Vivendo em um engano (Capítulos 12 e 13)

CAPÍTULO 12

- Acorda! Acorda!

Abri meus olhos devagar, mas quando vi quem estava me olhando, levei um susto e comecei a me arrastar para trás, então senti um puxão em meu braço esquerdo, olhei e vi que ainda estava algemada ao assassino sangue frio.

- Não adianta correr, infelizmente estamos presos um ao outro, aonde você for eu vou e vice-versa.

Pensei que tudo fora um pesadelo, mas agora percebo que a minha vida continua de cabeça para baixo.

- Temos que ver o que vamos fazer com isto.

O louco apontou para a algema.

- Eu peguei a chave daquele policial que derrubei, tentei abrir esta coisa mas não deu certo. Vamos ver se achamos uma oficina, daí a gente pega uma ferramenta e tenta tirar.

Eu não falava nada, só o ouvia. Estou com medo dele, e se ele resolve me matar? Preciso dar um jeito de arrumar uma coisa afiada para me proteger.

- Você já se recuperou? Quando eu te joguei por cima da grade eu acho que você bateu com a cabeça no chão, pois quando te peguei no colo, porque seria mais rápido para a gente fugir, você estava meio mole e desmaiou nos meus braços.

Levei minha mão até a cabeça e lá estava um calombo, o famoso galo que o pessoal fala. Ai! Está dolorido mesmo, fiquei tão assustada com ele que nem me lembrava que havia batido a cabeça no chão, espero que não tenha sido grave, bom, eu desmaiei, mas também deve ter sido pela agitação toda, nada de grave aconteceu, nem está sangrando.

- Se você está melhor ou não, nós iremos sair daqui. Precisei parar, por causa de você, neste lugar da mata. Passar um tempo aqui é bom, pois é um pouco fechado, assim os helicópteros não veem, só que já faz tempo de mais, aposto que os policiais já entraram na mata, e se eles forem espertos, logo, logo nos acharão.

Isso! Vou ficar aqui, assim os policiais me pegarão e me levarão de volta para penitenciária, então semana que vem eu posso ser liberta, é só eu explicar que esse idiota me levou porque eu estava algemada com ele, dizer que eu não tenho nada com isso tudo. Boa! Muito boa a minha ideia, vai dar certo!

- Você é muda?

Hã? O que ele quer? Eu não vou falar com ele, mas se eu não falar, ele pode me matar. Ai, o que eu faço?

- Vamos logo, vejo que você está melhor.

- Eu não vou!

Ele me olhou de um jeito que me deu mais medo ainda. O assassino se aproximou de mim e eu me afastei, me arrastando mais para trás.

- Vejo em seu olhar que você tem medo de mim, um olhar igual ao que todos me davam naquele lugar. Eu não vou te matar, se é disso que você tem medo, mas posso pensar em te dar um golpe, fazer você desmaiar e te arrastar até uma oficina para tirar isso de mim.

Ele estava sério, me olhando profundamente. Tive um frio na espinha ainda mais forte, me arrepiei toda e estava com mais medo ainda.

- Agora se eu te desmaiar e não encontrar uma oficina nos próximos 3 quilômetros, eu posso pensar em entrar em uma casa, pegar uma faca e cortar o seu braço fora, afinal você estará desacordada mesmo, não irá saber de nada.

Ai meu Deus!

- Então? Você vai levantar e ir comigo, ou eu terei que fazer você desmaiar agora?

Eu levantei em um salto.

- Bom! Agora vamos por ali, pois os policiais virão por aqui, que foi por onde viemos, o único acesso da penitenciária até aqui. Vamos!

CAPÍTULO 13

Andamos muito, correndo mais ainda. Estávamos no meio do nada, era mato para todo lado, até que vimos uma casinha a poucos metros de onde estávamos.

Chegamos na propriedade, pulei a cerca e acompanhei o louco doentio até a casa. O lugar era uma roça, havia uma casinha, onde provavelmente os donos moravam e uma espécie de curral nos fundos.

- Faça o maior silêncio possível, vamos entrar pegar umas roupas e achar algo para tirarmos a algema.

- Por que você quer roupas?

- Quando você resolve falar, só fala besteiras.

Era a segunda vez que eu falava com ele desde que ele me obrigou a fugir, nem me conhece e diz que eu só falo besteiras, que idiota, eu só não vou discutir porque ele é um louco assassino.

