American Idol - EPISÓDIO 09

Diário de Calvin Harris – Página 13

As coisas voltaram ao normal, pelo menos é o que eu acho. O trabalho está me cansando de mais, o pior é que eu tenho que permanecer aqui para poder sobreviver nessa selva de egoísmo. Estou estressado e tenso, mas tenho que agüentar, mesmo que minha vontade seja de pegar todos esses relatórios e contratos e jogá-los na cara do Senhor Albert, aquele velho duas caras.

Tomara que ninguém aqui nunca leia isso.

Calvin Harris (nove da manhã) Quarta-feira 16 de Junho,

no trabalho. – NY

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Fechei o diário e o guardei em minha mochila antes que alguém notasse que eu não estava fazendo meu trabalho. A verdade era que tudo estava um saco ali e eu ainda tinha que aturar os olhares e os papos chatos de Rupert. Que me pareceu tão legal no primeiro dia.

Além disso, descobri que a maioria das funcionárias fazia hora-extra para o todo poderoso Albert Damon, mas não era hora-extra comum, todo dia uma funcionária diferente ficava depois do expediente para armar a barraca do poderoso chefão.

Isso é tão nojento.

New York não é o sonho que muitos pensam, de fato a cidade é linda e mágica, vive em constante mudança e sempre haverá algo novo, porém é preciso batalhar e engolir vários sapos pra viver nela. Já estou chegando ao limite.

— O Senhor Albert precisa desse relatório pronto até o meio dia. — Donna jogou alguns papéis na minha mesa.

— Sei... — sorri para ela, mas meus olhos a fuzilavam.

Como auxiliar competente que sou, deixei tudo pronto do jeito mais próximo da perfeição possível, mas se você tem um chefe, vai entender que nada que a gente faça seja o suficiente para ele. No meu horário de almoço, o chefe veio com toda ignorância do mundo e jogou o meu relatório na minha cara.

— Imprestável, será que você é surdo ou é comprou aquele diploma numa esquina do Brooklyn? Eu pedi um relatório e não uma redação entediante. Hoje você vai ficar aqui consertando isso, tome um cafezinho se quiser, mas almoço nem pensar. Corrija seus erros antes que seja tarde mais. Calvin Harris, só podia ser do interior.

Berrou Albert soltando saliva pra todos os lados, quase amassei os papéis para fazer uma bolinha e tampar aquele bueiro, mas se eu quisesse receber no fim do mês e garantir mais meses de aluguel, teria de agüentar muito mais que isso.

Respirei fundo, contei até mil e voltei ao relatório, me esforçando ao triplo para confeccionar o relatório dos relatórios, talvez eu seja o funcionário do mês. Esse mês Emma ganhou o título e junto com o título veio um altar na sala principal. É claro que ela só ganhou por ter feito tudo que ele pediu.

“Tudo” quer dizer “Tudo mesmo”.

Quando terminei o azarento relatório, fiquei feliz, talvez ainda desse tempo de almoçar lá embaixo, mas para minha total falta de sorte o sinal tocou e todos voltaram. Albert entrou com donuts e milk-shake tamanho família, mas antes de ir para seu covil, passou na minha mesa para pegar o maldito relatório.

Não agüento mais ouvir essa palavra: relatório, relatório, relatório!

— Parece menos pior dessa vez. — resmungou.

Ignorei seu rabugem e abri meu diário assim que ele me deu as costas, não havia trabalho a fazer, então enquanto esperava...

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Diário de Calvin Harris – Página 14

Há momentos em que precisamos ser fortes, não há coisa pior do que ter me preparado durante toda minha vida, ter planejado toda minha independência, pra quando chegar aqui ver que tudo era ilusão.

New York pode ser fantástica, mas pode ser tão cruel.

Calvin Harris (uma da tarde) mesmo dia e lugar. – NY

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Guardei o diário outra vez e entrei na internet, já que não havia o que fazer. Entrei no Youtube, mas em todo vídeo que eu colocava aparecia a merchandising do American Idol, será que ninguém percebe como isso irrita?

Estava feliz assistindo a um clipe antigo do fabuloso Justin Timberlake, quando Rupert apareceu de repente com sua inconveniência e me deu um tremendo susto.

— Justin han? Ele é legal, pena que não chegue aos pés do Justin Bieber.

— Justin Bieber? Corta essa Rupert, você tá grandinho demais para ser fã desse moleque. Ele é quem não chega aos pés do Timberlake, até por que o Timberlake possui um estilo diferente e único, esse Bieber não tá com nada, aliás esse novo pop não está com nada. Acho que terei de virar cantor para revolucionar esse quadro, não há mais homens no pop como antigamente. — sem querer, acabei

tagarelando minha opinião íntima à respeito do pop atual com um idiota que segue modinhas.

— Você parece entender de música, pena que esteja equivocado...

— Rupert, eu não tenho culpa se você é um desses que deixa a mídia formar o seu gosto musical. Equivocado esse Bieber, e por acaso você não tem mais o que fazer? Não tem coisa pior que alguém atrás de mim quando estou no PC. — birrei de novo.

Cara chato!

— Ok, garoto sabe tudo, mas e aí, você não quer ir ao cinema? Eu posso descolar umas garotas e um baseadinho, depois vamos até o meu cafofo e fazemos uma surubinha, vai ser legal! — Rupert fez o pior convite que eu já havia recebido.

Ele deve ter previsto a resposta depois do meu olhar psicopata.

