Adele (Capítulos 59 e 60)

CAPÍTULO 59: ATÉ QUE ENFIM!!!

Aquele negócio subiu um pouco rápido, por isso o Nando falou para eu esperar um pouco.

O Murilo estava lá, no balcão de bebidas, será que ele estava me esperando? Ah não! Ele está conversando com uma garota. Peraí, eu me lembro dela. Ah como eu sou idiota! Melhor eu não ir lá! Ela é aquela garota que vivia atrás dele naquela festa que ele me levou, quando eu ainda estava no cursinho. O que eu faço?

Virei de costas para o Murilo e vi que o Fernando estava na minha direção, me observando. Ele fez um gesto com as mãos, me falando para me virar e ir até o Murilo, chacoalhei a cabeça dizendo não e apontei para o Murilo com a menina. O Nando riu, fazendo que não com a cabeça e fez novamente o gesto me falando para ir até os dois. Nem liguei e estava voltando para o meu irmão quando vi que uma menina se aproximou dele, beijando-o, devia ser a tal da Julia.

Me virei, respirei fundo para tomar coragem e fui até o Murilo.

- Oi!

- Ah, oi Adele!

- Eu estava conversando com meu irmão. Você o conhece, né? O Fernando?

- Sei quem é. Ele quer história, né?

- É! Historiador. Legal, né?

- É!

- Oi! Meu nome é Ana.

- Ah! Desculpa Ana, esqueci de te apresentar. Adele, esta é minha amiga Ana. Ana, esta é Adele.

- Prazer, Ana!

- Prazer! Já ouvi falar de você. Está na usp, né?

- Estou! Desculpa, mas eu não entendi, você disse que já ouviu falar de mim?

- Não, você ouviu muito bem. A garota do cursinho que passou na usp em engenharia mecânica, né?

- É, isso mesmo.

- É que tem uma foto sua lá na sala dos professores, Adele, assim como de todos os aprovados, parece que a Ana te reconheceu.

- Ah sim, verdade. E embaixo da foto o nome da faculdade e o curso em que o aprovado passou, né? Eu lembro de um professor falando disso na sala de aula.

- Isso mesmo. A Ana só exagerou um pouco, falamos de você assim como falamos de todos os aprovados, para que vocês inspirem os pré vestibulandos.

- Mas você parece especial Adele, na verdade você é a garota que eu queria conhecer, porque existe alguém que fala muito em você.

- Hã?

- Para Ana.

- Parar com o que? Só estou elogiando a garota que conquistou um lugar muito importante.

- Desculpa, eu não estou entendendo nada, melhor eu ir lá fora, respirar um pouco de ar puro.

- Eu vou com você Adele.

- Mas eu e você ainda estamos conversando Murilo. O que foi? Vai me deixar aqui sozinha?

- Acho melhor você ficar, Murilo.

- Não, Adele! Você está bêbada Ana. Toma um pouco de água, assim você melhora. E a nossa conversa já acabou faz muito tempo. Vamos Adele.

Achei meio estranho aquela conversa toda. O Murilo foi meio grosso com a tal de Ana, parecia bravo. Que mulher estranha, acabou de me conhecer e pelo jeito já me detesta. O que foi que fiz para ela? Pelo que eu me lembre nada, acho que ela me confundiu.

Eu e o Murilo fomos no quintal, tinha uma piscina, um jardim, a casa era bem grande e muito bonita. Tinha muita gente na piscina, umas dentro dela e outras dançando, bebendo, conversando, do lado de fora. Eu segui o Murilo, a gente foi até um banco que tinha no meio do jardim. Estava bem tranquilo naquele lugar, tinha umas três árvores ao redor, algumas flores, era bem bonito de noite, de dia devia ser belo.

- Bom, eu não vou fingir que nada aconteceu lá dentro. Será que você pode me contar o que ela quis dizer com aquilo tudo?

- Desculpa, a Ana estava bêbada. Quando sóbria ela até que é legal.

- Até? Vocês não são amigos?

- Éramos! É uma longa história.

- Agora são meia-noite e meia. Acho que dá tempo de ouvir. Sem contar que a bebida que meu irmão me deu já passou o efeito, portanto não irei dormir, eu acho.

- A gente dorme somente depois que passa o efeito.

- Ah, mas eu gosto de histórias.

- Rsrsrs. Eu conheci a Ana no primeiro dia de aula, a gente virou amigo, tipo melhores amigos, sabe? Bom, pelo menos eu a via como melhor amiga, mas não era recíproco.

- Deixa eu adivinhar: ela gosta de você.

- É segredo, eu não posso contar para ninguém.

