Biscoito Estrelado - Capítulo II
Capítulo II O Encontro com Beringelo
Madréa que após ter constatado que o motivo do grito de Debruxa era a entrada triunfal de Miau, voltara para a cozinha a fim de arrumar rapidamente a bagunça deixada lá, retornava a sala e pegando sua bolsinha de continhas verdes de olhos de Salamandra, disse:
- Bem meninas, eu preciso ir.
- Mas já? - Perguntou Debruxa, que queria mesmo era ficar na companhia das duas amigas.
- Sim, hoje é um dia muito importante e eu preciso fazer muitas coisas.
- Dia importante, é? e por quê? Posso saber?
- Na verdade Debruxa.... Não. Não pode saber.
- Mas que absurdo Madréa! Agora deu para esconder as coisas de sua amiga aqui, não é? Só por que eu estive afastada um certo tempo...
- Um certo grande tempo, não é Debruxa?
- Então é isso? Você está ressentida também por não ter recebido uma pétala minha?
Madréa aproveitou a deixa para disfarçar o real motivo de sua saída repentina.
- Até estou sim Debruxa. Não consigo entender como uma amiga viaja, passa tanto tempo longe das outras e se quer envia meia pétala de rosa dando notícias.
- Mas vocês duas são muito... muito... incompreensíveis!
- Ah, deixa ela ir, Debruxa, iremos ficar aqui fofocando e tenho certeza que nossa amiga Madréa irá se roer de curiosidade e inveja!
- Na verdade não, Pequetita. Bem, tenho mesmo que ir.
E dizendo isso, Madréa foi embora da casa de Pequetita, deixando para trás uma Debruxa muito curiosa.
- E você? O que está rindo agora, Pequetita?
- Tch... tch... tch... Então você não sabe que dia é hoje?
- Sei sim, mas o que tem isso?
- Você é uma tonta mesmo, Debruxa. Acho que estou começando a concordar com as palavras de Madréa a seu respeito.
- Ora, mas vocês duas....
- Calma bruxoila.... Eu disse que estou começando a concordar, não que já concordo plenamente.
- Pequetita, se você não me contar exatamente agora o que está acontecendo, que dia é hoje o que Madréa tem de tão importante para fazer, eu juro que também irei embora.
Uma outra peculiaridade das bruxas, era a curiosidade. Absolutamente todas as bruxas eram muito curiosas, e se tratando de amigas então.... A curiosidade chegava perto da mortalidade. Um dos ensinamentos mais difíceis na escola de magia, era justamente controlar a curiosidade juntamente com a impulsividade. E Debruxa não teve, por assim dizer, as mais belas notas nessas matérias.
- Debruxa, posso lhe responder apenas uma de suas perguntas, as outras respostas você terá que se contentar em tirar suas próprias conclusões, como eu.
- Bem, melhor algo que nada, não é?
- Sim.
- Então anda! - Gritou Debruxa. - Me conta logo de que se trata.
- Hoje é aniversário de Madréa! Sua amiga desnaturada!
- Pelas barbas de Merlin, Pequetita! e você não fala nada?
- Você não queria que eu falasse na frente dela, não é? E do mais... Estou pensando em algo.
- Atim!
- Saúde, Debruxa.
Sempre que Pequetita pensava, começava a exalar um cheiro de tálcool, e Debruxa era alérgica a qualquer tipo de pó.
- Atim! Atim! Pare de pensar, Pequetita, por favor, eu tenho alergia!
- Ai Debruxa, você continua a mesma fresca de sempre.
- Nananão, atiiim! é questão de ser, Atichím! Freeesca, atichííím!
- Pera, deixe-me ver se ainda tenho aqui aquele lencinho ante pensamentos que eu guardava especialmente para você nessas ocasiões... Onde está mesmo, hein? Onde...
- Atiiiiiiim!
- Ah sim, aqui está ele. Toma sua bruxa fresca, e pare de espirrar, pois do contrário, minha pobre casinha ficará toda melecada!
