SUNSET: Breaking Down / Capítulo 3 - O Médico e o Monstro
- 3 – O Médico e o Monstro
Dr. Johan, the jerk – Bella's perspective
O vôo se estendeu por horas, e quase não falávamos – o ar estava pesado demais. Por rádio, o guia comunicou os detalhes do pouso.
“Nós vamos pousar na da fazenda de Zafrina. Você vai adorar o lugar!” Alice disse empolgada, com ares de quem quer mudar de assunto.
“Essa é a minha fazenda aqui do Norte, mas é de longe a menor. É uma comunidade com diversas casas de veraneio. Recebo muitos amigos aqui, que querem conhecer o lugar. Temos piscina, um lago artificial, um campo de futebol e até pista de pouso de avião. Da próxima vez, eu quero que você venha com a sua menina para podermos aproveitar bastante.” Zafrina se esforçou para alegrar meu ânimo.
“Não estamos aqui a passeio.” riu Jasper, lembrando a todos da seriedade da situação.
Mesmo que eu quisesse, jamais poderia me esquecer do risco que corríamos aqui, e todas as coisas que estavam em jogo. Os Volturi não mandariam boa parte da sua guarda atravessar um oceano, se não estivessem certos de uma revanche.
Um espasmo sufocante tomou o meu tórax. Meu coração pulsou por um segundo, apertado no peito – algo que não sentia há muito tempo. O tempo passava rápido demais e o peso das minhas opções não me permitiam erros.
A eternidade inteira ao lado de Edward seria pouco para mim. Mas ao mesmo tempo, a ideia de ter de passar minha existência sem ele, isso era a coisa mais assustadora do mundo. Antes, eu poderia colocar um ponto final em minha vida, mas agora tínhamos Renesmee e isso também não era mais uma opção.
Eu estava ficando gananciosa demais, porque não conseguiria jamais abrir mão dos dois. Quanto mais amor uma pessoa tem, mais coisas ela tem a perder. Os dois eram algo que eu jamais poderia sacrificar. A dor da perda seria excruciante, eu não queria nem me permitir imaginar o que seria de nós se algo saísse errado. Agucei os meus sentidos, fiquei mais alerta, com a lembrança dos dois viva em minha mente. Eu não deixaria o medo me paralisar, e jamais permitiria que algo desse errado.
“Vamos preparar o avião e em cerca de duas horas, estaremos prontos para continuar. Enquanto isso, acho melhor vocês se alimentarem.” disse Zafrina, observando os nossos olhos negros. A ideia era muito feliz, já que não tivemos tempo para caçar antes da viagem - tudo estava acontecendo rápido demais. Ontem eu estava segura e feliz, deitada ao lado de Edward em nossa cama, crente de que os Volturis haviam nos deixado em paz, e hoje eu estava aqui, em meio a uma floresta gigantesca, num país estranho, lutando pela nossa sobrevivência.
Aterrizamos em uma pista no meio da fazenda de Zafrina. O lugar era muito vasto, diversos chalés se distribuíam em torno de uma praça central, onde um lago pequeno, com peixes exóticos, disputava espaço com as diversas mesas e cadeiras do lugar. Haviam tantas referências a outras culturas que eu nem achei que estava no meio de uma floresta, mas numa feira mundial. Muitas pessoas estavam reunidas, festejando, tocando uma música regional. Zafrina chamou um funcionário e o instruiu para nos alimentar. Ela fez um gesto para Carlisle, eles se despediram e saíram em direção ao aglomerado de pessoas.
Eu queria muito poder ligar para Edward e Renesmee. Chequei o meu celular, mas a bateria tinha acabado e eu comecei a odiar essa porcaria. Alice logo em seguida me estendeu o seu aparelho, colocando-o em minha mão.
“Desculpe, esqueci de arrumar o seu. Quando estamos fora, precisamos acertar as configurações. Edward não deve estar conseguindo achar você.”
Meus dedos já haviam feito a ligação antes que eu desse por mim. Aguardei impaciente o outro lado atender.
“Alô.” respondeu aquela voz, que fazia meu coração ferver. Eu respirei fundo, por hábito, como se aquilo pudesse acalmar a minha voz.
“Tudo bem?” falamos ao mesmo tempo, aflitos.
Edward riu e respondeu “Eu estarei bem assim que eu estiver com os meus amores seguros em meus braços.”
“Você leu a minha mente.” eu respondi.
“Como está Renesmee?” ele perguntou, meio incerto.
“Está segura.” respondi de pronto, sem maiores detalhes.
