro. Sem segurança por perto. Sem fãs por perto! Vou até ele.

- Ei Thiago! Ele pediu um suco, foi?

- Foi sim! Estou terminando e já vou levar para ele.

- Deixa que eu levo.

- Rsrsrs. Tu tá brincando, né? Até parece que eu vou deixar.

- Por favor!

- Não acredito que tu é mais uma fã maluca.

- Não! Eu só quero ver se ele é tão marrento assim. Você vive me falando que as celebridades que aparecem aqui, tem o rei na barriga. Deixa eu conferir de perto.

- Eu posso ser despedido.

- O seu chefe não está aí, que eu sei, senão você já teria me mandado embora.

- Nem te conheço direito garota. E se tu faz algo que compromete o meu emprego.

- Eu não vou fazer nada.

Ele me deu mais um olhar de desconfiança e depois voltou para terminar de fazer o suco.

Eu no lugar do Thiago, também não confiaria em uma mulher que conheço há três semanas e por algumas horas ainda, quando o chefe não está no quiosque. Só que há uma diferença entre mim e o Thiago. Uma diferença que eu sempre ouço a Joana dizer sobre os clientes, quando ela fofoca. Eu sou mulher! Eu tenho o poder da sedução! O charme! Nunca fiz isso antes, mas vale a pena eu não ser eu mesma por um tempo, para conseguir dar um passo em meu plano. Vou fazer como eu já vi nos filmes. Atue Liani. Atue!

Quando o Thiago estava saindo de trás do balcão, ele colocou a bandeja com o copo em cima deste e abriu a portinha para passar, então eu me aproximei e cheguei perto dele, colocando minha mão em seu tórax. Aproximei minha boca perto de sua orelha e disse suavemente.

- Por favor! Eu te pago depois!

Meu coração acelerou, eu segurei a minha respiração e controlei o meu nervosismo e medo também, afinal o que ele podia pensar e fazer? Eu mal conhecia este garoto de 25 anos.

O Thiago colocou a mão na minha cintura, virou a cabeça e olhou em meu olhos, com um sorriso no rosto. Sorriso bonito!

- Um beijo?

Aproximei minha boca da dele e encostei os meus lábios nos dele. Depois me afastei, peguei a bandeja com o suco de cima do balcão e segui, sorridente, até a mesa do Marcos, que com certeza não viu nada, pois estava, praticamente, escondido em uma mesa perto dos banheiros.

Mulheres! Acho que agora eu sei o poder sensual que nós temos!

CAPÍTULO 12: FOTOS

Carreguei a bandeja com as duas mãos, pois ainda estava nervosa com o que acabou de acontecer, fiquei com medo até de deixar tudo cair em cima do Marcos.

Vendo-o sentado com os cotovelos em cima da mesa, escondendo, meio disfarçado, mas ainda assim escondendo, o rosto atrás de suas mãos, meio cabisbaixo, como se estivesse olhando um ponto fixo na mesa, Marcos me parecia nervoso, pois também batia o pé no chão e até suava um pouco. Talvez não seja a melhor hora, mas....se não for este momento, qual momento será?

- Senhor? Seu suco.

- Obrigado, deixe aí em cima da mesa.

Ele falou comigo, ainda cabisbaixo.

- O senhor está bem?

- Estou!

- Olha eu sei quem é o senhor. É o Marcos Sandret. Eu sei que eu não deveria ficar te incomodando, mas eu preciso falar com o senhor, eu preciso dizer o quanto te admiro, o quan....

- Olha aqui garota, tudo bem que você gosta de mim, mas eu quero ficar sozinho.

Ele me interrompeu bruscamente. Ainda estava sentado, eu não conseguia olhar em seus olhos, pois ele estava com um óculos escuro bem grande, mas percebi que sua feição era de raiva, pois até uma ruga formou-se em sua testa quando ele falou comigo, sem contar sua mão, que se fechou sobre a mesa, como se fosse dar um murro em alguém. Será que esse alguém era eu?

- Senhor, e-e-eu, nã...

- Eu estou querendo ficar sozinho, será que é difícil de entender?

Meus olhos se encheram de lágrimas. Como Marcos Sandret fala assim comigo? Na tv ele sempre é cheio de sorrisos e amores. Agora ele olha para o chão, bate o pé e sua voz carrega raiva e nervosismo.

Eu não conseguia e não queria me mover. Fique ali, olhando para o Marcos, com meus olhos cheios de lágrimas, com minha face molhada e vermelha. Então ele levantou sua cabeça, tirou os óculos e olhou para mim. Percebi que seus olhos estavam vermelhos, como se estivesse acabado de chorar.

- Olha, eu sei que você é minha fã, que você me ama, que quer um autógrafo, ou uma foto, mas eu estou querendo ficar sozinho. Se você não sair daqui eu vou chamar o gerente e....

