Adele (Capítulos 25 e 26)

CAPÍTULO 25: CINEMA

Dindon.

- Oiiii!

- Oi Ades! E aí pronta para dar uma volta no meu possante?

- Rsrs. Possante? Ah tah! Vamos lá ver o seu POSSANTE! Rsrsrs.

O carro do pai do Lucas era um chevette cinza, um verdadeiro possante, rsrss.

- Seu POSSANTE é mara Lucas. Rsrsrs.

- Falou a rainha da ironia.

- Eu me esforço.

No cinema do shopping.

- E aí qual filme vamos assistir?

- Não sei. Estava querendo assistir Agulhas Negras, mas não está em cartaz aqui.

- Que chato. Vamos assistir aquele ali, parece bom.

- De ação?

- É! Por quê?

- Nada! Achei que você queria assisti um romance!

- Você passa um semestre fora da cidade e volta assim, como se não me conhecesse. Quero só ver daqui um ano, acho que nem meu nome você lembrará.

- Ah! Esqueci mesmo que você não gosta de romance no cinema.

- Em todos os sentidos! Rs.

- Rsrsrs. Que droga, meu plano então já era.

- Hã? Plano?

- Brincadeira.

- Ah, está bem. Bobo. Vamos andar então, já que não tem filmes legais.

- Filmes legais têm, o problema é que ele não nos agradam.

- Tanto faz. Vamos andar e conversar!

- Ok, mas terá que ser por umas duas horas.

- Hã?

- Tenho que resolver umas coisas para meu pai, então você me ajuda a fazer hora aqui até dar o horário de eu voltar para casa.

- Então quer dizer que você iria assistir filme para fazer hora? Estava me usando para passar o tempo senhor Rocha? Achei mesmo que queria me ver.

- Você sempre diz que amigos servem para essas coisas.

- Rsrsrs. Ok! Então está bem! Vamos assistir um filme porque ficar andando por duas horas não vai dar.

- Legal o filme, né?

- Ah! Um pouco, não gostei do final, estava na cara que o loiro era o bandido.

- Estava? Sou lerda então, porque não percebi.

- É acho que sim.

- Lucas! (dei um soquinho de leve no ombro dele)

- Rsrsrs. Estou brincando, calma, não precisa me bater. Rsrs.

- Rsrs. Para você aprender E foi de leve.

- Eu sei, brincadeira de novo.

- Quando eu terei que te levar a sério de verdade, eu não levarei também. Rsrs. E aí, como está a facul desde a última vez que nos vimos?

- Muito legal, mas foi cansativa por causa das provas.

- Festas?

- Muitas e divertidas.

- Garotas?

- Rsrs. Isso é complicado.

- Pegou várias desde a última que você falou, né?

- É! Brincadeira. Eu não fiquei com muitas não, só umas quatro, que é pouco comparando com os meninos que moram comigo.

- É a facul transforma um homem. Rsrs. Quem diria isto de você Lucas? Um cachorrinho.

- Cachorro não, de jeito nenhum. Só estou experimentando para tentar encontrar uma menina.

- ENCONTRAR? Corta essa! Você está é aproveitando. Que menina você quer encontrar? Pelo que eu saiba você nem tem perfil para A GAROTA PERFEITA.

- Eu não preciso ter perfil. Só preciso sentir.

- "CONHECENDO MAIS UM POUCO DE LUCAS ROCHA", "Então senhor Rocha, o que mais eu não sei?".

- Bobona. Na verdade eu não estou procurando, eu só estou querendo....hum....substituir.

- Substituir?

- É! Quer dizer,...Aff, deixa quieto Ades, falei de mais.

- Falou de mais? Lucaaaas, sou eu, a Adele. O que você está escondendo de mim? Achei que não tínhamos segredos.

- E não temos.

- Não foi isso que eu entendi com o "deixa quieto", "falei de mais". Você está querendo esquecer alguma garota?

- NÃO! Adele, é sério, é bobeira, já passou, vamos esquecer isso, está bem?

- Para com isso Lucas! Me conta! Somos amigos, eu nunca te escondi nada.