- Atichímmm! Ufa! Obrigada! Caramba, mas você tem um pensamento muito forte, Pequetita.
- É, costumo ser intensa em tudo que faço, Debruxa.
- Nossa, mas que intensidade!
- E agora você vai ou não me deixar contar o que estou planejando.
- Claro! E o que está esperando?
- Você acabar com esse show de espirros, ora!
- Pronto, resolvido. Agora conte.
- Bem, eu estava pensando em fazermos uma festa surpresa pra Madréa.
- Uau! Que ótima idea! Eu topo!
- Legal, Debruxa.
- E onde será esta festa?
- Na sua casa.
- Na minha casa? Mas Pequetita, eu acabei de chegar, a casa está vazia.. Não tem nada arrumado lá.
- É exatamente do que precisamos, Debruxa, de uma casa vazia e nada arrumada. Ou você quer meter os trocentos bruxos que iremos convidar dentro de sua perfeita e arrumada casinha?
- Não, mas...
- Nem mais nem menos! Se não for lá, não haverá festa. Aqui em casa ela irá desconfiar. Ou você acredita mesmo que ela saiu daqui sem ficar curiosa com o que estaríamos conversando?
E nesse momento, a porta se abriu novamente e Madréa entrou na sala.
- Madréa!
Exclamaram Debruxa e Pequetita.
- É, - Começou Madréa. - Na verdade eu voltei porquê esqueci o presente de Debruxa aqui em algum lugar.
- Não está aqui na sala, Madréa.
Pequetita disse, olhando para todos os cantos da sala.
- É... Devo ter deixado na cozinha. Mas eu mesma irei lá buscar, Podem continuar sentadinhas aí. Acho que deixei em cima da pia.
Assim que Madréa saiu da sala, Pequetita cochichou com Debruxa, ao mesmo tempo que piscava um de seus lindos olhinhos cor de mel.
- Não te falei? Eu conheço a curiosidade dessas bruxinhas.
- Como se ela não fosse também curiosa. - Pensou Debruxa. - Mas e agora, o que iremos fazer?
- Precisamos ser rápidas. Você irá para sua casa arrumar tudo. Assim que eu conseguir despistar Madréa, irei me encontrar com você.
- Mas Pequetita, você não disse que a casa tem que estar desarrumada?
Mas não deu tempo de Pequetita responder, pois nesse momento Madréa retornava a sala com o pacotinho de seu presente nas mãos.
- Não falei que estava lá? Bem em cima da pia. E vocês nem perceberam, não é?
- Perguntou, mais para se assegurar que as amigas não haviam saído da sala, pois o esquecimento era apenas uma desculpa para que Madréa retornasse a presença das amigas a fim de saber o que estas estavam conversando.
- Na verdade não mesmo Madréa.
- É, nem saímos daqui da sala.
- Como imaginei. Vocês duas tem mesmo muito o que conversar.
Pequetita, que nesse momento começou a disfarçadamente piscar o olho para Debruxa, adulou a amiga recém-chegada.
- Ora Madréa, sente-se aqui conosco. Não há nada que você não deva saber.
- É verdade Madréa, tudo que nós conversamos, você pode e deve saber.
- E do mais, Debruxa já está mesmo de saída, não é Debruxa?
Perguntou Pequetita, dando a deixa para que Debruxa fosse logo arrumar os preparativos para a festa.
- Estou é?
- Sim, está. - Respondeu Pequetita, adquirindo aquele inconfundível tom de impaciência na voz. - Você falou que tinha que arrumar suas malas. Disse que havia algo lá dentro que não podia ficar muito tempo guardado.
- Sem falar no Beringelo, não é Debruxa? - Lembrou Madréa.
- É mesmo! Acabei me esquecendo do Beringelo! Será que ele já acordou? Quanto tempo deve ter o sono de uma berinjela, hein?
