American Idol - EPISÓDIO 01

New York, NY - Estados Unidos, Atualidade.

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Diário de Calvin Harris – Página 1

É meu primeiro dia na imensa cidade e já me sinto em casa, apesar de não conhecer praticamente ninguém. Sinto-me em casa pelo simples fato de poder sair livremente sem ter de dar satisfações aos meus pais e me sinto melhor ainda por que eu poderia sair dançando como um louco vestido de Lady gaga e ninguém ia me achar estranho. Estou na cidade das possibilidades no final da primavera, mais precisamente sentado no gramado do Central Park com meu notebook no colo.

Há dois jovens jogando frisbee e conversando ao mesmo tempo, à minha esquerda uma mãe pastora seus filhos pequenos e além destas, muitas outras pessoas estão aproveitando os 21 ºC desta tarde tão maravilhosa. Tenha um bom dia.

Calvin Harris (duas da tarde) 29 de Maio, Central Park – NY

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Fechei o diário deixando-o em cima de dois livros e voltei toda a minha atenção para o notebook onde continuei procurando emprego. Acho que vai ser difícil me manter sozinho no meu apartamento de dois quartos por mais de dois meses, as despesas são muitas, não há poupança que agüente.

Algo se chocou contra meu rosto, o maldito frisbee dos garotos perdeu o senso de direção e atingiu minhas fuças. Meus óculos de leitura caíram.

— O QUE DIABOS...

Alguém perto de mim pegou os óculos, sua armação entortou.

— Foi mal...

— ÓTIMO! Foi mal... Coisa nenhuma, foi péssimo. Eu preciso

dos meus óculos para ler, como você acha que eu vou encontrar um emprego sem eles? Como eu vou anunciar as vagas do meu apartamento sem os meus óculos? Você vai pagar por eles, essas lentes são de última geração, importadas da Ásia, custaram 894 dólares e cinqüenta e dois centavos. — fechei meu notebook, antes que outro frisbee sem senso de direção resolvesse me atingir.

— Tudo isso? Mas eu só estraguei a armação, que por sinal deve ser de latão pra amassar assim tão fácil. — disse o sujeito marrento.

Levantei-me para ficar à sua altura.

Ele era um daqueles caras bonitões, modelo com certeza, um metro e oitenta de altura, forte, vestia jeans, camisa regata e estava descalço, tinha também barba mal-feita e um cabelo preto, liso e longo penteado para trás. Pra finalizar olhos castanhos.

— De latão é a aliança da sua avó. — respondi no mesmo tom, que pareceu muito mais infantil, é claro.

Nenhum homem de vinte e um anos atinge outro cara falando mal dá avó inocente dele, que burro eu sou!

— Tá bom, eu vou pagar pela armação. Sou Logan McNeil e você é? — o tal Logan falou como se fosse uma celebridade.

— Calvin Harris, não vem com essa pra cima de mim, você pode ser modelo, mas eu nem te conheço. — deixei bem claro.

Ele girou os olhos.

— Começo de carreira, só fiz um ensaio até agora e ainda nem fui aprovado... Espera, nem sei por que to te contando isso! — se deu conta de que estava falando em demasia.

— Chega de papo, quero 200 pela armação. — cobrei, com direito a mão estendida e tudo.

De repente fui golpeado novamente, um lobo branco acinzentado pulou em cima de mim e me imobilizou em pleno parque. Devo estar sonhando.

— Saí de cima dele Morg! — Logan gritou, mas o lobo não obedeceu.

— Tira esse monstro de cima de mim! — gritei, o cachorro latiu incomodado.

Logan pegou o frisbee de volta e chamou o lobo pelo nome.

— Morg iuhuu! Aqui Morg, vai pegar...

O lobo saiu de cima de mim e foi correndo atrás do frisbee assim que Logan o arremessou bem longe.

— Mais um ponto negativo. Esse é Morg, o meu cachorro. Desculpe-me, é que ele é meio doidão. — Logan apertou minha mão, ajudando-me a levantar.