- Mas acontece que esse assusto eu já esqueci.

- Mentira.

- Adele não! Eu não vou te falar nada, e é melhor irmos logo porque vai chover e você precisa chegar logo em casa, sua mãe já me mandou uma mensagem.

- A gente está de carro E por que minha mãe te mandou mensagem?

- Ah, parece que ela não conseguiu falar com você.

- Mas meu celular está com sinal, e a bateria está cheia.

- Não sei. Vamos?

- Tudo bem! Mas a nossa conversa não acabou.

- Tá, tá! Depois a gente vê isso.

Estranho. Por que o Lucas nunca me falou de estar apaixonado por uma menina? Será que foi no passado dele, antes de nos conhecermos? Pelo que eu saiba nesses dois anos ele nunca ficou afim de alguma menina, ele namorou sim, mas sempre me disse que não estava apaixonado, apenas achava a menina bonita ou tinha alguma afeição por ela, mas apaixonado, pelo que eu saiba, ele nunca esteve. Será que ele mentiu para mim? Não, acho que não, provavelmente foi alguém do passado E eu vou descobrir.

CAPÍTULO 26: ANIVERSÁRIO

- Aff, o que será que minha mãe quer? Será que aconteceu alguma coisa com o Fernando?

- Não sei. Na mensagem ela só disse que não conseguia falar com você e era para eu te levar de volta urgente.

- Estranho. Não posso ficar pensando bobeira, deve ser coisa boba, minha mãe sempre faz uma tempestade no copo d'água.

- Já estamos chegando. Calma.

Cheguei na rua de casa toda aflita, esperei o Lucas estacionar e sai correndo do carro, para Dona Adelaide mandar mensagem para meu amigo e utilizar a palavra "urgente", com certeza algo grave aconteceu. Lucas me acompanhou, assim que entrei em casa vi que tudo estava escuro, estava de noite então pior ainda estava para enxergar algo. Liguei a luz da sala e fui direto na cozinha, se algo aconteceu e minha mãe precisou sair com meu irmão, largando a casa sozinha, algum recado devia ter na porta da geladeira. Ao ligar a luz da cozinha, a surpresa me encheu toda.

- SURPRESAAAAA!

Lá estava minha mãe, os pais do Lucas, meu irmão e a Ruth, sua nova peguete, alguns amigos do meu irmão e o amigo/chefe da mamãe, todos eles fizeram uma festa surpresa para mim. Meu aniversário e eu nem me lembrava, nunca pensei que chegaria uma dia assim, caraca como estou estudando, me perdi no tempo, nem lembrava que hoje era dia quatro de julho, dia que eu nasci, dia que eu completo 19 anos. Aaaaah, como estou velha já e ainda não tenho nada, vai ver por isso que esqueci esta data. Mesmo assim, estou muito feliz com a surpresa.

- Parabéns Adele!

- Obrigada mamãe!

- Ai minha filhinha, eu sabia que você não iria lembrar. Estudando tanto, um esforço que vai te recompensar. Ah, parece que foi ontem que te tive, que você era uma linda menininha desse tamanho, que linda você está agora.

- Ah mamãe, valeu, mas você está me apertando muito, que já estou sem ar.

- Ah meu bebê, amor não mata não. Amo te abraçar.

- Eu também mamãe, mas é sério.

Esses abraços-urso da minha mãe, é de sufocar, mas também é super gostoso.

Na mini-festa estavam presentes mais os amigos do meu querido irmão do que pessoas que eu conheço, na verdade de meus amigos mesmo só o Lucas.

Todos, exceto os amigos do meu querido irmão, me deram presentes, até a peguete do meu maninho me deu um presente, é um perfume da avon, que eu sei que é baratinho, mas serve, tem um cheiro bom. Os amigos do Fernando, disseram que foram avisado em cima da hora e portanto não conseguiram comprar nada, mas que no próximo aniversário eles me darão algo, caras de pau, como puderam dizer isso? Mas tudo bem, acho que faltava pessoas para a festinha, por isso eles foram chamados. Também, eu não tenho muitos amigos, isso que dá.

