Guardiões - A jornada que você nunca viu | Capitulo 1 - Guardião
Barth
Quando o sol tocava a margem do rio, Bartholomew despertava. Morar em uma cabana no meio da floresta não era algo digno de um guardião. Ele sempre pensou: não é possível, um ser como eu ainda preso nesse mundo medíocre, o que há de errado. Não havia uma forma mais correta de dizer. Barth era um Guardião, para quem entende como guardião, ele era um homem que guardava a entrada para o mundo Invitus, ou seja, um lugar longe da imaginação de qualquer um. Mas ele não era o único, na verdade eram doze, alguns dizem que são dez, pois em meados passados. Dois guardiões haviam sumido, junto com suas chaves, sua chave guardava a entrada norte, a entrada pela primeira plataforma, no seu território. Nova York, ou melhor a área do central parking. Uma área onde ninguém nunca descobriu, por que era cercada por encantamentos, que dividiam um dos lados de uma pequena ponte e quem chegasse próximo veria apenas arvores e ele, Barth nunca seria descoberto. Seus encantamentos eram fortes, mas ele sabia que não iria durar eternamente, esse encantamento já havia falhado uma vez, causando grandes transtornos. Os Caçadores o acharam e até ele fugir, e relançar o encantamento, parte da sua floresta estava completamente destruído.
Os Caçadores eram pequenos mutantes, que mudavam de forma, eles eram algo como a guarda real do mundo Invitus, eles serviam ao grande príncipe Howard, que reinava aquelas terras a poucos séculos.
O mundo dos humanos sempre foi seguro, desde sua criação, o homem nunca pisou nas terras de Invitus, não por não querer, mas era impossível, a não ser que um dos guardiões lhe cedesse a oportunidade. E isso nunca havia ocorrido. Até os dias de hoje.
Era noite e Barth preparava-se para dormir quando alguém bateu em sua porta. Um pequeno homenzinho para falar a verdade. Apenas suas batidas foram necessárias para que Barth atendesse a porta. Ele a abriu e em sua frente havia um menino, cabelos curtos e negros e olhos especialmente claros. Ele vestia uma calça jeans desbotada e uma pequena camiseta azul celeste, algo lhe dizia que o menino tinha dez ou onze anos. Ele apenas encarava Barth e não falava nada, até que Barth decidiu perguntar:
¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬— Menino, o que fazes aqui? -— Não sei, Senhor. Eu acho que me perdi, estava com minha mãe e agora não consigo acha-la.¬— O menino aparentava estar apreensivo e prestes a largar-se no choro, mas Barth o amparou dizendo:
— Qual seu nome menino?
— Helio, Senhor. Meu nome é Helio!
— Como você chegou aqui? — Barth indignado perguntou.
— Senhor, eu vim caminhando em direção a uma ponte e eu atravessei ela e depois eu estava aqui, eu senti algo estranho. Um arrepio.
— Meu Rapaz, isso é Curioso.. Muito Curioso — Barth pensava enquanto tentava adivinhar o que havia acontecido. Era impossível alguém atravessar o campo, nunca ninguém havia conseguido e um menino de dez anos não conseguiria. O Guardião não convidou-o a entrar, por que sabia que convidar qualquer pessoa para entrar, era um convite para morte. Ninguém poderia entrar em sua casa se ele não convidasse.
— Senhor, pode me ajudar? Por favor? Eu quero a minha mãe! ¬— Havia lágrimas nos olhos do menino, medo, Barth sentia que o menino estava com medo.
— Vamos caminhar, espere um segundo, me deixe pegar um casaco e lhe levarei para sua mãe, está bem. ¬— Barth entrou em sua casa e caminhou até um canto, onde agarrou um casaco, vestiu-o e saiu pela porta, em direção a noite escura, não havia muita estrela. Mas a lua pairava e brilhava iluminando o rosto do menino. Barth sabia onde encontrar a mãe do menino, eles lentamente começaram a caminhar em direção ao limite do campo. Ou pelo menos, onde Barth achava que era o limite do campo. O menino caminhava com pressa, ele queria chegar na sua mãe logo, pois agora caia lagrimas de seus olhos. Mas algo estava errado, Barth ainda acreditava que crianças não choravam sangue, dos olhos do menino escorria algo vermelho, sangue límpido. Seu rosto molhava-se com limpo e extremamente assustadora lagrimas de sangue. Barth olhou para o menino e sua reação não foi nada boa, ele estava assustado:
— O que está acontecendo? — O rosto do menino começou a se desintegrar, como poeira caindo em uma ampulheta, e em segundos, o que era um menino, era agora pó. Mas algo mais estranho aconteceu, pois a partir pó algo começou a se formar. Quem olhava poderia dizer que era uma pessoa, mas Barth sabia que aquilo não era uma pessoa. Suas feições eram assustadoras, seus olhos eram vermelhos vivo, sua boca era contorcida e cheia de dentes, aquilo possuía pequenos tufos de cabelo branco e se retorcia todo. De sua boca, Barth ouvia um sussurro:
— “ Senhor. Senhor, Eu quero minha mãe senhor. AGORA” ¬— Aquilo gritou e o coração de Barth saltou pela boca, ele se assustou e caiu no chão; ele nunca havia visto aquela coisa. Ainda que em sua vida toda ele houvesse visto, muitas espécies de seres diferentes. Barth tentou se afastar, ele estava caído no chão e aquilo estava crescendo e se aproximando dele. Correr agora não seria a coisa certa a fazer, por que mesmo ele correndo, aquela coisa iria alcança-lo, ele tinha que tomar providências, mas nenhuma solução vinha-lhe a cabeça.
Quando ocorreu uma ideia, Barth sabia que aquilo exigiria muito dele, mas ele tinha que tentar. Ele se ergueu e direcionou sua mão para o chão, havia plantas ali e elas o obedeceram.
As raízes submergiram da terra e rapidamente juntando-se umas as outras agarraram as pernas do ser que estava ali, ele não cedia, mas as plantas continuavam tentar derrubar ele. Barth estava ficando fraco, ele sabia que se continuasse ,suas forças iriam se esgotar e ele iria entrar em transe ali mesmo, ele sabia disso por que já havia acontecido e isso lhe traria prejuízos ou até mesmo lhe levar a morte.
Aquilo não cedia, cada vez que Barth acumulava força ele parecia crescer mais. Barth não sabia o que fazer, ele estava perdendo suas forças, e ele sentia que aquilo era o fim. Era aquele o fim. Mas Barth sabia que se ele morre-se aquele território ficaria desprotegido, ele teria que passar seu posto a diante, mas quem? , ele pensou.
Então ele soube que não era aquela hora que ele iria morrer, ele simplesmente sabia que ele não morreria antes que passasse o seu posto adiante. Ele gostava daquele lugar e não queria os humanos desprotegidos. Mas seus olhos estavam quase fechando e ele não queria morrer agora. Mas era tarde demais, seus olhos se fecharam e tudo o que havia de bom na sua vida escureceu. Era tudo escuridão a partir de agora.