Um silêncio se fez por algum tempo, e eu o ouvi respirar do outro lado da ligação. Eu sabia que ele fazia isso por mim, para que eu soubesse que ele ainda estava lá.
“Eu estive pensando em tudo isso. Se alguém te obrigasse a escolher entre as duas pessoas que você mais ama no mundo, o que você faria?”
Ele fez uma longa e silenciosa pausa. Talvez ele não tivesse entendido a pergunta.
“Se alguém me obrigasse a escolher entre as duas pessoas que eu mais amo no mundo, eu não escolheria.”
“Não?”
“Não. Porque de alguma forma, eu inventaria uma terceira opção.” Ele fez uma pausa e riu. “Eu jamais poderia viver sem vocês duas.”
“Eu também.”
“Por isso mesmo, tenho a certeza de que tudo vai dar certo. Porque não importa o que aconteça, perder não é mais uma opção.”
“Obrigada. Eu já sabia a resposta, mas precisava ouvir de você. Então, até breve.”
“Até breve.”
Eu desliguei primeiro - queria que tudo isso acabasse logo, pra poder voltar para casa.
Alcancei os outros, que caminhavam pra uma instalação ao lado do curral. Os animais ficaram alvoroçados com a nossa presença. O empregado encheu um grande balde de água e nos levou para os fundos, longe dos animais, para evitar a comoção. As luzes se acenderam e pudemos ver a porta de uma imensa geladeira industrial – aquela era uma câmara de frigorífico. O homem ligou uma espécie de aquecedor elétrico que ficava no canto oposto da parede e encheu-o de água. A porta se abriu e num instante as minhas presas saltaram para fora, e os meus músculos se enrijeceram. Sangue.
Assim que entramos, pudemos ver diversos tanques, tambores, galões e prateleiras catalogadas. Aquilo parecia ser comum para ele, apesar dele parecer muito desconfortável lá dentro. O homem falou alguma coisa para Jasper, fez uns gestos em direção a uma prateleira com diversos vidros cheios de sangue resfriado e saiu em seguida.
“Ele pediu que nos servíssemos o quanto quiséssemos. Pediu desculpas, mas ele não pode permanecer aqui.” Jasper falou, enquanto pegava alguns vidros e os colocava na água em banho maria.
“Eu achei que ele estivesse com medo.” comentei, enquanto farejava as prateleiras.
“Ele estava.” Jasper riu.
Eu peguei um vidro que cheirava muito bem e me dirigi para o aquecedor.
“Esse não!” Alice exclamou, tirando o vidro das minhas mãos e colocando de volta na prateleira.
“Você tem muito bom gosto.” Jasper riu, enquanto lia a etiqueta embaixo em outra língua.
“Está escrito Sangue Humano – Juvenil - Feminino - Tipo O.” Alice traduziu.
“Argh!” Gruni, com um pouco de nojo de mim mesma. “Não sabia que Zafrina curtia essas coisas.”
“Ela não curte.” Alice revirou os olhos.
“Zafrina é uma comerciante. Ela só aceita doações, ou seja, se um humano quer vender o sangue, ela não vai recusar.” Jasper falou em tom divertido, enquanto mexia os potes de sangue no tanque.
“Como ela consegue?” Eu continuei vasculhando as prateleiras. Percebi que o sangue humano, mesmo resfriado, tinha um cheiro muito mais atrativo que o de animais, haviam diversas nuances de aromas, uma mais deliciosa que a outra. Fiquei feliz por eles estarem resfriados. Lembrei-me de quando me cortei com um papel de presente na casa dos Cullens e causei uma grande confusão por causa de uma gota de sangue.
“Agora eu entendo como você se sente.” falei para Jasper, que esperava inquieto pelos vidros se aquecerem.
Eu podia sentir o veneno inundar a minha boca. Contorci o rosto numa expressão dolorida. O sangue humano resfriado era muito mais suculento do que aquilo ali.
“É difícil resistir.” completei.
“O instinto fala mais alto. Mas você é muito mais forte do que imagina.” ele riu, enquanto checava a textura do sangue. “Às vezes me pergunto como você consegue. É irritante, acredite.”
Eu ri. Jasper pegou um vidro e estendeu outro para mim, fazendo um gesto no ar.
“Aos vegetarianos.” Ele brindou com sangue bovino.
Quando o avião levantou vôo já era alta madrugada. A lua cheia era a única coisa que iluminava a floresta lá embaixo. O avião pousou no meio do rio Amazonas, e Kanauã nos instruiu que voltaria para nos pegar no fim da tarde.