- Eu quero roupas pra tirar esta de penitenciária, assim poderei circular por aí sem as pessoas saberem que sou um fugitivo.

- Então por que ao invés de você entrar e correr o risco de acordar as pessoas e ser pego, você não pega as roupas que estão no varal?

O tão esperto fugitivo olhou para trás e viu o varal cheio de roupas, fomos até lá e pegamos algumas.

- Você não vai pegar uma?

- Não obrigada!

- Você vai ficar com este macacão?

- Vou!

- Pega logo uma roupa!

A ordem é dada, e se você não quiser morrer melhor obedecer.

Peguei um short, que ficou um pouco apertado, e uma blusinha, que ficou um pouco larga, mas tudo bem, eu não estava em uma loja para escolher roupas do meu tamanho, então precisava ficar com o que tinha de melhor.

Fomos para perto de um lençol que estava no varal, enquanto eu ficava de um lado do lençol trocando de roupa, ele estava do outro lado, de olhos fechado, depois que terminei, o assassino rasgou uma parte do meu macacão penitenciário, porque não iria sair, já que ficou preso na corrente que me prendia ao louco. Depois foi a vez dele, fiquei de olhos fechados, não quero saber como ele é, só quero me libertar.

Para tentar tirar a algema, fomos até o curral e procuramos alguma coisa, mas não encontramos nada.

- O que iremos fazer agora?

- Entrar na casa.

Estava com medo, vai que ele entra e as pessoas acordam, ele vai matar as pessoas para elas não chamarem a polícia.

- Melhor não!

- Por que não? Eu quero me livrar disso.

- Eu também e acredite, mais do que você. Contudo, acho melhor a gente andar mais um pouco e tentar encontrar uma oficina.

- Vai que aqui a gente encontrar algo, nos libertamos o quanto antes e daí cada um pode fazer o que quer.

- Tudo bem, mas.....mas.....mas e se as pessoas ligam para a polícia? O que você vai fazer? Matá-las?

- Não sou desse tipo que mata por bobeira, se elas ligarem eu irei fugir.

- E se a gente não tiver se soltado? Eu não consigo correr muito bem, você já deve ter percebido. Seremos pegos. Olha, eu sei que a gente não tem se dado muito bem desde que você me jogou por aquela grade e me forçou a fugir com você........

- Você está presa comigo, acha que eu quis te trazer? Eu estava planejando fugir sozinho, mas aqueles idiotas inventaram dança de casal, não me contaram esta parte do plano daquele louco.

- Parte do plano? Quer dizer que você já sabia que aquilo iria acontecer?

- Não interessa! Irei entrar na casa e pronto.

- Não! Eu não vou com você!

- Tem certeza?

Ai que medo! Não! Eu não vou deixar ele fazer isso, se ele quiser ele que me mate, pelo menos evitarei que pessoas inocentes sejam mortas, o que provavelmente irá acontecer se ele entrar na casa, louco assassino do jeito que é.

Respirei fundo e disse com toda convicção.

- Tenho!

- Você está me enfrentando?

- Talvez! Não deixarei você entrar lá, vai que pessoas inocentes sejam mortas.

- Já disse que não mato por....

- Não acredito em você!

Ele me encarou, mesmo com muito medo, com frio na espinha, com vontade de sair correndo e imaginando como ele iria me matar, eu mantive o olhar e o encarei também. De repente um boi mugiu, levei um susto e o assassino riu de mim.

- Sabia que você estava com medo.

- HÁ!

- Foi só um boi, vamos logo!

- Eu não vou entrar com você na casa!

- E quem disse que eu vou entrar na casa? Mudei de ideia, vamos andar mais um pouco, tentamos tudo que tinha aqui no curral, se estas ferramentas aqui não funcionaram, não vai ser a tesoura que eles têm dentro da casa que vai abrir esta algema.

- Certo! Para onde vamos, então?

- Andando, quero achar um oficina o mais rápido possível.

- Com esse lugar cheio de mato, será difícil achar rapidamente uma oficina.

- É, a penitenciária fica longe mesmo! Tem até um roça aqui! Merda! Não vejo a hora de me libertar!

Fiquei com tanta raiva em ouvir esta palavra, LIBERTAR, que disse um pouco alto.

- Eu teria isso semana que vem!

- O que você disse?

Fiquei com medo de repetir.

- Nada!

Ficamos quietos! Pelo jeito terei que passar mais tempo do que imaginava com esse louco!