- E aí maninha, gostou da surpresa?

- A festa ou seus amigos como convidados que eu vejo pela primeira vez, mas que me abraçam como se já me conhecessem a séculos?

- Rsrs. Estávamos jogando bola, mamãe falou que se eu quisesse poderia chamá-los só para ter mais gente, já seus amigos amigos imaginários não possuem telefone.

- HÁ-HÁ-HÁ! BOBO! Para sua informação eu tenho amigos reais sim, o Lucas é um exemplo. E não possuo amigos imaginários.

- O Lucas é o único. Parabéns, dá cá um abraço no seu lindo e maravilhoso irmão suado.

- Não! Ai me solta Fernando! Que nojo, que nojo!

- Rsrsrs! Parabéns maninha.

Para aproveitar ele me deu um cafuné muito forte, esse Fernando. Arre!

Depois de cantar parabéns, receber vários abraços, cortar o bolo, e muitas pessoas já terem ido embora, como os amigo do meu irmão e os pais do Lucas, eu resolvi sair um pouquinho, fui até meu morro predileto, sentei de frente para as árvores, abri meu diário e comecei a escrever neles meus pensamentos. Eram umas oito da noite mais ou menos, minha mãe já estava bem ocupada com o seu amigo para se preocupar comigo e o Fernando estava dando uns amassos na Ruth lá no quarto dele, logo eu estava tranquila ali, esquecida, pensando em tudo que me ocorreria nesse próximo ano de minha vida.

- Resolveu esquecer do mundo agora?

- Oi Luc! Só estou pensando que agora e tenho 19 anos e nada aconteceu ainda.

- Você tem uma família maravilhosa, amigos que te querem bem, está estudando e vai passar nos vestibular da usp, essa sua vida de 19 anos será ótima. E já te aviso, não muda muita coisa não. Você tem muita coisa já Adele, e vai conseguir muito mais.

- Você já sabia da festa, né? Por isso me levou para o shopping.

- Pedido da sua mãe, ela me ligou um dia antes de eu conversar com você, disse que queria fazer algo diferente, então te tirei de casa.

- Ah, bem bolado, Dona Adelaide é bem inteligente mesmo, sabia que eu não lembraria de nada.

- Toma aí!

- O que é isso?

- Seu presente!

- Ah Lucas! Não precisava, eu...

- Precisava sim. Abre!

Era um embrulho bem pequenino, quando eu abri achei um saquinho de veludo bem bonitinho, azul, e ao abrir o saquinho percebi que o Lucas me dera uma joia.

- Lucas isso deve ter custado muito caro.

- Na verdade foi de graça.

- Hã?

- Minha avó deu para minha mãe. Minha mãe deu para mim. Eu sou um homem, não uso isso aí não.

- Não Lucas, eu não posso aceitar. É de família. Eu...

- Você vai aceitar sim. Eu não vou usar.

- Mas é de família. Você pode dar para sua filha, ou sua esposa.

- Aceita Adele. Por favor. É seu aniversário, e eu ficarei muito feliz vendo você usando a tornozeleira, caso contrário, ela ficará dentro do saquinho em uma caixinha no meu armário.

- Mas Lucas...

- E você não deixará essa linda tornozeleira escondida do mundo, né?

- Rsrs. Se você me prometer que quando tiver uma filha, vai aceitar ela de volta para ela voltar a pertence a Família Rocha, eu aceito usá-la.

- Adele, eu estou te dando, não posso...

- Vejamos isso como um empréstimo de presente. Você está me emprestando esta tornozeleira até comprar outra para mim, que será quando eu te devolver esta para você dar a tua filha.

- Confusão, mas eu entendi, e já que não tem outro jeito, eu aceito.

- Obrigada.

Nos abraçamos.

- Acho que eu já tenho muita coisa mesmo Lucas. Tenho só que viver o momento.

- É! O que é seu está guardado.

E ficamos ali. Deitamos na grama e ficamos olhando as estrelas, em silêncio.