Adele (Capítulos 79 e 80)

CAPÍTULO 79: APÓS O HOSPITAL

Ano de 2013.

Já se passaram sete meses desde que eu que eu sai do hospital. Minha vida ultimamente se resume há terapias, alguns remédios e cursinho.

Estou com 21 anos, me sinto velha, mas a psicóloga me diz que eu ainda estou na flor da idade, mesmo assim ainda é meio complicado as coisas para eu entender.

Eu tentei transferência para São Paulo, mas como eu fui parar no hospital, não entreguei os documentos necessários no prazo dado, como eu não tinha comentado com ninguém sobre a transferência, ninguém entregou também, portanto eu não consegui a transferência. Não quis ficar na faculdade, apesar de eu saber que havia uma transferência interna, que ocorreu no final de março, fazer engenharia mecânica, não é para mim, preciso me encontrar, por isso resolvi prestar vestibular de novo e desistir da matrícula em São Carlos.

A minha tristeza é que como eu estava de cama, eu não consegui fazer a prova para estudar na usp em 2013, então agora eu começo novamente uma batalha, para passar no vestibular 2014, agora eu irei prestar artes cênicas. Serei atriz, é o que eu quero, o que eu sempre quis, por que eu irei procurar outras profissões se meu coração, MINHA VOCAÇÃO, é atuar? Minha casa é o palco, minha vida é atuar, hoje sim sou a favor de fazer o que se gosta, se fazer o que se acha que talvez seja o certo, porque nos dará mais dinheiro, dará errado, pois nunca irá se fazer corretamente o trabalho. Sem contar que essa história de dar dinheiro é furada, vejo amigos que estão com diplomas de cargos que dizem que se ganha muito, debaixo do braço, sem emprego. Já outros estão super bem em postos que são desvalorizados, pois são bom profissionais. Tem que ser um bom profissional, um diplomas as vezes não vale nada.

No cursinho novamente, mas não aquele que eu fazia antes, agora estou em um pago, na verdade consegui uma bolsa 100%, o dono do cursinho é amigo do Augusto, ele mexeu os pauzinhos e cá estou estudando para valer.

Fiquei no hospital em torno de um mês e meio, quase dois meses. Não fiquei hospital público, foram somente duas semanas, os médicos não aguentaram e deram a permissão para a insistência do Augustos e eu fui transferida para um hospital particular aqui da minha cidade. Não sei se melhoraria em quase dois meses no hospital público, mas sei que o senhor Augusto tem muita influência, parece que o ele conhece o dono do hospital particular, por isso conseguiu que eu fosse atendida sem ter plano de saúde.

Ultimamente, desde que eu sai do hospital, vou à psicóloga quatro vezes por semana, tomo remédios para várias coisas, frequento um grupo do hospital duas vezes por semana, no qual eu me encontro com pessoas que passaram ou passam pela mesma coisa que eu, daí a gente conversa, meio estilo alcoólicos anônimos. Com tudo isso vejo que apesar de eu ter sofrido muito, eu estava mesmo doente, o Lucas me ajudou muito, depois daquelas coisas que me disse eu aceitei ser ajudada. Eu não sei como me deixei chegar àquela situação, eu tenho 1,62 metros e eu massava naquela época 40 quilos, pior continuava emagrecendo. Hoje eu estou com 51 quilos, eu sei que engordei 11 quilos em pouco tempo, mas pelo menos estou dentro do meu peso ideal, ainda preciso engordar um pouquinho mais, até um 55, 56 quilos, mas logo, logo eu chego, estou me alimentando melhor, como cinco vezes por dia, corro todo dia apenas de manhã, entre outras coisas a mim recomendadas. Ainda não estou 100%, mas estou dando o meu melhor, estou lutando contra alguns pensamentos que ainda tenho, no começo foi muito difícil ficar sem correr depois de comer algo, pior ainda foi comer arroz e feijão, eu vomitei, mas me falaram que é normal. Procuro muitas notícias sobre essas coisas, porque eu vejo os fatos e consigo pensar corretamente o que eu estou fazendo e onde eu irei chegar se continuar fazendo. Em todas reuniões com as pessoas que também vivem como eu, eu sempre choro depois de um relato. Até hoje eu não falei nada, mas eu sei que meu dia vai chegar, terei que falar E chorarei muito também.

Minha vida está sendo assim agora, muita correria, estudos, terapias e reflexões, mas estou bem, estou um pouco feliz.

CAPÍTULO 80: Ombro amigo

Miau-miau-miau.

Bia? O que ela quer? Ai, será que aconteceu alguma coisa?

