Fuga das Soluções

Então lá se vai toda a minha estupidez. Como? Ah, não me venha com essa! Você sabe. Ele sabe. Até a dona do bar da esquina sabe. Não foi questão de não tentar, porque tentei, porém chega uma hora que é preciso deixar os sentidos te guiarem, o que muitas vezes acaba em... Surpresas? Não sei se é exatamente isso, mas chega perto.

Eu não deveria, não podia, e ainda assim desejava. Talvez era o que eu precisava, ou nada daquilo que eu imaginava precisar. A verdade é que no meio desse monte de palavras já me perdi, assim como desconheci o rumo que aquela noite me mostrava. A lua esbanjava um brilho indescritível, as estrelas recobriam o céu em um ângulo diferente, e dessa forma, acompanhando a escuridão da noite, meu olhar, perdido na imensidão daquelas ruas já tão conhecidas, encontrou um rumo diferente a seguir. Não sei bem como aconteceu, contudo eu havia chegado ali por um motivo e este, ainda que fosse um mistério, trazia o meu sorriso de uma forma estongiante.

Não foi nada de anormal como também não foi nenhum um pouco normal. Evito as explicações, fujo de compreenssões, nego às minhas percepções. Eu não quis entender, e para falar a verdade, ainda não quero. Aconteceu como devia, não como eu esperava. Desconfio que tenha sido melhor, porém não estou afim de me admitir isso por enquanto. Prefiro deixar o silêncio falar mais alto a deixar minhas descrições cretinas dizerem o desnecessário, embora haja um desejo árduo correndo por minhas veias me pedindo por palavras e direções mais objetivas. Ainda assim, não vou afirmar nada, muito menos clarear a situação, porque esse gosto de mistério tem me fascinado.

Venho vestindo uma armadura e jogando um novo jogo. E tenho que admitir que este tem sido emocionante - cada dia uma nova tática a ser aprendida. Observo, analiso e quando me sinto confiante, dou o meu xeque-mate para iniciar uma nova partida. Além disso, ainda participo dessas brincadeiras de esconde-esconde, sendo a mocinha inocente fugindo do bandido que quer roubar meu inconsciente. Por este fato, já logo aviso: o fim dessa fuga pode ser fatal.

Bela Afonso
Enviado por Bela Afonso em 22/04/2012
Código do texto: T3627866
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.