A Memória Ausente

Olhos cansados e frios. Um fim de tarde quente e um coração gelado a se derreter.

O tempo passa, mas ainda há tantas folhas presentes que o vento esqueceu de levar embora. A dor se martiriza em meu ser e eu nada posso fazer senão deixar as lágrimas escorrerem de meus olhos e continuar a ler meus versos tristes e sentimentais. É tanta saudade, são tantas lembranças perambulando em minha mente. Sinto falta da liberdade que o meu sorriso aparentava ter!

Talvez eu tenha me tornado mais uma foto antiga, daquelas que se guarda no fundo de um baú no fundo do armário, ou então, sendo otimista, ainda seja uma memória viva dentro de um coração. Chega a ser tão esquisito e absurdo pensar que há alguns dias atrás, ainda era possível participar verdadeiramente daqueles momentos divertidos, tais quais hoje, tornaram-se apenas lembranças que vivem a me assombrar. Saudade, saudade, saudade...

Às vezes, pergunto-me quando deixarei minhas palavras melancólicas de lado e voltarei a viver histórias surpreendentes de novo. Quando será que deixarei de ser a roteirista e me tornarei a personagem? Formar frases em um papel é tão mais simples, a fantasia tem menos complicações do que a realidade.

Agora, tenho tanto a dizer, mas não há quem queira ouvir. Tudo o que sai da minha boca se torna silêncio em seus ouvidos, toda a minha dor se transforma em um sorriso aos seus olhos. E não precisa se preocupar com os seus sentidos, eles estão bem, sou eu que, em sua presença, torno o que há de incômodo em mim, em uma bela e silenciosa aventura. Entretanto, acredite se quiser, um dia ficarei bem novamente. Pode ser que demore algumas semanas, até meses, porém tenho a certeza de que sorrirei verdadeiramente logo e você, será um dos meus primeiros telespectadores.

O que me resta neste momento, é deixar que morra em mim o desejo de me perder dentro de olhos doces, de apertar mãos macias, além de ouvir palavras convincentes. Apesar de querer um final sem drama para esta resenha, não será possível - não ainda. Então, permito as lágrimas escorrerem, um novo sorriso começar a surgir e a saudade se acomodar em minha velha caixinha - pelo menos até ela apertar meu coração tão fortemente a ponto de fazer com que eu lhe dê a liberdade de se tornar um novo verso melancólico em meu adorável caderno azul.

Bela Afonso
Enviado por Bela Afonso em 03/02/2012
Código do texto: T3478741
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