American Idol - EPISÓDIO 02

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Diário de Calvin Harris – Página 4

Acabei de acordar, estou suado. Eu e Logan juntamos os colchões e dormimos na sala, ele ainda está dormindo na verdade, é segunda-feira dia de trabalho, mas ele não trabalha hoje, já eu, tenho que procurar emprego.

Vou tomar banho, tomar um cappuccino na rua e andar por toda Manhattan até encontrar algo que me favoreça.

Calvin Harris (duas da tarde) 30 de Maio, em Casa – NY

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E de fato foi o que fiz, mas antes de deixar minha humilde residência, deixei um bilhete pra Logan dizendo o que pretendia fazer. Vesti uma roupa social e saí pela cidade magnífica.

Perdi sessenta cópias do meu currículo só no Empire State, tirei mais cem e continuei espalhando por todos os prédios das empresas, que não eram poucas. O meio dia chegou com um sol de rachar, não tinha muito dinheiro comigo então parei no Mcdonalds e comi batata frita com coca-cola.

Saí de lá e dei de cara com alguns artistas de ruas, eles cantavam à capela, não pude deixar de perder alguns minutos admirando-os, mas o que mais chamou minha atenção foi uma garota fazendo pinturas de qualidade, ela estava sentada numa mala grande, vestia um vestido preto abarrotado, seu cabelo era loiro escuro com uma mecha verde e sua maquiagem estava borrada.

Ela pintou a face de um homem em cinco minutos, de uma forma obscurecida.

— Bom dia, quanto você cobra pelo retrato? — perguntei ansioso. Eu precisava posar para ela.

— Eu não cobro por isso, eu faço por prazer. — explicou, fez menção para que eu me sentasse na outra mala. Ela ia me desenhar também.

— Mas se você é uma artista de rua que não cobra pela sua arte, como se sustenta? Isso é tão surreal. — perguntei ansioso.

Ela sorriu lindamente.

— Não preciso, eu sou rica. Tenho alma de artista, deixei minha casa e estou morando nas ruas, vivo fazendo meus desenhos. — explicou.

— E por que não aluga um apartamento ou uma casa? — insisti.

Ter outro inquilino seria bom.

— Se você não fechar essa sua matraca eu não vou conseguir te desenhar.

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• Logan McNeil

Acordei com calor, olhei em volta e não vi Calvin em nenhum lugar. Meu relógio Champion dizia ser meio-dia. Tomei um banho rápido e fiquei de toalha aproveitando a privacidade.

— Morg! Desculpe amigão, é que eu dormi demais. Aqui está a sua ração.

A ração estava acabando depressa, isso significa que meu garoto está crescendo rápido logo vai deixar de ser um Husky Estate adolescente para se tornar um adulto, pena ele não ter uma companheira.

Encontrei um bilhete no balcão quando fui almoçar.

“Muito diferente de você, estou na rua procurando emprego. Acho que só volto ao crepúsculo, (caso não saiba o que é: crepúsculo= anoitecer) Não deixe seu cachorro bagunçar tudo e dê uma arrumada nas coisas por aí.”

Como assim caso você não saiba o que é? Não é todo homem bonito que é burro.

Calvin é estranho, uma ideia clareou meu cérebro na hora, fui mexer nas caixas e nas malas dele, olhei os livros e encontrei a agenda dele. Uma boa oportunidade para saber o que ele tanto anota.

Diário de Calvin Harris?

Então ele tem um diário, isso é esquisito. Só tem quatro páginas e coisas supérfluas, então resolvi fechar e não ler, mas é claro que ele não saberia se eu lesse, mas preferi não ler. Invadir a intimidade dos outros é um erro que não cometo.

Achei um envelope com algumas fotos dele.

Portland, 15 de Junho - meu aniversário. Dizia a legenda da primeira.

Ele está sentado numa mesa, há bexigas por todos os lados e muita gente, ele está nos holofotes com óculos fundo-de-garrafa, mas ainda assim parecia um nerd sexy dos filmes hollywoodianos.

Na legenda da outra estava escrito: Praia do Parque de Portland, sozinho.

A imagem mostrava a areia branquinha e ao longe estava Calvin de sunga brincando na água consigo mesmo.

Havia mais algumas dezenas, fotos do seu antigo quarto, fotos da sua antiga cidade, dos amigos, formatura, família... Ele deve ter sofrido para vir se virar sozinho em NY.

Deixei tudo como estava, “arrumei” o apartamento, me vesti, coloquei a coleira em Morg e saí acompanhando sua animação rumo à liberdade do mundo lá fora.

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• Calvin Harris

— Então você se chama Irina Andrews, mas você não se interessa mesmo em dividir um apartamento conosco? Eu já disse que você terá um quarto só seu e liberdade total para fazer o que quiser inclusive sair sem hora pra voltar, fazer qualquer coisa desde que cumpra com as despesas. — terminei de explicar a situação à pintora, ela aprecia começar a gostar da ideia de liberdade dentro de um apartamento.

— Tá bom, eu vou pensar no teu caso. Preciso do seu número. — pediu.

Peguei um cartão imediatamente no meu bolso, fiz alguns para o caso de precisar dar boa impressão aos contratantes.

— Calvin Harris, assistente administrativo? Que tédio. — falou.