- Levando-se em conta que as plantas são muito sensíveis, e que a maior parte delas dormem a noite, - explicou Pequetita. - Acho que ele já deve ter acordado há um certo tempo.
- Tem razão, Pequetita. É, eu tenho mesmo que ir, mas a gente se vê mais tarde, não é?
- Claro, que tal irmos jantar com você, Debruxa?
- Pensou rapidamente Pequetita, arranjando um bom motivo para que Madréa aparecesse na festa sem desconfiar de nada.
- ótima idéia! - Respondeu Debruxa, pegando a deixa, e se dirigiu para a porta.
- Bay bai amigas, a gente se vê mais tarde.
Assim que Debruxa saiu da casa de Pequetita, se dirigiu para o chalé que ficava no fim da rua das Pedrinhas brilhantes, mesma rua, diga-se de passagem, que moravam suas amigas Pequetita e Madréa. Por um golpe de sorte, ela havia conseguido alugar o chalé da Professora Mc Gonagall, que devido a tantos problemas em Hogwarts, se mudara para a instituição depois do tentador convite que viera dentro de uma caixa de bombom, enviado por sua irmã, a profa Caviglione Gonagall.
E mais coincidência ainda, era o fato de que a Profa Caviglione Gonagall era mãe de Madréa, o que significava que alguém teria que entrar em contato com ela para que esta viesse a festa da filhota. E esse alguém, certamente teria que ser Debruxa, já que Pequetita estava com Madréa. Mas esse não seria um grande problema, pensou Debruxa, pois a família de Madréa quase toda trabalhava em Hogwarts, que agora estava localizada em Pertrina, cidade de todos os parentes de Madréa. , Na última convenção de bruxos, Pertrina foi escolhida dentre outras cidades para ser a cede oficial de Hogwarts, visto ser a única cidade de Biscoito Estrelado que ficava perto de todos os outros lugares. Claro que para que isso acontecesse, as duas irmãs Gonagall fizeram um bom encantamento usando o famoso macarrão de Caviglione Gonagall e distribuindo minutos antes da convenção. O efeito foi um dos melhores já visto em todo biscoito estrelado. Claro que pouquíssimas pessoas sabiam de tal artimanha, pois todas as cidades queriam ser cede de Hogwarts, a única, e por isso mesmo, melhor escola de bruxos de todo o Biscoito Estrelado. Mas o fato é que sabe-se lá o que a Profa Caviglione colocou dentro do macarrão, que fez com que absolutamente todos os lugares ficassem perto de Pertrina. Era algo muito intrigante, mas os Druidas e Druidesas da mais alta escala hierárquica de Biscoito Estrelado, dada a praticidade do fato, resolveram não adentrar muito nesse mistério, pois a final de contas, por um enigma nunca desvendado, toda comunidade docente poderia morar onde for que estaria perto da escola. E devido a guarda de tão astucioso segredo, é que a Profa Caviglione convidara sua irmã, Minerva Mc Gonagall para morar mais perto de si. E tudo isso aconteceu justamente há uma semana atrás, quando Debruxa foi convocada para retornar a Bruxópolis. Todas essas informações, inclusive o fato do chalé da profa Minerva Mc Gonagall estar sendo desocupado, foi revelado por Merlin para Debruxa. E esta rapidamente entrou em contato com a tia de Madréa, que ficou muito contente, pois sabia da grande amizade entre as 3 bruxinhas. Tanto Debruxa como Pequetita, eram consideradas como sendo da família Gonagall. Pequetita era de Bainha, que ficava muito longe de Bruxópolis.
Essas 3 bruxinhas eram amigas desde quando entraram para Hogwarts, há muitos e muitos anos atrás. Em um desses maravilhosos passeios da escola, Pequetita se encantara por Bruxópolis e decidiu que assim que saísse de Hogwarts, iria morar lá. E Pequetita quando cismava com algo, nem juntando todas as patinhas de caranguejos para fazer com que pensasse o contrário.
