Joãozinho e o professor Matematiquês

Joãozinho foi obrigado a mudar de colégio, e sua mãe fez o que pode para que o filho não sentisse o impacto da mudança. É que Joãozinho dos quatro aos dez anos havia estudado no mesmo colégio, e sempre que passava de ano ficava triste, tendo dificuldade de adaptar-se aos novos professores.

A mãe preocupada matriculou o menino na única escola municipal que oferecia a série que o filho iria iniciar; e pra seu espanto descobriu que a classe seria formada por no mínimo cinquenta alunos. Saiu dali preocupada. Como seu filho iria encarar àquela nova realidade? Na véspera do início das aulas, ficou sabendo que uma escola particular havia conseguido permissão para formar a turma de 5º ano e aquela notícia tirou um peso de suas costas. O menino acostumou-se rapidamente à nova escola e seus novos colegas.

Certo dia chega o menino emburrado, resmungando e dando chute no vento. A mãe perguntou o motivo de tanta afobação.

- Tou chateado, mãe. Não tem um professor naquela escola que preste! O primeiro da fila é o professor de matemática!

- Não me diga! Que foi que os professores fizeram?

-A lista é grande. A senhora tem tempo pra me ouvir?- perguntou Joãozinho.

-Tenho todo tempo que você precisar. -respondeu a mãe cariosamente.

-Primeiro: Eles escrevem demaisssssssssssss! Enchem o quadro de ‘salsicha’. Não é os dedos deles que ficam doendo! Segundo: falam muito e dão muito assunto de uma vez só! Terceiro: A gente só vai ‘pro’ recreio depois que os ‘pirralhos’ brincam e se divertem. Os grandes ficam por último. E por último: O professor de matemática... fala coisas que a gente não entende.

- Nossa! Deve está sendo difícil mesmo. - disse preocupada. – Ou Joãozinho você não anda respondendo aos professores, não?

Meio desconfiado o moleque responde: - Não mãe, só um pouquinho.

- Joãozinho quantas vezes eu já lhe disse que não se deve responder aos mais velhos?

Ai, meu Deus!Vou passar vergonha se eu for chamada ao colégio. Com que cara vou chegar lá, me diga?

- Com essa cara que a senhora tem! – respondeu o menino. -Vai trocar de cara? Não pode. Além disso, não respondi aos professores, apenas dei a resposta que o professor Matematiquês merecia ouvir!

- Matematiquês? O que é isso? João explique-se logo.

- Ele pediu pra que nós fizéssemos uma operação, e eu disse que não éramos médicos.

- O que é que o médico tem a ver com aula de matemática? – pergunta a mãe sem compreender nada.

- Mãe a senhora tá parecendo aluada!

- Respeito, menino! Onde se viu falar com sua mãe desse jeito!

-Desculpe... mamita .- Se saiu o moleque. – É que eu disse ao professor que quem fazia operação era médico. E pedi pra ele explicar melhor. Aí ,ele mandou eu partir no meio...Voei mais alto do que urubu. -E aí, eu disse que não poderia operar nada ali na sala de aula porque faltavam as ferramentas necessárias... O professor, perguntou se eu tinha problema de vista e eu disse que quem tinha problema era ele, pois ele é que estava precisando fazer uma operação de catarata.

- Mininu! Onde se viu responder desse jeito! Onde você aprendeu isso? Comigo é que não foi – respondeu a mãe abaladíssima.

- Ô mãe! E eu estava errado? De hoje em diante vou chamá-lo de Matematiquês, pois ele não sabe ensinar matemática. O que ele fala é grego pra classe.

Dando uma pausa, prosseguiu: -Ah, já resolvi o enigma! Ele era professor de grego, como não acharam um professor para ensinar matemática empurraram o greguês pra nossa turma.

Dando um longo suspiro, saiu arrastando a mochila. A mãe ainda conseguiu ouvi-lo, resmungando:

- Coitado de nós...

23/03/12

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 23/03/2012
Reeditado em 14/08/2012
Código do texto: T3570839
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