Eu e a Bia voltamos a nos falar antes de eu ser transferida para o hospital da minha cidade. Ela apareceu lá no hospital de São Carlos, a gente conversou muito, ela chorou até, tadinha, ela é tão sentimental. Fiquei muito feliz em não perder a amizade dela, ainda bem que ela entendeu o meu lado, o Lucas também falou com ela, enfatizando que eu nunca disse ou fiz algo para eles terminarem. Que amor! A Bia é minha melhor amiga, gosto muito dela, quando voltamos a nos falar eu disse isso à ela:

- Nunca tive a intenção de te machucar, gostar do Lucas simplesmente aconteceu, nunca me meti no relacionamento de vocês, eu queria ver vocês felizes, mesmo que me machucasse. Você é minha melhor amiga, eu gosto muito de você.

- Eu também gosto muito de você Adele.

- Me desculpa por não ter contato, eu tinha que ter te contato, talvez tenha agido errado.

- Tudo bem, eu também não devia ter te falado aquelas coisas.

Nos abraçamos e ficamos conversando por um tempão.

- Oi Bia! Tudo bem?

- Oi Adele, amiga eu estou indo para sua cidade, tudo bem?

- Ah, claro! Quando você vem?

- Eu já peguei o ônibus! Ai amiga, me desculpa falar em cima da hora, mas eu preciso da sua ajuda, eu e o Vicente terminamos, ou melhor, EU terminei com ele.

- O que aconteceu?

- Quando eu chegar eu te conto, me pega na rodoviária?

- Claro!

- Te ligo quando chegar. Até mais!

- Teh!

Que louquinha, o que será que aconteceu? Ela disse que terminou com o Vicente, qual será o motivo?

- Então você ficou com outro cara?

- Foi.

- Enquanto estava com o Vicente?

- É!

- BE-A-TRIZ!

- Ai amiga, foi sem pensar.

- Não beijamos alguém sem pensar. O que aconteceu realmente?

- Está bem, eu não posso mentir para você para poder me enganar. Eu não gosto do Vicente, daí apareceu esse cara no aniversário da Amanda e ele é muito lindo, mais novo, mas muito lindo.

- Mais novo quanto?

- Dois anos. O nome dele é Fernando, muito gato, a gente se beijou e ele tem A PEGADA.

- Caraca! Agora estou curiosa, quem é ele? É da faculdade mesmo? Calouro?

- Não! Ele é da usp de São Paulo, faz história.

- De São Paulo? E o que ele estava fazendo em São Carlos?

- A Amanda é amiga de uma amiga dele, então a aniversariante convidou a amiga e a menina convidou ele.

- Ah, então ele foi de enxerido.

- Isso mesmo! Mas que belo enxerido.

- Rsrsrs. Mas e o Vicente?

- Ele não sabe de nada.

- Quando aconteceu a festa?

- Ontem, cheguei em casa e percebi a burrada que havia cometido. Então hoje mesmo eu terminei com ele, tadinho, ele ficou um pouco triste, fiquei mal e não sabia o que fazer, então resolvi vir para cá, afinal eu preciso de um ombro amigo.

- Ai Bia! Para mim é muito errado o que você fez, você traiu, mas eu não vou ficar te julgando. Eu estou com dó do Vicente, fazia o maior tempão que vocês estavam juntos. Por que você não terminou com ele antes?

- Porque eu gostava de ficar com ele. Eu....nem sei, mas trair é tão horrível, eu me esqueci totalmente do Vicente, me esqueci que estava namorando, me sinto mal.

- E agora o que você vai fazer? Você não vai ver esse menino de novo, vai precisar encarar o Vicente na faculdade algumas vezes.

- Ai amiga, eu sei de tudo isso. Eu não gosto do menino, eu só achei ele muito gato e tive uma vontade imensa de ficar com ele, quanto ao Vicente, eu só preciso ficar um pouco afastada, logo, logo eu o esqueço.

- Espero que ele não saiba né?

- Não, ele não vai saber. O menino ficou no meu pé a festa toda, eu não quis logo de primeira, depois que acabou a festa e todo mundo foi embora, eu encontrei com ele sem querer na esquina de casa, a rua estava vazia, fomos naquele beco escurinho, sabe? Do lado da Vuvu?

- Sei qual é? Não acredito que você foi para lá.

- Fui sim, lá não é horrível, já beijei o Vicente várias vezes ali. Ai, o Vicente, coitado, não posso lembrar dele, eu sou horrível.

- Calma! Vamos relaxar. Unhas?

- Vamos!

- Depois de fazer as unhas, vamos nos arrumar e ir ao cinema, assim você esquece um pouco as coisas.

- Ai amiga, obrigada!

- Vou pegar o kitzinho de unhas da minha mãe.

Essa Beatriz! Traição! Por que as pessoas fazem isso? Aparência! Não serei a senhora certinha, agora não é o momento, só espero que o Vicente não saiba de nada.