Vivendo em um engano (Capítulos 43 e 44)

CAPÍTULO 43

- Você acha que a polícia já está atrás da gente?

- Provavelmente.

- Por que você passou na casa do Gabriel? Achei que estava convicto de que o Xupeta havia mentido.

- Aquela hora que eu estava fora da caverna, eu fiquei planejando passar na casa dele, não fazia sentido o Xupeta mentir sobre isso, ele parecia gostar do Gabriel, não ia envolvê-lo nesta história se não tivesse uma pouco de verdade

- Já que confirmamos que o Gabriel é o assassino, sabemos que o Edgar não mentiu, então ele não é amigo do Xupeta.

- É o que veremos agora.

- Mudando de assunto, o Edgar mora em Minas? Achei que você, ele e o Gabriel morassem em São Paulo.

- Não, o Gabriel mora por causa do Xupeta, ele trabalhava na polícia daqui, eu também trabalhava até conseguir transferência para São Paulo. Já o Edgar, hoje é final de semana, eu vi em um aparelho na casa do Gabriel, então ele está em Minas, onde a família dele mora, mas ele é de São Paulo mesmo.

- Ah sim, agora entendi.

Chegando na casa do Edgar, uma senhora apareceu na porta, depois a fechou, como se estivesse levado um susto, algum tempo depois o Edgar apareceu e sem dizer nada nos colocou para dentro de seu lar, nos levando a um quarto.

- Vocês são loucos de aparecerem aqui? Sorte que só estamos eu e minha mãe, se estivesse o resto da minha família aqui em casa seria uma confusão.

- Seu pai ainda não acredita na minha inocência, não é mesmo?

- Não. Você está bem?

- Estou.

- Sorte que a Amélia conseguiu tirar você a tempo, quando a polícia chegou na casa do Xupeta, eles reviraram tudo, tentando achar você.

- Olha Edgar, eu estou aqui por que quero saber o que você tem com o Xupeta. Eu ouvi vocês dois conversando, conversavam sobre um carregamento, assalto a um banco no qual você seria o mentor.

- Ah, sei. Você ainda estava na casa aquela hora?

- Sim, mas me conta a verdade, porque você sabe que eu irei descobrir se você estiver mentindo.

O Bernardo não precisava ser todo frio, nervoso e rancoroso daquele jeito, afinal o Edgar é o melhor amigo dele, mas tudo bem não vou me meter, só ficarei assistindo a conversa.

- Eu não vou mentir. Não sei se a Amélia te contou, mas eu disse a ela que ouvi uma conversa do Gabriel com uns dois policiais, falavam de pedir dinheiro para uns traficantes para livrá-los de serem pegos por uns meses, achei aquilo muito estranho e um dia eu segui o seu irmão, o vi entrando na favela, onde o Xupeta morava, num outro dia resolvi segui-lo até a casa do criminoso. Pesquisei durante um tempo o local e resolvi me infiltrar na gangue do Xupeta. Faz um ano que estou nessa, ou melhor, que eu estava, pois ontem acabou o meu serviço de espião.

- Espião?

- Bernardo, eu consegui a confiança do Xupeta, por trabalhar na polícia, por ser um bom detetive, eu consegui ser o braço direto dele, vi tantos crimes que ele cometeu nesse um ano que fiquei lá, mas não fiz nada, só o ajudava, claro que não na ativa, mas nos planejamentos. Com tudo isso, eu consegui descobrir algumas coisas sobre o assassinato da sua família, mexi nos documentos dele e uma vez eu encontrei umas cartas, uns vídeos, depoimentos, coisas que incriminam ele e o Gabriel, tudo o que eu precisava para ajudar na sua inocência. Quando a Amélia me ligou, eu já estava com um plano para pegar o Xupeta, conversei com meu chefe e armamos tudo para pegá-lo.

- Achei que você estava trabalhando para ele realmente.

- Eu? Trabalhando para ele? Até parece que você não me conhece, você sabe como eu odeio esse negócio de corrupção. Eu te considero como um irmão Bernardo, estava fazendo de tudo para te ajudar, para te inocentar, não iria te deixar na mão, como você pôde pensar uma coisa dessa?