O nascimento de Debruxa foi algo que intrigou por certo tempo, muitos bruxos de Biscoito Estrelado. Sabe-se que de um dia para a noite, e quando falo de um dia para a noite, estou querendo dizer que foi exatamente entre a meia noite de um dia e a meia noite do outro, ela apareceu dentro de um cestinho em frente a escola Hogwarts, que nessa época ficava lá pelas bandas da Floresta do Medo. Muitas foram as famílias de bruxos que se sensibilizaram com a aparição da criança e quiseram cuidar da menina, mas depois de outra convenção de bruxos, foi decidido que esta moraria em Hogwarts, revezando suas férias nas casas dessas amáveis famílias. Depois que Debruxa começou a estudar em Hogwarts e travou amizade com Pequetita e Madréa, suas férias passou então a se revezar entre essas duas famílias. É por isso que Debruxa conhece muita gente de Biscoito Estrelado, mas onde ela se sente melhor, é perto de suas fiéis amigas.
E foi com essa alegria de estar novamente perto de suas bruxinhas amadas que Debruxa abriu o portão, de seu agora, chalé.
O chalé estava do mesmo jeito que Debruxa havia conhecido anos atrás. O caminho de pedrinhas coloridas se estendia do portão até a pequena varanda da frente da casa. Em cada lado do caminho, havia um lindo jardim cheio de florzinhas coloridas e perfumadas.
Assim que abriu a porta da casa, quase caiu para trás, tamanho foi seu susto. Sentado em um dos sofás, segurando uma bola de cristal, estava um homem.... Não, não era um homem... Era... algo mais que um homem.... Um super homem... Um mega atraente misterioso homem... Era uma criatura atraente... Bom, era um ser robusto, de seus 2 metros de altura, muito forte, de cabelos roxo escuro e olhos violeta. Sua pele tinha uma tonalidade esverdeada, e ele estava trajando um bonito terno roxo com uma gravata verde clara. A criatura exalava um charme e magnetismo que fez com que Debruxa balançasse em suas estruturas.
- Então dona Debruxa, até quem em fim!
- El.... Bem.... Mas....
- Eu sou o Beringelo da Terra, Rei das Berinjelas. Muito prazer.
E dizendo isso, a criatura se levantou, deixando Debruxa muitos centímetros abaixo dele.
- Bern.... Beringelo? Mas....
- Sim, sou uma berinjela macho, mas como todas as famílias da realeza vegetal, tenho meus momentos de humanidade.
- Então você se transforma em homem, isso?
- Não exatamente um homem. Talvez algo mais que um simples homem.
Sua voz era profunda, ao mesmo tempo forte e tranqüilizadora. Debruxa ficou balançada com a presença daquela criatura.
- Bem, vejo que... que já está bem a vontade.
- Sim, com a demora da senhorita, tive que dar meu jeito aqui.
- E seu jeito, claro, resume-se a vasculhar a casa e pegar minha bola de cristal?
Debruxa assim que chegou, só teve tempo de tirar a bola de cristal da mala, a fim de entrar em contato com Merlin e anunciar sua chegada. Enviar uma pétala de rosa para tal comunicação não seria nada prático, pois as pétalas de rosa, assim como as folhas vegetais de correio, apesar de mais românticas, eram levadas pelo vento, e demoravam mais a chegar a seus destinatários. Dessa forma, assim que chegou em casa, tirou a bola de cristal da mala e instalou a interlex, enviando um e-teiro para Merlin. E nem se preocupou em guardar em lugar seguro a pobre bola de cristal, pois não contava com uma berinjela vasculhando sua recém casinha.
- Sua interlex está mal configurada. Você sabe disso, não é?
- An?
- Pra começar, sua memória não funciona corretamente.
- Como?
- Seu HD pelo que percebo, tem pouquíssimo tempo de vida.
- O quê?
- Tive que abrir sua bola,
- Você teve que o quê?
- Devido ao cheiro que estava saindo de dentro dela.
