Então, fico.

Eu não quero voltar. Não quero, não posso, não devo. Eu nunca devia ter voltado um dia. Cidade simples, mas que magia que contagia e que conforto que transmite. Fui embora decidida e a estrada tentou de todas as maneiras possíveis me fazer olhar para trás, mas não. Não só por mim, por ele também. É bom deixar de lado um pouco, pro outro ser feliz enquanto a gente olha pelos cantos - com o peso de quem sabe que fez bem. E quando a gente sabe que foi o certo, e vê o sorriso ali, completo, dói e remete a milhões de coisas, mas o certo é sempre o certo. Vocês devem entender o que isso significa.

Eu não posso voltar. Quando estive ali e ele não podia ver, tanto aconteceu e de tanto me arrependo. Às vezes minha cabeça cria coisas que não são reais só para ter motivos. Nunca poderei voltar um dia, porque mudar é normal, mas não para ele. É dócil e se preocupa hoje, mas amanhã não se lembra e se o faz, se arrepende. Por mim também, que de cara sei que é errado e que será doloroso. E cheguei a gostar e achar que merecia a dor, mas há muito o que fazer ainda. Não há tempo para essas coisas passadas e se eu me sentar e imaginar, estarei perdida em alguma parte de quem fui em outros tempos.

Eu não devo voltar. Estar ali é impossível sem esperar que ele me encontre andando em algum canto ensolarado. Estar ali é não estar em mim, longe do pensamento, agindo por impulsos que me tranquilizam por hora. Estar ali é esperar que ele mude, quando é impossível. Tentar esconder é desnecessário, porque o mar estava ali e se lembra bem. Seria constrangedor voltar depois de todo esse tempo.

É normal ouvir uma música e lembrar. Questionar e querer voltar, sempre estivera na lista - são os estágios finais. Esperei que ele entendesse, mas não havia meios. Há coisas que palavras não dizem, e meu sorriso sempre foi a única forma, mas não havia como ele ver.

É bom estar longe, porque nunca soube como é estar perto. Seria errado - aventurado, talvez. Seria tudo ou nada. Mas quando tudo aponta para o nada, eu fico no meio do caminho esperando não sei o quê. Sei que não é mais, talvez nunca tenha sido. Acho que só queria conseguir manter meus olhos nos dele, ou nos de outro, quem sabe. Ter uma conversa tranquila, coisa honesta, um pouco entregue. Confiar na confiança, mesmo que tenha se mostrado o inverso de meus conceitos.

Não há palavras que me façam mudar de ideia, voltar não é nada senão uma opção que devia ter sido jogada fora há muito tempo. Essa melodia não pode me persuadir a me aventurar na estrada para ter certeza de que acabou. Nunca terá acabado, há outros textos com essa conclusão. Mas constantemente me vejo com as mesmas questões, me levando para as mesmas frases.

Voltar seria só mais um erro. Ele nunca estaria à minha espera.