Adele (Capítulos 61 e 62)

CAPÍTULO 61: MOMENTO ETERNO

O Murilo não era o motorista da rodada, por isso a chave do seu carro estava com um amigo, um outro cara que morava com ele e mais confiável que o tal de Abner, era o Augusto, aquele cara para quem há um ano eu contei que gostava do Murilo, pois estava meio bêbada. O Murilo me prometeu que ele não contaria para ninguém que a gente estava saindo da festa, se alguém visse e perguntasse ele iria dizer que eu estava passando mal. Enquanto os caras que voltariam no carro dele, ele disse que arrumaria outra carona, havia muita gente de carro ali.

Fomos de carro até um hotel, eu acho que aquilo era um hotel, apesar do quarto ser bem diferente dos que eu tinha frequentado.

Mesmo tendo bebido um pouco, o Murilo não estava bêbado e dirigiu certinho até o local, sem infringir nenhuma regra do trânsito, por exemplo ele não passava no sinal vermelho, mesmo sendo de madrugada e as ruas estando livres. Mesmo assim, pedi aos céus para que não aparecesse nenhum policial, porque ele tinha uma taxa de álcool no sangue.

ATENÇÃO: darei uma de Bento Santiago e avisarei para pessoas como meu irmão, que leem meu diário para saber da minha vida, para que se for menor de idade pare de ler esta parte de minha existência, por favor! Não sei o que irá acontecer entre mim e o Murilo, assim como o Bentinho já sabia o que ocorreria em sua obra, pois eram praticamente suas memórias, mas sei que pode ocorrer algo ou não. Assim como ele alertou seus leitores e escreveu no Capítulo CXXXIII, eu o repito aqui: "Já me vais entendendo; lê agora outro capítulo". Não me responsabilizo pelos meus atos, afinal eu estou com o cara por quem sou apaixonada e agindo sem noção, não estou bêbada, mas sinto uma vontade de não largá-lo nunca, rsrs.

Estava eu e o Murilo na quarto, nos beijando. O beijo dele é tão gostoso, a boca dele é macia. Aaaaah, como eu sou boba!

Será que essa será a última vez que ficaremos juntos? Não sei, só sei que não consigo pensar em mais nada, só sei que sinto uma vontade de me entregar totalmente para ele, melhor eu para de pensar nisso.

Me afastei rapidamente, não posso pensar nessas coisas.

- O que foi? Fiz algo de errado?

- Não! É só que....esquece. Podíamos ouvir alguma música né? Está muito silêncio aqui. Aliás esse lugar é bem estranho.

- É uma das suítes master do hotel.

- Suíte master? Murilo deve ter custado uma fortuna!

- Sem problemas.

- Sem problemas? Caraca, para mim tem problema sim. É por isso que eu estranhei, geralmente fico em quartos bem menores.

- Rsrs. Eu também, quer dizer, não tão menores, mas não fico na suíte master.

- Então?

- Este hotel está cheio, estes são os únicos quartos disponíveis.

- Nossa! Desculpa, mas você tem dinheiro, né?

Ele estava arrumando o rádio, assim que sintonizou em um música linda, a música mais bela, mesmo antiguinha, da minha banda preferida, "My Heart" da banda Paramore, ele virou para me responder, todo cheio de graça.

- Não. Você é quem terá que pagar.

Ele veio até mim, me abraçou pela cintura, coloquei meus braços ao redor do pescoço dele.

- Eu? Você está brincando, né?

- Não! Me desculpa, mas você terá mesmo que pagar.

- Murilo!

- E pode começar agora, com um beijo (me deu um selinho), dois (mais um), três......

Começamos a nos beijar ao som da minha música preferida. Para uns talvez ela não seja a música ideal, mas para mim ela é PERFEITA.

Fomo até a cama, ele estava me beijava no pescoço, então eu puxei a camiseta dele, para tirá-la, ele deixou. Estávamos de joelhos no colchão, então ele colocou suas mãos no meu rosto e olhou fixamente em meus olhos, me perguntando docemente.

- Você tem certeza que quer fazer isso?

- Eu acho que nunca tive tanta certeza em minha vida.

- Adele, eu gosto de você, gosto muito.

- Eu também Murilo, por isso que eu estou aqui, por que eu quero que você marque minha vida, eu quero ser sua, inteiramente.