Girei os olhos, por que as pessoas têm que ser tão difíceis e chatas logo que a conhecemos?

— Eu canto e toco violão também. — contei só pra ela ter algo em comum comigo.

Ela arregalou os olhos, zombando da minha aparência.

— Não sou tão careta assim quando estou em casa. É que eu tenho que procurar emprego, entende? — implorei por compreensão.

— Estou começando a gostar da ideia de dividir um AP com um cantor e um modelo, mas antes você vai ter que me convencer. PESSOAL! SE APROXIMEM, ESTE HOMEM VAI CANTAR PARA NÓS. Acho melhor você ter um bom repertório.

— Você tá louca? Eu não estou com o meu violão aqui. — briguei envergonhado.

As pessoas já estavam se amontoando. Criei coragem, imaginei a melodia do Linkin Park na minha mente, fechei os olhos e soltei o gogó.

— When my time comes

Forget the wrong that I've done

Help me leave behind some

Reasons to be missed

Don't resent me

And when you're feeling empty

Keep me in your memory

Leave out all the rest

Leave out all the rest

Forgetting

All the hurt inside

You've learned to hide so well

Pretending

Someone else can come and save me from myself

I can't be who you are...

Abri os olhos e vi todo mundo de olhos arregalados me encarando como se eu fosse uma aberração da natureza solta em Manhattan.

Fiquei ansioso e inseguro, mas Irina soltou seu pincel, ficou de pé e bateu palma e logo todos bateram palmas também.

— Você é muito bom! — disse ela.

Os outros também me elogiaram e me aconselharam a me inscrever em algum programa ou cantar para profissionais de alguma gravadora. Não levei a sério, me despedi de Irina e segui meu caminho. Queria muito escrever essa experiência no diário, mas o deixei em casa.

Eram duas da tarde quando meu celular começou a tocar. As empresas já estavam interessadas, agendei entrevistas ao longo da semana, já estava longe o bastante e pronto para voltar pra casa de metrô quando o celular tocou novamente.

— Alô?

— Senhor Harris? — perguntou a voz do homem sério.

— Ele mesmo.

— Senhor, nós recebemos o seu currículo hoje cedo e ele me

agradou bastante. Ou Albert Damon o presidente da Empresa Sky Estate, trabalhamos com empresários que necessitam bastante do seu trabalho, então gostaria de agendar uma entrevista com o Senhor, caso esteja de acordo. — disse ele.

— Claro que sim, Senhor Damon.

— Entao amanhã o espero no 67º Andar do Empire State, não se preocupe, nossa empresa ocupa três andares do prédio, então não vai ter dificuldade em me encontrar. Foi um prazer Senhor Harris. — explicou. Oprimi um grito de alegria.

— O prazer é meu. — desliguei.

Tratei de anotar tudo antes que eu me esquecesse.

Segui pro Subway e cheguei em casa quando a noite já tinha caído. Logan estava exibindo seus músculos sem camisa enquanto fazia algo no fogão.

— Entao você chegou, arranjou algum trampo?

— Não, marquei várias entrevistas para arranjar emprego, trabalho e não um trampo como você fala. E você não vai arranjar nenhuma seção de fotos pra fazer não?

— Você não relaxa nunca? Eu tenho o dinheiro do aluguel pra no mínimo três meses, se preocupe só com isso. — respondeu irritado.

— Estou estressado, me desculpe. O que você tá fazendo aí?

Estava com um cheiro bom.

— Tô dando uma de Amélia e preparando seu jantar, mas você veio com tanta ignorância que perdi a vontade de cozinhar. Ia ser um presente pra você, por ter me chamado dividir o apartamento.

Ele me pareceu sentido de verdade, eu estava sendo um chato de novo, Irina tem razão, eu sou muito careta.

— Desculpa mesmo. — repeti.

Abri uma mala e dela tirei uma boxer e uma calça de moletom. Ainda estava quente, era tudo que eu queria usar, aderindo à moda Peito-nu de Logan McNeil. Depois saí meio friorento e fui ver o tal jantar que ele preparou exclusivamente para mim em agradecimento, suspeitando que fosse só um blefe.

De fato ele tinha preparado um banquete para dois.

Bolo de carne com molho negro e batatas, risoto de camarão, vinho,

estrogonofe e outros petisco.

— Você caprichou mesmo. Obrigado. — eu preciso dar mais crédito a ele.

— Eu aprendi a cozinhar com o meu tio, ele é chefe de cozinha em Minnesota, eu gostava de aprender com ele, mas tive que sair mundo a fora e buscar emprego, então isso é tudo que sei fazer. — explicou-se.

A capainha tocou.

— Está esperando alguém? — perguntei.

— Não, e você?

— Também não. — me levantei, mas Logan me impediu.

— Coma em paz, deixe que eu atendo. — ordenou.

Assenti, e enquanto Logan foi atender a porta, fiquei me perguntando quem será o mal educado que vem bater na porta dos outros bem na hora do jantar.

Houve um burburinho, me estendi para ver do que se tratava quando vi Logan colocando duas malas grandes para dentro do apartamento e quem o seguia era Irina com algumas telas de pintura.

— Roubaram algumas coisas minhas então decidi sair das ruas. — justificou-se. Sorri para ela, apesar da confusão.

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E N Andrade
Enviado por E N Andrade em 21/03/2012
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