- Mas eu não sou ninguém. Meu nome é Adele.

- Rsrsrsrs. Esperta!

- Brincadeira. É que eu não gosto de conversa séria, por isso vivo fazendo piadas, mesmo sendo sem graça, é para distrair um pouco, livrar da tensão. Rsrsrs. Mas, agora é sério, eu não vou contar para ninguém, tanto é que eu nem conheço ninguém aqui, só algumas pessoas do cursinho.

- Deixa eu pensar, rsrs, acho que tudo bem, mas mesmo assim promete não contar?

- Prometo.

- No começo desse ano, a Ana meio que se declarou para mim. Ela acha isso constrangedor, eu disse que era um ato de coragem, mas ela me insistiu para guardar segredo. Acontece que eu não pude corresponder aos sentimentos dela e eu disse isso, ela chorou e só queria entender o motivo. Eu não disse, pois não queria magoá-la, mas ela acabou descobrindo pelo Abner, ele mora comigo e um dia eu fiz a burrada de contar para ele sobre o que eu sentia.

- Nossa Murilo, por que ele fez isso?

- Bebida! Ele fica bêbado e fala tudo que você quiser.

- Entendo. Então ela agiu daquele jeito porque estava com ciúmes. Mas por que ela disse que eu conquistei um lugar muito importante?

- O motivo de que eu não pude e ainda não posso corresponder aos sentimentos dela Adele, é porque eu gosto de uma garota.

- Ah, você gosta é? Que triste! Quer dizer....ah, que triste para ela, porque ela gosta de você e....ah, esquece!

- Rsrsrs. Você ainda não entendeu, né?

- Entender? Desculpa, mas a única coisa que entendi é que você gosta de uma garota. Murilo eu....meu irmão falou para eu ir falar com você, mas agora eu vejo que....ai, eu acho que perdi meu tempo.

- Rsrsrs. Já te disse que você é muito desesperada, apressada?

- Hã?

- Adele, a menina que eu gosto é você.

O universo de repente parou. Não consigo dizer o que eu estou sentindo, só sei que é a melhor sensação do mundo. Borboletas dentro de mim, o sorriso apareceu no meu rosto e eu não consigo tirá-lo. Meu coração batendo mais do que o certo, ai vou ter um infarto. Não estou tremendo mas sinto que minhas mãos estão bem frias. Fala alguma coisa logo Adele, para de ficar que nem um boba olhando para ele. Onde estão as palavras quando se precisa delas?

- Adele?

- Ah, desculpa. É que eu...você...Eu não sabia....quer dizer, eu suspeitava, mas....É sério?

- Rsrs. É!

- Ah! Você deve estar me achando uma idiota, né?

- Na verdade eu estou me acostumando com esses seus transes.

- Fico toda atrapalhada na sua frente, eu....ah sou uma idiota!

- Eu não acho. Para mim você é linda, ainda mais quando fica assim.

Estávamos olhando um para o outro, ficamos assim por um tempo, acho que milésimos de segundos, mas para mim foram minutos. Nossos rostos começaram a se aproximar, minha respiração cada vez mais acelerada, então ele colocou uma mão no meu rosto, ao mesmo tempo que eu colocava a minha no rosto dele. Nossos lábios estavam bem próximos, fechei meus olhos e o que eu tanto esperei durante um certo tempo aconteceu: eu e o Murilo nos beijamos. O melhor beijo que já me deram, suave, fofo, delicado, apaixonado.

CAPÍTULO 60: A PROPOSTA

Eu e o Murilo ficamos nos beijando durante muito tempo. Não conversamos muito, o nosso lance era bem físico, rsrsrs. Quando eu e ele não estávamos nos beijando eu estava encostada nele olhando as estrelas, em silêncio, pensando e vivendo aquele momento, mas era por pouco tempo que eu ficava assim, beijá-lo era bem melhor.

O Murilo tinha ido ao banheiro, eu resolvi ficar ali, sentada no banco, pensando. Ainda estava surpresa com tudo aquilo que aconteceu, ele gosta de mim mesmo, isso é tão legal de saber. É tão bom poder beijá-lo, senti-lo, saber que isso é real. Peraí, isso é real, né? Ai, não! Será que é mais um daquele sonhos que eu tenho com ele? Calma, vou me beliscar. Mesmo assim, isso nunca dá certo.

- Até que enfim!

- Fernando? Oi!

Meu irmão está aqui, definitivamente não é um sonho. Aeeee, ELE GOSTA DE MIM MESMO!!!

- Ele te trouxe até aqui? Espero que tenha acontecido algo.