- Sa.... sa.... saindo de... on... onde?
- Era um cheiro estranho, de fumo. Por acaso a senhorita fuma?
Debruxa não conseguia responder mais nada, pois estava petrificada com a ousadia do vegetal humanizado.
- Espero que não. Você sabe, não é? Determinados fumos fazem muito mal a saúde. Bom, acabei por encontrar muitas cinzas de fumo dentro dela. Talvez por isso que a imagem estava ruim. E por falar em imagem, a placa de vídio dessa bola está configurada errada. A resolução está muito baixa, Debruxa. A placa de som, pelo que pude ver, há tempo que não emite nem um sussurro. A placa de rede dessa bola de cristal está mais para placa de tártaro do que para rede em si. Imagino que dondoquinhadelicada@bruxonet.com.biscoitoestrelado seja seu email, certo? Puxa, que falta de criatividade! Mas respeito a imaginação alheia, Debruxa, e prometo não contar a ninguém.
- Seu.... Seu.... Saia! Saia daqui agora.
Debruxa, sem pensar duas vezes, lançou um olhar fuzilador para Beringelo, ao mesmo tempo que erguia sua varinha e gritava pragas de todos os tipos, fazendo com que raios verdes fossem lançados em todas direções, sacudindo o chalé.
Beringelo, acostumado com a reação de pessoas que não cuidavam direito de suas bolas de cristal, se esquivou de todos os feitiços e com grande agilidade segurou os pulsos de Debruxa e a ergueu em seus braços. Debruxa, tomada de susto, medo e surpresa, tudo junto, se aquietou imediatamente e só conseguiu ficar parada, respirando profundamente e sentindo a maciez da pele daquela criatura, ao mesmo tempo que ouvia próximo ao seu ouvido palavras que tinham sabor de chocolate branco.
- Calma minha querida. Sua bola de cristal está muito parecida com uma bola de esterco, mas nada que o papai Beringelo aqui não possa arrumar. Não sei se te disseram, mas sou técnico em bola de cristal. Calma, você é muito nervosa. precisa ouvir melhor as pessoas.
E dizendo isso, a colocou gentilmente sentada no sofá, e pegando a bola de cristal, se dirigiu para a mesa da cozinha, deixando para trás, uma Debruxa muito perdida em seus sentimentos.
- Pela barba de Merlin e de todos os Druidas... Pela sonoridade dos cânticos de Iara!! Que criatura! - Suspirava Debruxa sentada no sofá. - Mas que intrigante esse Beringelo! Ao mesmo tempo que é crítico, é tão... tão... profundo, tão galante, tão charmoso... Não não.. isso não pode ser, a final de contas ele é um vegetal. isso mesmo Debruxa, - disse de si para si. - ele é um vegetal, comporte-se sua assanhada. eu hein!
E levantando-se do sofá, foi para a cozinha demonstrar, o que até então não tinha tido a oportunidade de fazer, sua boa hospitalidade.
- Bem eu...
- A placa de rede já está toda configurada, deseja enviar algum e-teiro para alguém?
- El.... Sim... El....
- Algo urgente, ou pode esperar?
- Na verdade... É urgente.
- Então aqui está sua bola de cristal. mas ainda tenho muita coisa para arrumar aí.
- Sim, eu sei... Obrigada.
E Debruxa, puxando outra cadeira, sentou-se a mesa e digitou rapidamente uma mensagem para tia Caviglione .
- Então teremos uma festa?
Perguntou Beringelo, já se animando.
- Hoje é aniversário de Madréa.
- Madréa Caviglione Gonagall?
- Ela mesma.
- Conheço toda a família Gonagall. A final, eu que faço a manutenção de todas as bolas de cristal de Hogwarts. é uma família maravilhosa, não?
- É sim, eu adoro todos eles. Então, - continuou Debruxa ainda sem jeito, devido as últimas sensações que experimentara diante do vegetal. - você não poderia fazer o favor de enviar e-teiros para as pessoas avisando da festa?