Minha camisa do Senhor dos Anéis estava arruinada, era justamente a minha favorita com Smeagle estampado. Agora estava rasgada bem no meu peito.

— Se eu soubesse que seria tão bem recebido em New York, teria ficado em Portland para sempre. Olha só o decotão que o seu lobo fez!

— Ixi! Você exagera demais, ele só um Husky Siberiano um tanto aloprado, façamos o seguinte: eu tenho um quarto numa pousada velha aqui perto, te dou uma carona até lá, arranjo outra camisa e te pago. O que acha? — apesar do seu ego chato, ele estava sendo gentil.

Peguei meus livros, meu notebook e os óculos.

— Vamos lá então. — aceitei sua sugestão.

Afinal o que mais podia me acontecer?

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Diário de Calvin Harris – Página 2

Estou no banco de trás de um táxi com um sujeitinho nada comum que estragou minha visita ao Central Park, ele é um desses caras bonitos e charmosos que fazem sucesso com a mulherada, é modelo, mas o que importa mesmo é que ele estragou meus óculos e seu cachorro ainda me atacou, falando nisso... O cachorro está deitado entre nós, atento a todos os meus movimentos, estamos indo à casa do Logan pegar uma camisa nova. Só espero que ele não seja um psicopata, pois meu primeiro dia em NY já está sendo bastante traumático.

Calvin Harris (três e trinta da tarde) 29 de Maio, No Táxi – NY

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O cara é bonitão, mas mora mal. Ele realmente não exagerou quando disse numa pousada velha, seu quarto fica no subsolo e fede a mofo, além de ser extremamente quente e pequeno, mal cabem duas pessoas e o banheiro é um quadrado de 2x2 metros.

— Que lugar horrível. — comentei.

— Obrigado pela parte que me toca, mas eu não posso arcar com as despesas de um apartamento sozinho agora. — explicou.

Uma lâmpada foi acesa no meu cérebro.

Ele abriu seu minúsculo closet abarrotado de roupas e jogou sobre a cama de solteiro algumas delas para eu escolher, havia várias boas opções. Peguei uma camisa preta simples e tratei de me livrar logo da rasgada, tirei ela e vesti a preta enquanto Logan me observava amigavelmente.

— Que foi? — perguntei envergonhado.

— Nada, oras. É que a camisa ficou boa em você. Quanto você disse que queria pela armação mesmo? — perguntou nervoso.

Resolvi deixar pra lá e fazer-lhe uma proposta.

— Esquece. Logan eu estou sozinho num apartamento bom, tem dois quartos, por enquanto só tenho colchões e coisas de primeira necessidade, mas logo poderei mobilhá-lo. Não conseguirei arcar com as despesas, não sozinho, por acaso você não quer morar lá? É muito melhor que isso aqui. — ofereci.

Logan me encarou maravilhado.

— Você não tem medo de estar convidando um estranho pra morar com você? Eu posso ser o vilão e te matar enquanto você dorme. — disse zombeteiro. Sorriu e pegou as roupas da cama.

— Estranho é esse lugar. Estou quebrando teu galho, vai querer ou não?

— Fechado.

Apertamos as mãos. Logan começou a tirar as coisas do closet, amontoou tudo na cama e começou a arrumar as malas. Ele tinha roupas e calçados demais, mas deve ser por causa da carreira, modelos devem estar na moda. Eu acho.

Mais ou menos uma depois suas três malas gigantes estavam prontas, chamamos outro táxi, ele fechou a conta na pousada, pensão, albergue ou sei lá o quê e pegou o maldito cachorro que agora me parece mais amigável.

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Diário de Calvin Harris – Página 3

Meu diário, eu sei que estou escrevendo demais em um só dia, mas é que New York não é coisa pouca, lamento dizer isso, mas acho que você vai ser tão freqüentemente usado que logo vai acabar.