- Eu e ele nos beijamos E ele disse que gosta de mim.

- Que bom! Cadê ele agora?

- Está no banheiro. A gente ficou se beijando muito, ficamos aqui durante um tempão. Na verdade ficamos tanto tempo que até eu estou com vontade de ir ao banheiro.

Já estava me levantando para sair, quando o Fernando me segurou pela mão.

- E aí?

- O quê?

- Vai me agradecer agora ou depois que for ao banheiro. Rsrsrs.

- Nem um pouco idiota, né? Mesmo assim, obrigada, mas eu não precisei falar nada, as coisas simplesmente aconteceram.

- Toma aí então, para comemorar!

- Você sempre me dando bebida! Vou aceitar porque eu estou muito feliz e quero comemorar.

Bebi uma coisa que ele me deu, em uma virada apenas, foi bem rápido. Depois disso fui ao banheiro. Nossa como estava apertada! Beber água é muito bom, limpa bem o intestino, por consequência, toda hora estou no banheiro.

Saindo do banheiro eu ainda não tinha encontrado com o Murilo, fui dançar um pouco e depois fui beber, agora não era mais água, era bebida, mas fraca, nada muito forte, logo não ficarei bêbada.

Nossa agora que eu reparei, não acredito que o Murilo me viu com esta roupa, sem nenhuma maquiagem, totalmente desarrumada. Agora já era, pelo menos eu sei que ele gosta de mim mesmo natural, que não foi a produção que o fez tomar coragem. Rsrsrs.

Lá está ele com aquela Ana. Caraca, porque ela não se toca? Existem pessoas e EXISTEM PESSOAS, né? Se fosse comigo, eu já estaria procurando outro cara. Nossa, acho que ela força a barra para ele, coitado! Mas chega, AGORA ELE ESTÁ COMIGO, aquela garota vai ter que se acostumar.

- Oi!

- Ah, oi Adele! Aproveitando a festa?

- Claro! Murilo, querido, estava te procurando.

- Eu estava conversando com uns caras. Eu fui até o jardim mas não te achei.

- Precisei ir ao banheiro.

- Estava apertada de tanto aproveitar as bebidas, Adele?

Não sei se estava meio alta, mas aquela garota estava me irritando fazendo aquelas perguntas de boa moça ciumenta.

- Não, é que eu estava um tempão sem ir ao banheiro, porque eu e o Murilo ficamos nos beijando no jardim.

Dizer isso valeu como se eu tivesse dado um tapa na cara dela! Ela ficou me olhando, mas sem surpresa, acho que o Murilo já havia contado para ela.

- Licença! Preciso beber!

Ela saiu de perto de nós dois. Estranho, não tinha reação, nem no tom de voz.

- Acho que foi desnecessário, Adele.

- Talvez.

Antes que o Murilo pudesse dizer qualquer outra coisa, eu o agarrei e o beijei profundamente. Estava alta, certeza que estava! Se estivesse totalmente sóbria, jamais o agarraria e o beijaria desse jeito, ainda mais na frente de um monte de gente, assim em uma festa.

Fomos até o jardinzinho de novo e a coisa estava intensa, mas eu queria aquele momento intenso, ele também, provavelmente. Estávamos dando uns beijos e abraços fervorosos, uns amassos bem quentes. Rsrsrs.

- Adele...você...está bem?

- Sim! Por..quê?

- Por nada!

Me afastei dele e o olhei profundamente nos olhos.

- Uma proposta: a gente podia sair daqui, né?

- Sair? Você quer dançar?

- Rsrsrs. Não. Vamos para um lugar onde possamos ficar sozinhos, ter privacidade.

- Ah, entendo, mas não é muito ce....quer dizer, você tem certeza? Seu irmão não vai achar ruim, você sair daqui comigo?

- O Fernando? Por quê?

- Quando eu sai do banheiro, eu o encontrei e ele me disse todo sério para cuidar de você, qualquer coisa eu já era.

- Ah, ele é mais novo mas ainda assim é protetor.

- Por isso eu acho que ele não vai gostar de te ver saindo daqui comigo.

- Eu decido o que eu quero E no momento eu quero sair daqui com você.

Eu sorri para ele e o beijei depois. Queria ir para um lugar mais tranquilo, onde existisse somente eu e ele, mais ninguém. Só quero poder beijá-lo sem ter a preocupação do que as pessoas estão pensando, se estão nos olhando, não quero nada de mais. Acho que não tem nenhum mal nisso. Meu irmão não vai ficar bravo, acho até que ele vai gostar. Carpe Diem!!!

- Rs. Vou pegar a chave do carro!