Mundo novo

Mundo Novo

Havia passado o horário de Eleon dormir, e vovó Ivete estava impaciente . Queria que o menino, o qual custava a desligar, fosse de

uma vez para a cama, mas ele se escondeu no armário . Certamente

seria uma noite inusitada .

– Eleoooonnn, venha! Já está na hora!

Ela franziu a testa, prensando um pouco os olhos, a fim de

encontrar o menino .

– Por favor! – repetiu a velhinha . Apesar de vovó Ivete de Andrada ser uma senhora muito paciente, e às vezes se desgasta por

isso, sentia-se nervosa . Aliás, vovó Ivete estressada e Eleon se divertindo eram coisas raras . Com as pernas doídas, encaminhou-se

em direção ao quarto:

– Ah, me desculpe, não vou procurar, não . . . – disse ela .

Naquele horário, os dois, como sempre, encontram-se na

Casa de Andrada, numa região chamada Jardim da Esperança,

onde moram todos os escravos da Sociedade de Mahae.

A Casa de Andrada é uma enorme instituição, que se estende de fora a

fora pelos gramados vistosos dos jardins que a rodeiam . Constitui-se num prédio alto, bem estruturado, em formato de L, ladeado por árvores altas e robustas .

– . . .mas conto uma história . Eu conto uma história se você

quiser – revelou ela já cansada e com olhar aflito .

De cabelos grisalhos, com óculos redondos de lentes grossas e

com sua camisola preferida, lilás com branco, vovó Ivete não poderia brincar com ele; guardara o final de sua energia para contar

a história . Era importante para ela . Precisava se acalmar, tomada

que estava por pensamentos impuros e não queria ser pega pelos

sistemas de segurança . Fora da Casa de Andrada, nuvens carregadas anunciavam tempestade e deixavam pesado o ambiente por ali .

– Eleon de Andrada! – falou mais forte .

Eleon, que já estava no baú, ergueu devagar a tampa do móvel

e viu a senhorinha ir lentamente se ajeitar na cama . Depois, correu

limpar a coleira que estava empoeirada .

– Você gosta de estrelas, não é?! – questionou vovó Ivete ao revê-lo .

– Ahaamm!

O pequeno escravo, no final dos seus oito anos, respondeu

bloqueando o som com os lábios e logo se juntou a ela na cama .

Vamos, mas antes?

– Rezar! – completou Eleon a frase .

Segurou a mão de vovó Ivete e recitaram duas vezes a reza:

“Próton, Senhor Protetor, criador de Mahae, cuida de nossos

corpos, cuida de nós .”

O menino estirou-se na cama e abriu olhos gigantes, ansioso

por uma das histórias de que tanto gosta .

– Quer saber como nossa terra foi descoberta?

– Descoberta? Nosso mundo não foi criado por nosso deus?

– Essa história diz coisa contrária – respondeu num ar de desleixo .

– Como?

– Ora, muitas perguntas para uma história!

Vovó Ivete sabia o quanto ele gostava de histórias . Isso o

faria acalmar .

– Eeera ummma veez . .

Este é um trecho do livro "Eleon e a busca da verdade". A obra está disponível em pdf. aqui no Recanto das Letras. Baixe e leia:

http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/3516279.

Valeu.

Alexandre Olsemann
Enviado por Alexandre Olsemann em 27/02/2012
Código do texto: T3523201
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