Vivendo em um engano (Capítulos 45 e 46)

CAPÍTULO 45

Dirigi até a antiga casa do Eduardo. Chegando lá, tive a sorte de que um carro estava saindo da garagem, aproveitei para entrar rapidamente na casa enquanto o portão se fechava. Na sala de estar, encontrei quem eu queria.

- Olá senhora Brandão.

A irmã do meu falecido amigo se virou em um salto, percebi que ela havia se assustado.

- O que você faz aqui?

- Eu sei que você mandou matar o Eduardo, eu sei de tudo.

Ela arregalou os olhos, estava nervosa, mas soube manter a calma.

- Eu não matei ninguém.

- Não foi isso que o Gabriel me disse, ele me falou muito bem que a irmã do homem que ele matou contratou o Xupeta para o "serviço".

- Que eu saiba foi você quem matou o meu querido irmão.

- MENTIRA! A senhora sabe muito bem que não fui eu, a senhora sabe que eu jamais faria nada para machucar o Eduardo.

- Claro, te conheci aquela noite e sabia tudo sobre você, até parece.

- O Eduardo sempre me falou da senhora, disse que era má, um monstro, só sabia pedir dinheiro para ele, que você gas....

- Isso é o que você diz!

- E o que está provado! Olha esta sala, meu amigo morreu e a senhora parece ter feito uma verdadeira reforma, lembro que naquela noite o piso não era desse jeito, aquela parede não...

- Fique quieta! Olha aqui menina, o Eduardo era um pão duro, guardava todo o dinheiro que ganhava.

- Porque ele não precisava de nada, já tinha tudo, não gastava com coisas desnecessárias.

- Acontece que eu preciso destas coisas que para você são desnecessárias. Imagine uma dama como eu vestir roupas repetidas nas festas, ir para fora do Brasil sem trazer presentes para mostrar aos meu amigos que eu posso, viver sem trocar de carro a cada seis meses, mostrar para todos que tudo que eu quero eu compro, isso cansa e precisa-se de muito dinheiro. Meu irmão precisa me dar mais, aquele idiota não tinha esposa, filhos, amigos...

- ELE TINHA A MIM, EU ERA AMIGA DELE.

- Mas não soube aproveitar a amizade! Se você me dissesse que estava com ele por dinheiro, eu e você poderíamos ser amigas, pois eu também só ficava do lado dele por dinheiro, assim uma ajuda a outra a tirar grana do velho.

- Eu nunca faria isso com o Eduardo.

- Por isso te deixei ser punida. Aliás como estava a cadeia, aproveitável? Espero que sim, pois é para lá que você irá voltar.

- A senhora o mandou matar por dinheiro?

- E qual seria outro motivo? O Eduardo não me dava mais dinheiro, eu precisei fazer alguma coisa, pois como única parente viva dele, eu seria a única herdeira.

- E aí a senhora conseguiu o que queria, não é mesmo?

- Foi, mas não imediatamente, depois que mandei matar o meu irmão, eu fui ver o testamento, o idiota havia deixado metade da herança para uma moça bondosa chamada Amélia e a outra metade para um instituição de caridade, precisei forjar um outro testamento, deixando tudo para mim.

- Ele havia deixado dinheiro para mim?

- Havia, mas agora você não tem mais nada, esqueceu que eu disse que fiz outro testamento? Garota idiota, igualzinha ao Eduardo.

Esta mulher é terrível, como ela pôde fazer tudo isso?

- Ah, Amélia, você me deu trabalho, sorte que sua mãe adotiva é muito comprável, dei um dinheiro para ela e ela depôs contra você, as outras coisas foram forjadas, que bom porque senão aquele advogado teria te libertado, ele é bom, preciso admitir, mesmo sendo público.

- A senhora é um monstro! Eu vou te mandar para a cadeia!

- Tenta! Só que você somente irá tentar, porque nunca irá conseguir!