- Não, não precisa....Me desculpe eu...

- O que é isso Marcos?

Enquanto eu falava com o Marcos, desesperada pois se chamasse o gerente, ele iria descobrir que eu não trabalho ali, e tudo iria complicar mais ainda, um homem chegou de repente, que até levei um susto e parei de chorar, e o Sandret também levou um susto, percebi pela sua reação ao olhar o homem e as fotos que este jogou em cima da mesa do ator.

- Me explique! Ou....ou....

- Calma Leandro. Calma!

- Você quer que eu tenha calma?

- Você sabe que nada se resolve nos gritos, você mesmo diz isso.

O homem que acabara de chegar e que se chamava Leandro, pois foi assim que Marcos o chamou, era um pouco mais alto que eu, possuía os cabelos castanhos escuros, olhos pretos, pele morena, um moreno de sol e também não tinha sotaque carioca. Ele ficou em silêncio depois que Marcos o "repreendeu", cruzando os braços, mas ainda olhando furiosamente para o ator, de olhos azuis, mais alto e mais forte que ele e de cabelos pretos, com uma mancha de nascença linda perto do olho direito.

Eles estavam tão nervosos e preocupados, este mais por parte de Marcos, que nem ligaram para minha presença. Me senti desconfortável com aquilo tudo e resolvi sair, mas olhar para uma das fotos em cima da mesa, me deixou com vontade de ficar.

- Não sou eu nessas fotos.

- Eu não acredito, pois foi assim das outras vezes também. Eu não...

- Chiu!

A foto era um close do rosto de dois homens se beijando. Um deles era loiro e possuía um maxilar grande, mas eu não fazia ideia de quem era. O outro eu conhecia muito bem, por causa de uma mancha perto do olho direito, foi por isso que fiquei com vontade de ficar para saber como aquela briga se desenrolaria, foi porque Marcos Sandret estava beijando um cara loiro na foto, algo que nunca alguma fã poderia imaginar, mesmo se fosse um personagem dele.

CAPÍTULO 13: CASO SECRETO

- Chiu? Eu estou falando baixo, se você ficar falando assim comigo, aí sim eu irei fazer um escândalo.

Foi então que algumas pessoas começaram a chegar no quiosque.

Marcos olhou ao redor, ele sabia que quanto mais gente visse aquilo, mais confusão poderia gerar para seu lado, principalmente por Leandro dizer que irá fazer um escândalo, pelo menos eu pensaria assim se fosse famosa, e acho que pensaria certo, pois ainda sem me notar, como se eu fosse um lixo, Marcos pegou o Leandro pelo braço e o levou para o banheiro ali perto.

Marcos é um pedaço de mal caminho. Tira suspiro de qualquer mulher. Até hoje eu não conheci nenhuma pessoa do sexo feminino que não goste dele, ou o ache bonito. No entanto, acho que ele não demonstra ser quem ele realmente é para a mídia.

Talvez seja errado o que eu vou fazer, ou talvez seja uma chance. Depois eu penso em como encararei isso. Agora eu vou agir.

Peguei as fotos que, na correria de esconder o Leandro, o Marcos deixou em cima da mesa e corri até o banheiro que eles entraram.

Entrei calmamente para não fazer barulho e me escondi atrás de uma pilastra, onde dava para eu ver os dois através de um espelho que estava perto de mim.

- Então você estava bravo por causa daquelas falsas fotos. Meu bem, eu fiquei nervoso e triste desde que falei com você pelo celular. Me desculpe ter gritado, mas eu achei que você estava pedindo para eu escolher entre minha carreira e você.

- Eu estava zangado por causa das fotos.

- Mas agora você sabe que tudo foi montagem, não sabe? Agora eu já te expliquei. Você acredita em mim?

- Por que querem nos machucar?

- A pergunta é: como sabem de nós dois?

- Eu estou cansado disso Marcos. Estou cansado de tudo ter que ser escondido. Eu te amo e tenho vontade de dizer para todos, mas....

- Calma, calma. Você sabe que não posso falar nada sobre a gente, você concordou Leandro.

- Eu sei! Mas as vezes eu....

- Eu sei o que você sente, mas este não é o melhor lugar para conversarmos. A gente se vê em casa. Você vai ficar bem?

- Só se você prometer que vai mesmo para casa hoje.

- Eu prometo. Te amo.

Marcos e Leandro?

Peguei meu celular, mirei bem certinho enquanto Marcos abraçava o Leandro e lhe dava um belo de um beijo, então cliquei duas vezes e duas belas fotos deles se beijando estava no meu celular.

- Espera aí Leandro.

- Que foi meu bem?

- As fotos da montagem. Você as pegou de cima da mesa?

Ops! Sai rapidamente do banheiro e do quiosque, indo diretamente para o meu quarto na pousada.