Mudando a letra da vida - Cap. 1

Alice Brienza.

Diário.

Querido diário. Isso foi a primeira coisa que escrevi, pois aqui escreverei sobre minha vida e blá blá blá! Todos já sabem como funciona um diário...

Acabei de arrumar meu quarto, porque acabei de me mudar e estou cansada, e se isso não tivesse acontecido, eu não estaria nem cansada e muito menos escrevendo em um caderno idiota.

Fechei o diário e coloquei-o sobre a mesinha que ficava do lado da minha cama, onde estou nesse momento.

- Tudo bem filha? – Minha mãe apareceu na porta do meu quarto -, Não escutei mais os seus gritos.

Levantei-me para encará-la -, Você prefere me ver gritando ao invés de permanecer calada?

- Eu sei que é difícil pra você – ela se sentou na cama e colocou uma de suas mãos em meu rosto -, Mas não podíamos continuar na Itália.

- Deixei minha vida lá mãe, meus amigos. Só me restam lembranças. – Tentei segurar o choro sem sucesso.

- Descansa bastante. Amanhã tem aula, e o horário daqui é diferente, então você vai ficar cansada.

Ela deu um sorriso relaxado e fechou a porta, joguei com força minhas costas na cama e fechei os olhos tentando sonhar com minha antiga vida.

19/06/12 – Terça - feira. 06h00min AM

Acordei com o meu celular tocando a musica “Princess of China”, levantei-me para atendê-lo.

“Posso saber quem esta ligando há essa hora?

“Você ta um estresse que só querida! Abaixa o tom carioca.

“Alicia! Nunca mais me chame de carioca, sua besta!

“Sabia que você ia odiar – Risos -, Mas e como foi à escola nova?

“Ai deve ser 11h, mas aqui ainda são 6h, então me deixa dormi maluca!

“Você continua chata de mais, depois nos falamos.

“Pode deixar que eu vou ligar. Saudades!

Desliguei o celular, joguei-o em cima da escrivaninha e me deitei de novo. Acordei com o telefone tocando o alarme, já deve ser 07h, ta na hora da escola...

- Filha, levanta dessa cama e vai se arrumar, eu escovo seus cabelos.

- Não obrigada! – me coloquei de pé, caminhei em direção ao armário para ver as roupas.

- O que você esta fazendo? – Disse minha mãe me encarando.

- O que você acha? Vendo roupa! – Cruzei os braços.

- Essa escola não é igual a sua antiga, tem que usar uniforme.

- Como! Eu to ouvindo direito?

- Vou me retirar antes que você fique histérica, te espero lá em baixo, arrumada!

Sentei-me na ponta da cama, coloquei as mãos em meu rosto para abafar o choro.

*************

Cheguei à escola, seu nome era Mega Fox, nada parecido com um nome brasileiro, mas tudo bem.

O pátio estava cheio de alunos com aquela blusa do estado, feia de mais para acreditar. As pessoas me encaravam conforme eu ia entrando, parecia ver um alienígena. Achei um banco e sentei esperando o tal sinal tocar.

- Oi – disse um garoto de cabelos loiros, parecia modelo de uma revista adolescente -, você é nova aqui?

- Não da pra reparar? Ou você é um desses lesados que tem por ai?

- Não – ele sorriu sem se importar com a minha ignorância -, É que você é branca de mais, e seu jeito de falar, sua forma de agir, sei lá, achei legal.

- Sou da Itália, e lá estamos acostumados com o frio.

- Você ainda se sente uma deles não é?

- Como assim? Eu sou uma deles!

- Eu não nasci aqui também. Sou dos Estados Unidos, aprendi a falar português com o meu pai, ele ganhou um trabalho aqui e resolveu aceitar.

Quando eu iria comentar sobre o que ele disse o sinal tocou e todos correram feito uns vândalos para dentro. “preciso ir” foi a ultima coisa que eu disse antes de ir embora. Caminhei pelos corredores a procura da minha sala.

Daniel Marcos
Enviado por Daniel Marcos em 21/06/2012
Reeditado em 13/12/2015
Código do texto: T3736400
Classificação de conteúdo: seguro