Ele sorriu para mim, me beijou, mas eu me afastei mais um pouco, preciso contar, porque apesar de querer tanto, eu estou com um pouco de medo.

- Murilo, eu....eu ainda.....hum, ÉAMinhaPrimeiraVez!

- Hã? Eu não entendi!

- É que.....você é o primeiro cara que....ah, eu sou virgem ainda.

Sorri meio nervosa, é muito difícil dizer isso. Eu estou muito nervosa, meio que com medo.

- Não se preocupe, prometo que serei o cara mais carinhoso do mundo. E cuidadoso também.

- Camisinha.

- É! Eu gosto muito de você Adele!

Ele me deitou na cama, nos beijamos e aquilo aconteceu.

Me senti muito feliz, muito completa. O cara que eu gosto muito estava ali, naquele quarto, junto comigo, me amando e eu a ele. Foi tudo tão quase perfeito, a música, o ambiente, ELE!

Seria perfeito se estivéssemos em Veneza como eu sempre imaginei que seria minha primeira vez, mas mesmo assim, foi romântico, fofo, lindo, carinhoso, suave, belo. Existem muitas palavras lindas que eu posso usar para descrever o momento.

Ah, só sei que foi o melhor momento da minha vida. Pelo menos até agora, não sei o que o destino me reserva, aliás esse meu destino é muito....ah, nem o que, só sei que ele me apronta cada uma. Todavia agora ele me proporcionou um belo momento. ME SINTO VIVA! FELIZ!

CAPÍTULO 62: O TEMPO E OS SENTIMENTOS

Nossa já é de manhã e me parece estar um dia lindo, com sol! Hã? Ah, como é bom acordar, olhar para o lado e perceber que tudo não passou de um sonho. Acordei e percebi que estava deitada no tórax do Murilo, ele estava com o braço ao meu redor, me abraçando. Que lindo! Que romântico! E saber que tudo isso é real, melhor ainda.

Ah, não! Isso é real, que droga, eu não quero que ele acorde e me veja assim. Meu Deus, que vergonha! Naquele momento eu estava tão entusiasmada, nervosa, e nem sei mais o que, que eu me esqueci do meu corpo. Ele deve ter pego nas minhas gorduras, deve ter notado meu papo. Não! Preciso ir embora, ele não pode ver mais isso, ele vai contar para todo mundo como eu sou gorda e estou até vendo todos rirem de mim.

Me afastei com cuidado do Murilo, levantei da cama e comecei a me arrumar o mais rápido possível. Onde eu estava com a cabeça? Eu sou uma idiota, ele deve ter feito tudo por dó, deve ter pensado "nossa ela é gorda! Agora eu não posso fugir, tudo bem irei até um fim, respirarei fundo.". Como eu fui me descuidar, deixar ele tocar em todo esse corpo gordo? Me olhei no espelho enquanto me vestia. Que gordura! Para de chorar Adele, ele vai acordar, calma! Mas toda essa gordura, esse papo, essa banha nas costas, como sou obesa!

Terminei de me arrumar e já estava saindo quando eu ouvi o som da voz dele.

- Adele?

Não podia nem olhá-lo, apenas disse duas palavras que deviam bastar por lhe proporcionar aquela noite com o monstro gordo.

- Me desculpe!

Sai praticamente correndo do hotel.

Preciso pegar um táxi, devo ter um pouco de dinheiro na bolsa, afinal era para eu ir no cinema e não em uma festa. Ai droga, está chovendo! Cadê o sol que eu vi pela janela do quarto? Também não importa, o dia não está nada bonito. O tempo só está como eu, triste.

Cheguei em casa completamente molhada. Não consegui pegar um táxi, então andei muito até um ponto de ônibus, sendo, no caminho, totalmente molhada pelas gotas de água que caiam do céu.

- Adele? Filha, o que aconteceu?

- Mãe?! Eu, ah, me desculpa! Preciso me arrumar, estou atrasada para ir para universidade.

- Mas Adele, espera!

- Mãe eu não tenho tempo, estou atrasada.

Entrei no banheiro, tirei minha roupa molhada e tomei um banho super rápido. Fui até meu quarto, devia ser umas onze horas da manhã, precisava sair da cidade o mais rápido possível, antes que a história da menina gorda se espalhasse.

- Você não acha que tem que me explicar alguma coisa mocinha?

- Eu.....