“Essas são as coordenadas de Nahuel.” Carlisle estendeu alguns papeis para o guia. “Em caso de emergência, você vai receber o meu sinal.”
“Certo. Eu me recordo das instruções. Ao pôr-do-sol venho pegá-los aqui novamente.” falou o guia antes de fechar a porta do avião.
Carlisle acenou com a cabeça e nos pusemos a correr pela margem do rio antes mesmo do avião partir. O cheiro do ar era limpo e fresco, podíamos ouvir tudo a nossa volta.
A sensação de liberdade era incrível e eu deixei o meu lado caçadora aflorar enquanto me embrenhava pela mata fechada. Meu corpo tinha sido feito para isso. Eu via tudo à minha volta, mesmo me mexendo numa velocidade assustadoramente rápida. À frente, pude ouvir um grunhido de satisfação de Jasper e eu pude entender pela primeira vez a verdadeira sensação que eles tinham quando caçavam em lugares selvagens. Era o instinto falando mais alto.
Corremos até o nascer do Sol, quando finalmente conseguimos um rastro de Nahuel. Ele havia dado as coordenadas do local, provavelmente estávamos nos aproximando pois agora eu podia sentir o seu cheiro por todos os lados. Paramos de repente.
Carlisle me chamou de volta, onde Jasper segurava Alice. Em meio à clareira, pude ver a expressão sofrida de Alice.
“Malditos meio-vampiros!” ela gritou, exasperada.
Fechou os olhos novamente, tentou se concentrar em vão. Alice tivera uma visão.
“O que houve?” perguntei aflita.
“Aro não quer mais o filho, ele quer o pai agora.” ela disse.
“Isso vai complicar muito as coisas.” Carlisle considerou.
“Mas por que o pai?” Jasper parecia ver além.
“Eu não consigo prever nada quando se trata dos meio-vampiros! Eu nos vejo chegando numa vila, sei que Carlisle vai conversar com o doutor, há uma enorme fogueira ao centro e muitas pessoas falando ao mesmo tempo, mas o resto não passa de um borrão.” Alice fechou os olhos novamente, buscando alguma coisa. “Há um livro... de couro marrom, muito velho. O livro é importante... Ele vai queimar o livro, porque é importante demais.”
“Precisamos do livro então.” Carlisle disse preocupado.
“Eu vou pegar esse livro!” Jasper exclamou, decidido.
“Não! Isso não é bom!” Alice disse, balançando a cabeça entre as mãos.
“O que faremos então?” perguntei, aflita com o olhar louco de Alice.
“É nessas horas que eu gostaria de ter Edward por perto.” ela disse desesperançada.
“Se o livro é tão importante assim, e cair em mãos erradas, será pior. É melhor que se queime o livro então.” Jasper disse, por fim, abraçando Alice e fazendo ela se acalmar.
“Estamos a poucas milha do local indicado, nós vamos chegar em poucos minutos.” Carlisle conferiu o equipamento com as coordenadas.
“Só há um jeito de saber agora, Alice.” eu falei, enquanto a colocava de volta sobre a suas pernas.
Jasper conseguiu acalmá-la com seu poder. Carlisle acenou com a cabeça e nos pusemos a correr outra vez. Quanto mais corríamos para o Oeste, mais silenciosa a mata ficava. Eu já não podia ouvir os animais selvagens, nem os insetos. Jasper percebera o perigo. Ele se aproximou com Alice ao seu lado, fez um gesto para Zafrina e ela olhou à sua volta. Eu verifiquei se o meu escudo estava firme à nossa volta, mas isso não me fez sentir mais segura. Havia algo de muito estranho no ar.
“Acho que vi um vulto.” Falei de sobressalto, ao avistar uma mancha branca cruzar por detrás de uma árvore.
“Esse odor é de caramelo queimado.” Carlisle disse, despertando o terror nos rostos dos demais.
“Vamos acelerar mais e permanecer juntos.” Jasper sussurrou. Ele passou a ladear o grupo com Carlisle, como se quisesse proteger nós três.
Caramelo queimado. Fiquei me perguntando por que esse cheiro os aterrorizava tanto. Lembrou-me apenas das tardes de domingo, quando Renê tentava fazer as vezes de mãe e preparar alguma sobremesa para a tarde, o que normalmente resultava num imenso desastre na cozinha.