— Na boa, vai ver se eu estou na esquina. Seu desfrutável! — pela primeira vez em anos, deixei parte da minha educação de lado.

— Qual é Calvin? Eu sei que você gosta, aliás, aquele cara contigo no parque não é seu namorado? — despejou seu veneno.

Fiquei vermelho de raiva.

— Ele é meu amigo. Sai daqui agora Rupert, você não enxerga o óbvio? Não vai rolar nem amizade, quanto mais outra coisa! Se você continuar com essa ideia na cabeça eu vou ser obrigado a partir para a ignorância. — ameacei.

— Ignorância? — ele soltou um riso sarcástico. — Se você falando é cheio de argumentos, imagina na ignorância. Vai me bater ou vai explicar como é o golpe? Corta essa cara, saquei teu jeito...

Minha paciência foi ao limite e saiu voando pelo céu poluído de New York. Dei apenas um soco bem dado nas fuças dele e ele caiu tonto.

Simultaneamente todos correram para conferir, mas eu não ia bater nele outra vez. Eles me encaravam, minha mão doía, mas eu não ia me dar ao luxo de deixar alguém perceber.

Eu sou forte!

— Você vai pagar por isso Calvin Harris! — Rupert esbravejou ao se levantar, mas não partiu para cima de mim. Ele se dirigiu ao covil de Albert Damon.

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• Irina Andrews

Espero que as coisas voltem ao normal. Estou na rua pintando, como sempre faço, mas agora é diferente. Kyle não me deixa mais só, está sempre ao meu lado e acabei descobrindo que ele também pinta, seu imaginário é um tanto extravagante e louco, mas ele pinta com a alma, isso é o que importa e ele é mudo, ele deve expor nas pinturas aquilo que não pode falar.

Passei toda a manhã imaginando como será estranho quando eu voltar para casa. Provavelmente Calvin ainda não vai ter chegado e eu serei obrigada a passar minutos longos de silêncio constrangedor com Logan, que a essas horas deve estar fotografando para alguma grife.

Fiz uma tempestade em copo d’água.

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• Logan McNeil

Vesti a décima cueca Calvin Klein do dia e tirei mais vinte fotos de fundo branco, o resto era com eles.

— Parabéns Logan, o seu cachê será depositado em sua conta ainda hoje. — disse Marylin. A diretora de fotografia.

— Quando eu vou ver minhas fotos em outdoors por todos os lugares? — não pude deixar de perguntar, eu estava sonhando com isso.

Ela sorriu.

— Muito em breve querido, muito em breve você vai estampar os telões da Time Square e do mundo. — e picou para mim.

Vesti minha roupa e saí antes que ela me chamasse pra sair. Era bem capaz, mas eu não ia pra casa, não gosto de ficar sozinho e hoje tenho que chegar à noite. No mínimo, caso contrário serei obrigado a passar por uma situação constrangedora ao ficar sozinho em casa outra vez com Irina.

Já que eu ia receber, resolvi passar na loja para ver umas camas. Está na hora de ocupar os quartos daquele apartamento.

Enquanto esperava na fila do Subway, me lembrei de como Calvin tinha agido comigo à respeito disso. Ele é um verdadeiro amigo, pena que precisa ficar aturando àquele trabalho chato, mas todos nós precisamos passar por coisas difíceis, até ser humilhados, tenho certeza de que isso o ajudará no futuro.

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• Calvin Harris

Albert Damon saiu de seu covil bufando com Rupert logo atrás dele. Calhorda, isso é golpe baixo!

— Agredindo Funcionários hein Senhor Harris? — disse sarcástico.

— Ele me agrediu primeiro. Verbalmente. — justifiquei, mas é claro que ele não deu à mínima. Droga! Como fui me meter com esse cara?

O velho Albert estava vermelho de raiva, mas garanto que ele não estava pior que eu. Por fora eu estava calmo e tenso, mas por dentro eu estava uma bagunça, estava furioso, queria quebrar a cara desse velho, mas a minha santa educação de berço não me deixou agir, como sempre.

— Isso não é motivo Harris. Dessa vez você vai levar apenas uma advertência e um breve desconto de 10% no salário. — me repreendeu.

— E ele? — perguntei com a fúria prestes a aparecer.

— Rupert é um bom funcionário, ele vai ganhar um bônus de dez por cento.

Eu entendi imediatamente o que ele quis dizer: Albert ia tirar dez por cento do meu salário para acrescentar na conta de Rupert! Isso é injustiça, é falta de honestidade! Merda! Não posso fazer nada.

— E está dispensado por hoje. Não vou precisar da sua mísera função, que você mal consegue cumprir, por hoje. — acrescentou.

Tive de sair correndo e olhar pro chão pra não me irritar ainda mais olhando a cara desdenhosa de Rupert ao conseguir o que queria. Ainda no elevador abri meu diário pela terceira vez só nesse dia.

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Diário de Calvin Harris – Página 15

Meu dia foi péssimo, como eu esperava. Sei que estou escrevendo demais hoje, mas é necessário, preciso me distrair. Rupert estava me enchendo e acabou conseguindo deixar Albert mais fulo da vida comigo.

O pior é que eu não pude fazer nada a meu favor e ainda fui punido por aquele velho caquético que se acha o poderoso chefão.

Estou a dois passos do pedido de demissão.

Calvin Harris (três da tarde) mesmo dia,

no elevador do Empire State. – NY

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Quase esqueci que hoje era quinta, então até sábado!

E N Andrade
Enviado por E N Andrade em 19/04/2012
Código do texto: T3622198
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