Preciso contar para ela. Não! Se minha mãe souber do ocorrido acho que irá ficar furiosa, sem contar nem sei o que ela irá pensar de mim. Sua filha, uma menina que dormiu com um cara na noite que o beija pela primeira vez. Vai pensar que sou uma.....nem ouso pensar. Não, eu não posso contar.

- Adele? Me responda, onde você estava? Você e seu irmão não foram somente ao cinema? Vocês simplesmente dormem fora e você chega dez horas em casa e ele nem telefona. Onde ele está?

- O Fernando não chegou ainda?

- Não! O que aconteceu?

- Mãe, me desculpa, eu....a gente não foi no cinema, fomos em uma festa, eu nem....Quer dizer, minha amiga nos chamou na última hora, então resolvemos ir a festa e não ao cinema. Acontece que eu e o Nando bebemos um pouco e eu dormi,.....ai, eu....eu dormi na casa de uma amiga, mas acordei depois do combinado, agora estou atrasada para ir a faculdade.

- Mas e o seu irmão?

- Ele? Ah, ele não podia dormir no casa dela.

- Por quê?

- Por quê? Ah, por....por cauda dos pais dela, como ela explicaria um menino dormindo lá? Eles não iriam gostar, então o Fernando....ah, ele foi....ah.....ele foi dormir na casa de um amigo dele. Acho que vai chegar depois do almoço. Mãe eu preciso ir para faculdade.

- Mas Adele, come alguma coisa, vai depois do almoço.

- Depois do almoço? Não! Mãe, desculpa, eu não posso.

- Por quê?

- Porque eu....ah, eu já comprei a passagem, não posso perder o dinheiro. Tchau mãe!

- Adele!

Atchim!

- Minha filha é melhor...

- Tchau mãe! Atchim! Droga! Eu te ligo e te amo, mãe!

- Tudo bem! Tchau Adele! Também te amo, filha.

Sai correndo de casa, ainda tomei um pouco de chuva, sorte que estava sem malas, só minha bolsa. Ai que frio! Atchim! Que droga! Eu não posso ficar doente.

Peguei o ônibus e cheguei a noite em São Carlos. Fui da rodoviária até a pousada a pé. Também estava chovendo em SC, logo peguei mais uma chuva grossa. Ai eu estou tremendo, mas ao mesmo tempo me sinto quente. Calma Adele! Ai minha cabeça, devo ter remédio em algum lugar do meu quarto.

- Oi! Eu....Eu sou a Adele, deixei a chave do meu quarto com a senhora, será que eu...

- Ah, Adele eu pegarei para você a chave, só um instante.

Ela não voltava logo, que saco! Eu estou mole. Atchim! Por que ela não vem?

- Adele aqui está. Você está bem? Me parece pálida.

- Eu....Não se preocupe, eu estou ótima.

Fui até meu quarto, ouvi alguém me chamar mas eu nem liguei, devia ser a senhorinha do balcão, ah mesmo que seja o Daniel Radcliffe, eu não irei atender, estava lá com ela, por que não falou comigo quando me deu a chave? Nossa estou muito mal, com muita dor de cabeça, calor, frio, estou suando. Atchim! Abre logo, vai porta, abre!

Nossa meu quarto está igual, como eu....como eu....Está tudo rodando! Tontu....ton...

- ADELE!

Abri um pouco meus olhos, alguém me segurou antes de eu cair no chão.

- Adele fala comigo! Meu Deus você está queimando, deve estar com febre. Adele, Adele!

- Murilo? Murilo é você?

Vi o rosto do Murilo, de repente ele se transformou no rosto do Lucas. Por que eu estou pensando no Lucas? É ele? Ficarei muito feliz se for.

- Não sou o Murilo, Adele! Sou eu, o Lucas. Adele, eu vou ligar para o hospital, você está muito doente.

- Não! Por....Por favor! Lucas, eu vou ficar bem, só preciso me deitar. Ah, me prometa....prometa que não vai me levar no hospital.

- Adele eu não posso, você...

- Cuide de mim. Lucas, por favor! Ficarei melhor, só quero ficar aqui....ah,....Deixe-me ficar aqui com você, por favor. Prometa que não me levará, por....favor!

- Tudo bem! Eu prometo.

Dei um sorriso para ele, precisava fic.....Ouvi um trovão. Fechei meus olhos.