Corri a toda velocidade, me esforçando para me manter entre os demais - esperava que a qualquer momento, um dos guardas de Volterra pulasse sobre nós. As árvores eram muito cerradas e ter de desviar delas parecia nos atrasar ainda mais. Podíamos perceber a luz que começava a inundar a floresta, ao mesmo tempo que o cheiro doce de caramelo queimado ia ficando insuportável.
Lembrei da pira de fogo e da fumaça insuportavelmente doce que exalava.
“Caramelo queimado. São vampiros queimando em uma pira?” sussurrei para Alice, que voltou um olhar de terror para mim.
“Não se preocupe. Eu não vi a execução do pai de Nahuel. Acho que ele ainda está vivo.” ela respondeu com uma insegurança evidente na voz.
Todos os cenários começaram a cruzar a minha mente. Nahuel e suas meio-irmãs tinham sido mortas pelos Volturi. Nossa missão havia se tornado uma verdadeira emboscada. Estávamos cercados pelo exército de Volterra. Não havia esperança para nós.
Algo pulou detrás de uma árvore e atingiu Carlisle em cheio. Tudo aconteceu tão rápido que ele mal teve tempo de gritar para continuarmos, quando algo atingiu Zafrina. Ela gritou, mas se desvencilhou rapidamente e se pôs a correr logo atrás de nós.
“Use sua ilusão, Zafrina!” Alice gritou.
“Eu estou usando.” ela falou exasperada. “Mas parece que não adianta de muita coisa. Elas não são como os outros vampiros.”
Aquela frase fez com que tudo parasse de fazer sentido na minha cabeça.
“Estamos cercadas pelas irmãs de Nahuel?” gritei, verificando logo atrás de nós se estava tudo bem com Zafrina e Carlisle.
Algo me atingiu em cheio sem que eu visse. Tudo o que eu senti foi um baque no ombro esquerdo, e a mão de Alice do outro lado me puxando de volta. Ela deu um salto no ar, e numa acrobacia olímpica, usamos o tronco das árvores à frente de apoio para um salto mortal para frente. Recobrei o equilíbrio e avistei um vulto branco à nossa frente. Ajustei a minha trajetória e assim que o vulto saltou no ar para pegar Alice, eu capturei a figura em minhas garras. Corri com ela em meus braços.
Era uma criança. Uma menina de pele rosada e olhos negros, cabelos pretos que desciam até a cintura de um jeito selvagem. Ela vestia uma túnica branca longa e simples, totalmente rasgada na barra. Olhei para as feições aterrorizadas da menina, que guinchava feito um animal no abatedouro. Não sabia o que fazer com ela, pois a criança me lembrava Renesmee. Eu podia ouvir o seu coração explodindo no peito de medo.
De repente, a menina não era mais humana, mas um animal felino. Lembrei das jaguatiricas do livro que Zafrina dera a Nessie. O bicho em minhas mãos começou a me morder com força, e eu fui perdendo a noção dos meus sentidos. Estávamos cercados por dezenas destes felinos, Zafrina ajoelhara no chão enquanto duas delas atacavam-na pelas costas. Achei que elas a despedaçariam em breve.
Eu me concentrei muito, tentando entender o que acontecia. Alice e Jasper coordenavam suas investidas - eles haviam derrubado três feras das quatro feras que os atacavam. Verifiquei meu escudo, estava com medo. Senti o elástico que circundava a todos, mas parecia tudo em vão. Ajoelhei no chão, com o felino ainda nos meus braços, e me concentrei. Senti o seu coração ainda explodindo no peito... e de repente a jaguatirica era uma menina de novo.
“São as irmãs de Nahuel!” Eu gritei.
Os outros pareciam despertar de um transe agora, e viam as irmãs de Nahuel nos cercando. Era tarde demais. Zafrina estava machucada e sua ilusão não deturpava as suas mentes por muito tempo. Carlisle tinha sido imobilizado, Alice e Jasper pararam de atacar, para evitar que mais alguém se machucasse.
Os ataques cessaram. Estávamos cercados por jovenzinhas por todos os lados, falando num idioma estranho. Eu parei, não consegui alcançar os demais. As irmãs de Nahuel estavam em posição de ataque. Protegi a pequena em minhas mãos com o meu corpo, por instinto.
As jovens se silenciaram – um outro vulto branco se aproximava devagar. Diferente das demais, que tinham feições de índias nativas, a moça que se aproximava tinha olhos azuis celeste, cabelos longos e castanhos claros, pele muito branca sem nenhuma marca ou cicatriz.
“Ajoelhem-se.” ela nos encarou, e nos vimos forçados a obedecê-la.