- Claro! Seria um prazer. Pode ir arrumar suas coisas que ficarei aqui convidando todo mundo.
E assim, Debruxa deixou a cozinha e foi para o andar de cima, arrumar seu quarto. Era incrível como a tia Minerva Mc Gonagall havia deixado o chalé tão direitinho para ela. Os DOIS cômodos DO ANDAR DE CIMA estavam ARRUMADINHOS, COMO SE ESPERASSEM POR ELA.
- e esperavam MESMO, - PENSOU Debruxa. - ACHO QUE ESTOU SENDO muito tola. é A VIAGEM, A FINAL, NÃO TIVE AINDA TEMPO DE descansar devidamente. e AINDA TEM ESSA FESTA! Meus Deuses! A que horas Pequetita irá chegar para me ajudar com tudo? E aquele... aquele.... aquele vegetal lá em baixo... meus deuses! que homem.... que criatura... que vegetal... Que berinjelão!
e foi presa a esses pensamentos que Debruxa adormeceu deitada na cama.
Horas mais tarde, Debruxa, acordou com um grande barulho que vinha do andar de baixo, e tentando se localizar, se esforçou o máximo para se lembrar que estava em Bruxópolis, e não no Mar de Janeiro.
Parecia estar havendo uma verdadeira batalha lá em baixo. Deu um pulo da cama ao se lembrar do aniversário de Madréa, e correu para a escada.
No andar inferior, Beringelo estava bastante atarefado lutando com que parecia ser uma mala voadora.
- Mas o que você pensa que está fazendo?
- Essa coisa não quer parar, Debruxa. Que tipo de ser é esse?
- é uma mala moderna, nada mais.
A mala de Debruxa tinha muitos pezinhos no lugar de rodas, e na lateral estendiam-se várias asinhas que apesar de pequenas, eram rápidas e muito eficazes para vôos a distância.
- Você só precisa ficar parado, Beringelo.
- Parado? E essa coisa vai ficar me rodeando o tempo todo até que eu caia de tontura?
Debruxa desceu as escadas e assobiando algumas notas, trouxe a mala para o chão. Assim que a mala pousou, Debruxa assobiou outras notas, e a mala se abriu. Então ela tirou lá de dentro uma caixa e a colocou de lado. A seguir, assobiou outras notas e a mala se fechou dirigindo-se, usando agora os pezinhos, para o andar de cima.
- Fantástico!
Exclamou Beringelo, que gostava de tudo quanto era tipo de tecnologia.
- Como será que isso funciona?
- Não sei, não quero saber, e não será agora que descobriremos. Cadê a Pequetita?
- Pequetita?
- Sim, ela ficou de vir me ajudar com a festa. A propósito, que horas são?
Mal a pergunta foi feita, um pequeno cuco botou a cabeça para fora de sua casinha e anunciou em bom som que eram 14 horas e quarenta e cinco minutos.
- Meus Deuses, a Pequetita está demorando muito. Acho melhor prepararmos algo para comer. Você come, não é? Digo.... Você se alimenta de algo, certo? Pelo menos quando está em sua forma humanizada, come algum tipo de alimento, não é?
- Sim, quando estou humanizado, sou capaz de comer absolutamente tudo.
- ótimo. Me espere só um momento, que preciso instalar a campainha que trouxe para o chalé.
Depois de rapidamente ir até o portão, carregando a caixa que havia retirado da mala, Debruxa retornou dizendo:
- Pronto, a campainha já está instalada. Vamos ver agora o que tem na cozinha pra gente.