Perdi a cabeça, fui para cima dela e começamos a brigar.

- Amélia! Para!

CAPÍTULO 46

Enquanto eu e a irmã monstra do meu amigo estávamos brigando, o Bernardo com o Edgar apareceram e nos separaram.

- Me solta, eu vou desfigurá-la toda! Me solta!

- Segura essa louca. Não deixe ela chegar perto de mim.

Comecei a ouvir a sirene da polícia e por incrível que pareça, fiquei aliviada, pois poderia provar a minha inocência e mandar essa monstra para a cadeia.

- A polícia está chegando, agora você será pega sua assassina.

- Eu não sou assassina, você é quem é, mandou matar o Eduardo.

- Mentira! Você é que quis dar o golpe no Eduardo, quis conquistar meu irmão para roubar o dinheiro dele.

- Não! Me solta! Você vai ver só, sua....sua...VACA!

- Amélia se acalma.

Olhei para o Bernardo e disse o que eu queria fazer, não quero mais fugir, agora eu já sei de toda a verdade, quero provar a minha inocência, para isso precisarei me entregar, estou cansada disso tudo.

- Bernardo eu não vou correr, eu vou esperar a polícia, mas você precisa ir.

- Não Amélia, agora não, chega de fugir, eu também não vou correr, está na hora de nos entregarmos.

Agora tudo estava para ser resolvido e este engano chegaria ao fim.

- Me solta seu idiota.

- Calma senhora, eu preciso mantê-la aqui nesta sala, a polícia está chegando e não podemos deixá-la fugir.

- E você acha que eu irei fugir? A fugitiva assassina é aquela ali e não eu, não devo nada a justiça.

Os policiais entraram, alguns me seguraram e me algemaram, outros fizeram isso com o Bernardo. Antes de nos levar para o carro de policia, eu pude ouvir o Edgar conversando com a Joana.

- Joana, você irá conosco para a delegacia.

- Por quê?

- Por favor nos acompanhe.

Na delegacia, fiquei em uma cela antes de me ouvirem.

Depois do meu depoimento, eu me encontrei novamente com o Thales.

- Mais uma vez estamos juntos.

- Não tinha para quem ligar.

- Você disse que a senhorita Joana Brandão é a assassina do senhor Eduardo Brandão?

- Foi ela quem mandou matá-lo, o assassino é um tal de Gabriel, eu tenho provas, você viu? Eu dei o celular com a gravação para o delegado.

- Eu vi, você foi ótima, foi uma boa ideia.

- Só tive uma ajuda da tecnologia. Mas e agora? O que irá acontecer?

- Estou recorrendo.

- Enquanto isso a madame fica fora daqui e eu continuo presa?

- Sim, me desculpe Amélia, mas as coisas não funcionam assim: você apresenta as provas para o delegado e tudo se apagar com uma borracha, as coisas são mais complicadas.

- Quanto tempo você acha que eu ficarei aqui? Ou melhor, irão me levar para a penitenciária de novo?

- Por enquanto não, você continua aqui, a senhorita Brandão já contratou os melhores advogados e o julgamento ocorrerá o mais rápido possível.

- Certo, e....Ah, eu sei que você é um advogado importante agora, que trabalha por conta própria, por isso deve estar muito ocupado, mas e o Bernardo? Você acha que pode fazer alguma coisa por ele? Eu falei dele pelo telefone com você.

- Sim eu sei, acontece que eu não posso fazer nada, ele já tem um advogado, na verdade, o advogado dele até iria pegar seu caso, mas eu apareci antes.

- Ah, então você irá me ajudar mesmo?

- Irei tentar, para mim você é um desafio, de todos os casos que eu peguei até hoje, o seu é o único que eu não ganhei.

- AINDA!

- É! Ainda.

Ainda continuo vivendo este engano. O que será que vai acontecer? Será que o Bernardo está bem? Queria tanto que ele estivesse aqui, mas eu nem sei em cela o colocaram.