- Desculpe, mas eu não estava confiando em mais ninguém depois do que o Gabriel me fez, só não o matei porque a Amélia entrou no meio.

- Você o encontrou?

- Não importa. Toma aqui, entrei no quarto daquele assassino e achei essas fotos e cartas, do assassinato da minha família, dá para incriminá-lo.

- Bom, eu tenho algumas provas contra ele também, sobre corrupção, ele irá para a cadeia e você ficará livre.

- E o Xupeta?

- Nossa, nem te contei, o Xupeta morreu, houve troca de tiros entre os policiais e a gangue dele, ele foi atingido na cabeça, morreu na hora.

O Bernardo ficou em silêncio, olhando para o chão, afinal o Xupeta era pai dele.

- Edgar, você pode ajudar a Amélia?

Olhei para ele e para o Edgar, agora chegou a minha vez.

O Bernardo é muito estranho, uma hora está parado após ouvir que seu pai criminoso foi morto, outra está com a feição comum perguntando se o Edgar pode me ajudar, como se nada tivesse acontecido.

CAPÍTULO 44

O Bernardo e o Edgar me ouviram contar tudo o que o Gabriel me disse, mas somente isso, pois depois eu não podia dar opinião para nada, os dois queria resolver tudo sozinhos.

- Onde a irmã dele mora?

- Não sei, talvez na mesma casa que o Eduardo morava, mas como isso vai me ajudar Edgar?

- Precisamos saber sobre o contato dela com o Xupeta, Edgar, se ela o procurou para armar o assassinato do irmão, telefonemas, dinheiro, alguma coisa precisa ter para provar a ligação entre os dois.

- Isto é verdade, se tivéssemos algo, mas é complicado as coisas do Xupeta já foram para a análise, o que eu posso fazer é pedir para o pessoal de lá ficar atento sobre o nome dela.

- Por que não tentamos conseguir a confissão dela?

- Não Amélia, a gente arruma aqui, tudo bem? Edgar, podemos ver as imagens da casa também, vai que lá aparece o Gabriel.

- É, pode ser, mas acho que eles á fizeram isso e mesmo assim incriminaram a Amélia, talvez seja perda de tempo.

Enquanto os super detetives ficavam ali, tentando arrumar algo para me ajudar, eu estava planejando algo.

- Bom, agora eu acho que vocês querem comer alguma coisa, não é mesmo? Quem sabe tomar um banho antes que alguém apareça e morra com o cheiro do Bernardo, hein Amélia?

Estava preocupada com meu plano, nem entendi a piadinha do Edgar, mas dei um sorrisinho amarelo para ele.

- A policia por exemplo, aliás por que eles ainda não apareceram, Edgar?

- Eu não sei, Bernardo, mas é melhor vocês se ajeitarem logo, vamos lá na cozinha, minha mãe já deve feito algo para comer.

- Vamos então. Amélia?

- Oi.

- Vamos até a cozinha comer algo, você não vem?

- Podem ir, eu já vou, só estou afim de usar o banheiro, onde fica?

- Tem esse aqui do meu quarto, mas também tem um no corredor, você quem sabe qual usar.

- Vou usar este daqui mesmo.

- Beleza, a gente está na cozinha, é só você virar a esquerda.

- Tudo bem, obrigada.

Entrei no banheiro, ouvi a porta do quarto se fechando e sai rapidamente.

Enquanto os dois ficavam conversando e não me deixavam falar nada, eu percebi que a chave de algum automóvel e um celular estavam na mesinha de cabeceira da cama do Edgar. Agora que os dois estão longe, posso colocar meu plano em ação.

Peguei a chave, o celular e sai do quarto. No corredor peguei o mesmo caminho por onde entramos e sai da casa. Lá fora apertei o botão do alarme na chave e descobri a qual carro ela pertencia, corri até ele, entrei e dei partida. Assim que estava saindo da rua ouvi a voz do Bernardo, ele estava gritando meu nome.