E dizendo isso, a bruxinha foi até a cozinha vasculhar a geladeira. Conseguiu achar um frango inteiro congelado, e após usar um feitiço de bruxas de cozinha para descongelamento rápido, temperou-o com alguns condimentos que haviam em cima das prateleirinhas do chalé da profa Mc Gonagall, colocando-o em seguida no forno. Voltou a vasculhar a geladeira em busca de algo gelado para beber, mas só conseguiu encontrar um suco de beringela com laranja, mas achou por bem não oferecer tal bebida aquele seu hóspede em especial. Quando se voltou, deu de cara com aquele Beringelo parado a observando. Era impossível não notar a presença daquela criatura, e por alguns momentos manteve seu olhar fixo naquela imagem. Assim que caiu em si, piscou algumas vezes e disfarçando o máximo foi procurar alguma fruta no quintal para preparar um suco, e quando estava voltando com algumas maçãs nas mãos, ouviu o chocalhar da sineta no portão.
- Ah, deve ser a Pequetita!
E correu para o portão, mais para não ter que passar pela experiência de ficar frente a frente com todo aquele tamanho de beringela humanizada. Assim que Pequetita entrou, foi logo perguntando:
- Que troço é aquele em cima do portão?
- Troço?
- Sim, aquela caveira.
- Ah, o esqueleto.
- Esqueleto?
- É, ou melhor, era o rival de Riman.
- Era?
- Riman o liquidou no último capítulo, e como somos amigos me deu a carcaça do esqueleto de presente.
- E você resolveu fazer sineta do pobre?
- Ficou interessante, não?
A sineta que Pequetita se referia, consistia em uma corda que ficava amarrada no pé do esqueleto e descia pendurada para o portão, na altura de qualquer mão. Assim que a corda era puxada, o esqueleto que estava acima do portão, se requebrava todo e batia palmas, fazendo um barulho, anunciando a chegada de alguém.
- Você demorou muito, Pequetita.
- Ah, foi um custo despistar Madréa. Mas ainda temos bastante tempo. E o que você está fazendo com tantas maçãs nas mãos?
- A sim! As maçãs .. e o.... o frango!
E dizendo isso, Debruxa correu para a cozinha, acompanhada por Pequetita, que vinha logo atrás com um ar interrogativo.
Assim que entraram na cozinha, Pequetita estacou na porta muito surpresa ao ver o Beringelo sentado a mesa olhando para a bola de cristal.
- O que.... quem.....
- A sim, - lembrou Debruxa, mas foi interrompida por Beringelo, que ao se levantar esticou a mão para cumprimentar a recém chegada.
- Muito prazer, eu sou o Beringelo da Terra, rei das berinjelas.
Pequetita, que se recuperava da surpresa, estendeu a mão e cumprimentou o vegetal humanizado.
- Mas eu pensei, - Disse ela, - que você era um vegetal!
- Sim senhorita, - respondeu Beringelo, puxando uma cadeira para a bruxinha. - eu sou uma berinjela. berinjela macho, diga-se de passagem.
- Deu para desconfiar. eu não consigo imaginar uma berinjela fêmea com todo esse tamanho.
- Nós vegetais da realeza, adquirimos a forma humana. Durante um tempo temos que ficar como vegetais, em nossas formas originais, mas durante outra parte do tempo, somos, não exatamente humanos, mas algo bem próximo a humanidade.
- Eu bem que desconfiava disso! Vai ver que a aquela bruxa Melagda faz parte da família das melancias! Ah, preciso contar isso a Madréa!
A bruxa Melágda, era a a responsável pelo pomar principal de Bruxópolis. Era uma bruxa muito gorda, proprietária de um gigantesco traseiro. Vivia implicando com a maioria dos habitantes, a não ser que estes tivessem algo interessante para lhe dar. Aí adquiria uma personalidade bajuladora e intragável para os que a conheciam bem. Era realmente muito interesseira, e a educação transitava por um caminho totalmente diverso ao dela.
Costumava cuidar de suas frutas, cantando, mas apesar de ser afinada, não possuía uma voz bonita. Muito pelo contrário. Tinha uma voz grave e rouca, capaz de meter medo em qualquer um quando ela bem entendesse. Principalmente quando aquele casal que morava perto de seu pomar, resolvia surrupiar rabanetes a noite.
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