Eu convidei um estranho pra dividir o apartamento comigo, é imprudente da minha parte, mas estou desesperado e preciso de alguém pra me ajudar com o aluguel. A independência dos pais não é assim tão boa, mas a gente aprende. Acho que passei tempo de mais debaixo das asas da minha mãe.

Calvin Harris (cinco da tarde) 29 de Maio, Indo pra casa – NY

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— Você tem medo de se perder? — perguntou Logan, o cachorro foi no seu colo porque uma mala não coube no porta-malas e teve de ir entre nós.

— Não, porque tá perguntando isso? — fiquei confuso com sua pergunta.

Ele encarou meu diário, fechei imediatamente.

— Você não para de fazer anotações nessa agenda. — notou.

Logan não ia entender se eu dissesse que tenho um diário. Isso soa tão estranho, mas sei que este diário vai me servir no futuro quando eu olhar para trás e desejar escrever uma nova canção.

— Você disse bem. Anotações, não passam de anotações. — menti.

O Táxi parou na frente do prédio, pra minha total surpresa Logan pagou o motorista, levamos as malas para o elevador de serviço, por sorte animais de estimação são permitidos aqui, caso contrário eu continuaria sozinho.

Paramos no décimo primeiro andar e entramos no nosso apartamento, o número 19. Estava escuro, colocamos as malas dentro, tranquei a porta e abri as cortinas, logo tudo ficou claro na sala de estar e na cozinha, que não se dividem por paredes.

— Por sorte também, o apartamento fica numa aresta, então temos janelas de dois ângulos diferentes. — expliquei.

Infelizmente estava tudo vazio, havia compras na dispensa, taças, talheres e pratos nos armários, mas no resto do apartamento só havia dois colchões na sala um violão no balcão da cozinha e um monte de caixa.

— Tá uma bagunça, mas esse apartamento é o máximo! — disse Logan soltando seu cachorro, tratei logo de conduzi-lo até a área de serviço e fechei a porta.

Começou a anoitecer, ficamos um pouco na varanda da área de serviço e depois voltamos, Logan foi tomar banho e eu fui tentar fazer o jantar.

Café amargo, arroz e omelete de queijo. A única coisa que eu sei fazer.

Às oito horas nos sentamos no balcão e comemos.

— Você toca violão? — perguntou curioso.

Logan estava com o cabelo molhado, vestindo uma cueca samba-canção e uma camisa de algodão. Tomava o café com tanto gosto que eu quase acreditei que o café estava bom.

— Sim, toco e canto, mas é uma ocupação. Eu sou formado, assistente administrativo. Três anos de muito estudo. — contei.

Ele deu mais uma garfada.

— Eu queria ter talento, mas sou um Zé ninguém, aí minha mãe me expulsou de casa, eu estava desolado quando um olheiro me viu aí eu pensei: NÃO TENHO TALENTO, MAS SOU BONITO. Comecei a fazer alguns ensaios e consigo sobreviver com isso. Sou um nômade, já morei no Canadá, México, Rússia e Austrália, mas era tudo muito caro. Então sentei meu traseiro em New York e estou aqui há um ano e meio, ainda tentando ser um modelo famoso. — contou em meio aos goles de café.

Terminamos nosso jantar escasso, ele ficou lavando a louça, eu tomei banho e quando saí Logan estava na sala tirando umas coisas das malas. Dei privacidade a ele e fui à varanda, Morg dormia aos meus pés, peguei meu violão e toquei sonolentamente.

— Oh in the mourning I’ll rise,

i n the morning I’ll let you die.

In the mourning

All my worry...

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Obrigado à todos que leram e que desejam acompanhar.

Agradeço principalmente a Marcie, minha Musa eterna, vai

ser legal quando nossas histórias secruzarem em Marcie?

Vamos deixar a dica no ar rsrsrs Beijos =D

E N Andrade
Enviado por E N Andrade em 17/03/2012
Reeditado em 17/03/2012
Código do texto: T3559465
Classificação de conteúdo: seguro
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