A Ausência da Presença

(E hoje, escolhi escrever para você. Desculpe a minha falta de auto controle com a saudade.)

O tempo passou. Os meses, os dias, as horas. E tudo ficou cada vez mais distante. Não foram os quilômetros, não foi a falta de contato, muito menos a ausência de lembranças. Tudo se faz presente ainda que ausente. Entretanto, o que faz nossos passos se perderem é esse bloqueio que nos suga por dentro e gera esse silêncio que me ensurdece. Eu não quis que fosse assim, e foi. Doeu. Ainda dói quando penso que poderia ter feito diferente. Mas, não há mais nada a ser dito, a ser feito. E agora? Além de lágrimas de saudade e lembranças sorridentes, não sei o que resta.

Acordei com vontade de ouvir sua voz. Com um desejo enorme de olhar pro canto da sala de aula e encontrar seu sorriso estúpido e encantador. E mesmo com a consciência que isso não mudaria nada, não me traria você de volta, eu desejei ser uma borboleta e voar por essa estrada, e te observar de longe. Talvez amenizaria minha saudade. Talvez me mostrasse que o meu sorriso preferido ainda está intacto ali. Ou ainda me desse perspectiva para sorrir também.

As coisas tem entrado nos eixos ultimamente. Acostumei com essa nova rotina, fiz novos amigos, passei a ser mais confiante. Acho que tenho cumprido a minha promessa. Venho feito o possível para me cuidar da forma mais conveniente que consigo. Meus dias andam coloridos, eu ando bem. Só não posso dizer o mesmo do meu coração. Ele anda meio vago. Cansa fácil, ainda que esteja forte e pulsando firnemente. Falta algo que preencha esse vazio. Falta um abraço que aconchegue essa falta que você me faz.

Posso pedir algo? Eu sei que vai soar hipócrita, mas... Lembra de mim hoje? Ou melhor, de nós. De como as horas passavam rápido quando estávamos juntos, de como nós falávamos besteiras, de como sorríamos. Lembra das nossas tardes ensolaradas, das noites estreladas, daquele sorvete de morango horrível (que eu gostei, à propósito). Faz mais um esforço, e lembra do brilho dos meus olhos escuros e do meu sorriso tímido quando você me encarava com seus olhos doces. E se não for pedir demais, lembra dos abraços, porque foram eles que me levaram até você. Não precisa sentir saudade, não quero essa dor pra você. Só quero passar pela sua mente, nem que seja por um segundo, assim não me sinto idiota por você estar na minha quase todos os dias.

Chega a ser irônico escrever hoje, principalmente levando em consideração a data e o assunto. Mas, não resisti. Passei o dia ouvindo uma bendita música que me trouxe lembranças, um aperto no coração, e você nos meus pensamentos. Minha vontade de dar um sinal de vida é imensa, só que não posso colocar em alerta um alarme que não quer ser ouvido. Então, como sempre, fiz o de costume: escrevi. E deixei aqui a minha "alerta" silenciosa para não atrapalhar a sua nova melodia.

Bela Afonso
Enviado por Bela Afonso em 11/06/2012
Reeditado em 12/06/2012
Código do texto: T3718780
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