“Meu pai vos espera. Portei-vos com cuidado sob Vossa presença soberana, senão arranco-lhes a cabeça.” ela nos disse em inglês fluente.
Nós seguimos caminhando em silêncio pela floresta por quase meia milha.
“Mônica! Solte-os!” foi a primeira coisa que Nahuel gritou ao nos avistar chegando em sua vila.
No meio da floresta haviam pequenas ocas de índio distribuídas em círculo, em torno de uma pequena praça central onde ardia uma fogueira. Senti o cheiro doce sufocante que nós tanto temíamos – diversos restos de corpos ainda queimavam lentamente no fogo da vila. Haviam flores e frutos arranjados em potes cerâmicos em torno da fogueira. Algumas barracas mais distantes, em lona, estavam montadas perto de um poço, onde Nahuel estava acorrentado. De lá, saiu o único homem da vila, imponente, com seus olhos diabolicamente azuis, como os da menina.
“Sejam bem-vindos!” ele exclamou num sorriso largo e sádico, como se já esperasse por nós.
Elas nos largaram de imediato. Todas as jovenzinhas correram em direção a ele e, uma a uma, ele foi beijando-lhes a fronte. Por último, ele abraçou a mais forte delas, e a trouxe debaixo do seu abraço. Olhei para os outros, Carlisle fez um gesto para mim, percebi que todos estavam ajoelhados lado a lado – me juntei a eles, em silêncio.
“Vocês são os Cullens, sim?” ele perguntou. Respondemos em uníssono.
“Eu estava mesmo esperando por vocês. Tivemos um contratempo, mas está tudo resolvido agora.” ele fez um gesto para a fogueira. Alice e Carlisle se entreolharam. Permanecemos em silêncio.
“Parece que minha pequena Mônica foi um pouco dura demais com vocês.” ele riu, beijou a fronte da menina, cumprimentando-a pelo gesto.
“Mônica é realmente muito forte.” cumprimentou Jasper. “Nós não somos páreos para ela.”
“Presumo que você seja o líder.” o homem disse, enquanto levantava Jasper pela garganta. “Prazer, sou o Doutor Ansgar Johan.”
Carlisle balbulciou algo infinitamente baixo, para somente Jasper ouvir. Ele parecia aflito.
“Sou Carlisle, senhor. Ao seu inteiro dispor, vossa magnitude.” Jasper mentiu, engasgando com suas próprias palavras.
Dr. Johan sorriu, largou o pescoço de Jasper e se curvou num cumprimento elegante.
“Minhas sinceras desculpas. Nahuel me avisou que vocês viriam buscá-lo, mas no final recebemos visitantes inesperados.” ele apontou para a fogueira, onde pude agora identificar oito corpos despedaçados. “Minhas filhas estão um pouco agitadas.”
“Não queríamos alarmá-los, vossa magnitude. Peço desculpas se causamos algum mal às suas filhas.” Jasper respondeu. “Os Volturi tomaram interesse pelo vosso filho e agora querem fazê-lo prisioneiro.”
“Prisioneiro? Sei, sei. É o que todos eles dizem, depois matam-nos, esquartejam-nos e os tratam como ratos de laboratório. Meus filhos são minhas propriedades. Ninguém os levarão daqui. Eu posso protegê-los.”
Alice balançou a cabeça, como se quisesse espantar seus pensamentos. Eu sabia que ela tivera outra visão.
“Viemos aqui apenas para buscar o jovem Nahuel, senhor.” Carlisle tentou explicar. “Podemos levá-lo ao Rio de Janeiro e escondê-lo em um lugar seguro até que tudo se acalme.”
Dr. Johan pareceu enfurecer-se com o comentário, levantou a mão para Carlisle, mas pensou duas vezes.
“Escute bem, que vou dizer apenas uma vez: meus filhos são minha propriedade. Ninguém os toma de mim. Eu vou protegê-los.” ele se virou para a vila e continuou. “Eu demorei mais de quatrocentos anos para finalmente construir isso tudo. Este é o nosso refúgio, nosso santuário. Ninguém vai tomar a nossa casa de nós.”
Ele ergueu os braços no ar, e aos poucos, diversas meninas e mulheres foram surgindo de dentro das ocas, dezenas e mais dezenas, uma após a outra, foram se ajuntando no centro da vila, ajoelhando-se aos pés do pai.
** CONFIRA OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS EM "TEXTOS" ABAIXO **
N.A.: Consegui um local para postar que permite a formatação original do texto. Se for do seu interesse, continue lendo em:
https://www.fanfiction.com.br/historia/206822/Sunset_Breaking_Down