Memórias de um cachorro chamado "AU AU"
Veja vocês o nome do animalzinho aqui: “AU AU”, pode? Isso é nome de cachorro? Pois é, é o meu nome! às vezes quando eu latia, perguntava: porque estou me chamando?
Não foi fácil me acostumar com esse nome.
Fui um cachorrinho lindo, assim diziam as minhas donas. Meu pêlo era branco com umas manchinhas marrons, já nasci com um rabinho cotó. Eu era um cachorrinho feliz, adorava brincar com as crianças da rua, era amado por todo mundo. Como dizem por aí: eu era "o cara", “o cachorro da hora”.
Fora o nome, o meu maior trauma foi o meu primeiro banho. Levaram-me pra uma pia pequena, até aí tudo bem, mas quando o jato de água fria caiu no meu couro, foi terrível! nunca pensei que água fria doia tanto! então começei a esperniar e a gritar feito bicho! ops! eu era um bicho! Como estava ensaboado escorreguei e caí no chão, bem em cima do meu rabinho cotó, doeu pra caramba.
Quando alguém dizia:
- vamos dá um banho no "au au"
Eu corria léguas.
Eu tinha o costume de seguir o pessoal de casa, uma vez fui com uma das minhas donas até o ponto do ônibus. Neste dia tive outra experiência traumática: Ao atravessar a rua dei de cara com um gambá morto no meio da estrada, curioso farejei o bicho. O cheiro horrível entrou fucinho adentro, fiquei tonto, girei em círculo feito doido, quase fui atropelado por um caminhão, nunca mais passei naquela rua.
Como todo macho que se presa, adorava mulher, no caso cadelas, e elas eram doidas pelo papai aquí. Era cada cadela gata que só vendo para crer. Mas um dia conheci aquela que arrasou com a minha pobre vida de cachorro. Chamava-se baleia. Ela veio com um grupo de sem-terras que invadiu um terreno perto da minha casa, era baixinha, cheia de carrapatos, fucinho arrebitado. Mas foi paixão a primeira vista. Por ela pulei muros de até dois metros altura, quase que quebrei as minhas patinhas. Mas ela não tava nem aí para mim. Enquanto as outras cadelas patricinhas abanavam o pompom cheiroso para mim. Baleia me esnobava. Um dia ela se foi, ninguem sabe para onde, fiquei arrasado. Deixei de comer, de latir, não brinncava mais com as crianças da rua, enfim enfraqueci, e vim parar neste lugar aqui, tô ruendo um ossinho de núvem. Não sei se este lugar é o paraíso. Só sei dizer é que nenhum animal aqui é maltratado. Aqui não tem sofrimento, mas ainda me lembro daquela cadelinha rabugenta, chamada baleia.
Veja vocês o nome do animalzinho aqui: “AU AU”, pode? Isso é nome de cachorro? Pois é, é o meu nome! às vezes quando eu latia, perguntava: porque estou me chamando?
Não foi fácil me acostumar com esse nome.
Fui um cachorrinho lindo, assim diziam as minhas donas. Meu pêlo era branco com umas manchinhas marrons, já nasci com um rabinho cotó. Eu era um cachorrinho feliz, adorava brincar com as crianças da rua, era amado por todo mundo. Como dizem por aí: eu era "o cara", “o cachorro da hora”.
Fora o nome, o meu maior trauma foi o meu primeiro banho. Levaram-me pra uma pia pequena, até aí tudo bem, mas quando o jato de água fria caiu no meu couro, foi terrível! nunca pensei que água fria doia tanto! então começei a esperniar e a gritar feito bicho! ops! eu era um bicho! Como estava ensaboado escorreguei e caí no chão, bem em cima do meu rabinho cotó, doeu pra caramba.
Quando alguém dizia:
- vamos dá um banho no "au au"
Eu corria léguas.
Eu tinha o costume de seguir o pessoal de casa, uma vez fui com uma das minhas donas até o ponto do ônibus. Neste dia tive outra experiência traumática: Ao atravessar a rua dei de cara com um gambá morto no meio da estrada, curioso farejei o bicho. O cheiro horrível entrou fucinho adentro, fiquei tonto, girei em círculo feito doido, quase fui atropelado por um caminhão, nunca mais passei naquela rua.
Como todo macho que se presa, adorava mulher, no caso cadelas, e elas eram doidas pelo papai aquí. Era cada cadela gata que só vendo para crer. Mas um dia conheci aquela que arrasou com a minha pobre vida de cachorro. Chamava-se baleia. Ela veio com um grupo de sem-terras que invadiu um terreno perto da minha casa, era baixinha, cheia de carrapatos, fucinho arrebitado. Mas foi paixão a primeira vista. Por ela pulei muros de até dois metros altura, quase que quebrei as minhas patinhas. Mas ela não tava nem aí para mim. Enquanto as outras cadelas patricinhas abanavam o pompom cheiroso para mim. Baleia me esnobava. Um dia ela se foi, ninguem sabe para onde, fiquei arrasado. Deixei de comer, de latir, não brinncava mais com as crianças da rua, enfim enfraqueci, e vim parar neste lugar aqui, tô ruendo um ossinho de núvem. Não sei se este lugar é o paraíso. Só sei dizer é que nenhum animal aqui é maltratado. Aqui não tem sofrimento, mas ainda me lembro daquela cadelinha rabugenta, chamada baleia.