Adele ( Capítulos 21 e 22)

CAPÍTULO 21: PRIMEIRO DIA

2011. Mais um ano. Ah, estou TÃO feliz de voltar para o cursinho, isso é.....um pé na sacola. Tudo bem, sem problemas Adele, esse é O MEU ANO. Irei me esforçar mais do que no ano passado e a usp será minha nova casa em 2012.

Bom, o Lucas está atrasado, já são quatro e cinco.

Dindon.

- Ah, já estava na hora.

- Desculpe. Minha mãe!

- Ainda te dando "conselhos" sobre você morar fora?

- Todo dia. Terei que ouvir isso até ir para sampa.

- Mães.

- É! Mães! O que faríamos sem elas?

- Acho que.....não existiríamos.

- Boa! Huahuahuahua.

Primeiro dia de aula no cursinho, o Lucas veio porque os aprovados sempre vão no primeiro dia de aula, para dar apoio aos novatos, incentivá-los. Eu não queria ir, não sou novata, pelo contrário, para minha tristeza já sou veterana. Contudo, se eu não for no primeiro dia já sou eliminada por desinteresse de vaga, E o Lucas me obrigou a ir, disse que precisava de público, idiota, o Lucas é um bobo mesmo.

- Preciso que alguém pinte minha testa.

- Claro meu querido. Desse jeito ou...desse. Huahuahua.

Passei o pincel todo no rosto dele. Ficou um riscão vermelho.

- Adele! É assim? Vem aqui!

- Lucas não! Para!

- Ei vocês!

Era um dos coordenadores. Eu e o Lucas paramos na hora. Não sei ele, mas eu fiquei sem graça.

- Desculpa! Eu só estava pintando ele e...

- Tudo bem, mas sem desperdício por favor. Além do mais tem outros alunos ali para usar a tinta.

- Ok! A gente já vai entregar para eles, já estamos terminando.

Ele saiu. Eu e o Lucas olhamos um para cara do outro e começamos a dar risada.

- "Por favor Lucas, sem desperdício". Rsrsrs.

- Rsrsrs. "Tudo bem". Rsrsrs.

Na aula, alguns novos professores se apresentaram para a turma. É, assim como novos alunos, teremos também novos professores, QUE CHAAAATO! Eu sinceramente não gostei de alguns, estava acostumada com a didática daqueles que eles substituíram, mas tudo bem, irei me acostumar.

Ai, que calor está aqui, para melhorar a situação esqueci minha garrafinha.

Piiiiii.

O sinal! Graças! Vou beber água.

Que fila! Será que todo mundo esqueceu a garrafinha? Idiotas. Eu também. Tudo bem, não vou me estressar. Vou esperar, logo, logo será minha vez.

- Oi!

É ele! Reconheceria de longe sua voz suave! Ah não, devo estar super vermelha, de repente subiu a temperatura, mais que o normal, estou me sentindo quente. Que idiota! Por que estou sorrindo? E por que estou quieta? Responde logo, responde!

- Adele?

- Ah! Desculpa! Oi Murilo!

- Deixa eu adivinhar: tomou o Uz....Como é mesmo o nome?

- Do quê?

- Do remédio. O nome daquele remédio que você toma para dor de cabeça?

- Hã?

- Já sei! Uzdifitezaldina, acho que é isso.

- Continuo com o "HÃ?"

- Aquele que você me disse que tomou quando a gente foi se despedir ano passado....no último dia....que te deu uma reação....e você falou que era normal dar reação.

- Ah,....tá....Acho....que....me lem....BRO SIM!!! É mesmo, mas eu não tomei o Uz....di....esse remédio aí. Eu só estou.....meio.....zonza. É meio zonza, por causa......DO CALOR! Isso aí! Eu estou meio zonza por causa do calor, me desculpa estar desligada. Rs.

- Sua vez!

- Do que?

- De beber água.

- Ah...é. Assim eu melhoro.

Enquanto eu bebia água ele me esperava. Depois que terminei, e isso levou um tempinho mais que o normal, porque não sabia o que estava dando em mim, estava nervosa, não queria falar com ele, ao mesmo tempo que queria. O que está dando em mim? Minhas mãos estão tremendo, meu coração está muito acelerado, e minha respiração....aiiiii, isso me assusta.

- Então, eu procurei o seu nome e não consegui achar, eu sinto muito, fiquei triste por você.

- É!

- Mas esse ano é seu e eu estou aqui para te ajudar no que precisar.

- Fico muito feliz por ouvir isso. Vou me matar de estudar.

- Se matar? Acho melhor não hein, senão você passa e temos que te velar na faculdade.

- Hã? Quer dizer, desculpa, é que...

- Tudo bem, essa foi meio sem graça mesmo.

- Ah tá! Rsrsrs. As outras eram melhores. Rsrsrs.

- Rsrsrs. Pelo menos sei que você é sincera. Rssrsrs.

- Sempre.

- Uau! Poderei ver isso no decorrer do ano.

- É, acho que sim! Fazer o que né? Se eu quero mesmo ser universitária ano que vem, terei que fazer esse ano de cursinho.

- Valerá o sacrifício! Ah, eu tenho uma novidade.

- Qual?

- Adivinha quem será seu novo professor de matemática?

- Sério?

- Me chamaram no meio de janeiro.

- QUE LEGAL! (por impulso dei um super abraço nele, sorte que ele retribuiu, seria vergonhoso se não o tivesse feito).

- É eu estou muito feliz.

- Eu também. Você explica muito bem! Parabéns!

- Obrigado!

Ele estava com aquele sorriso lindo. Ai e o abraço dele é maravilhoso. O cheiro dele também. Ah!

Ele olhou por cima do meu ombro e de repente tirou o sorriso do rosto, quando me virei para ver o que era, ou quem era, vi que o coordenador "contra o desperdício de tinta" estava nos olhando e apontando o relógio. O sinal já havia tocado fazia uns minutinhos, mas eu nem tinha percebido.

- Então, é melhor você.....

- Entendi. Nossa eu nem vi o sinal tocar.

- É nem eu.

- Você vai dar aula hoje?

- Não! Eu só vim para falar com você e dá parabéns para o pessoal aprovado.

- AH!

- Mas amanhã eu vou dar aula sim.

- Então a gente se vê. Teh!

- Teh!

Ah! Ele é tudo, disse que veio só para me ver, que lindinho.

CAPITULO 22: AH, ESSE TAL SENTIMENTO

O tempo está passando e eu cada vez mais estou estudando. Quanta coisa! Sorte que eu tenho o Murilo para me ajudar com exatas em geral, assim eu muitas vezes não tenho que ficar esperando até o plantão.

As coisas parecem mais fáceis comparando com o ano passado, existem matérias que eu já sei de letra, então só dou uma lidinha na teoria e meto a mão nos exercícios. Humanas está bastante legal também, e desta vez não deixo geografia de fora. Biológicas que eu me surpreendo a cada dia, eu sempre tive muita dificuldade, mas esse ano, tudo está mil maravilhas.

Estou organizada, tenho uma grade de estudos, que foi ideia do Murilo, E tenho tempo para malhar. Estou amando tudo, o poder do saber é maravilhoso, gosto de aprender as coisas, me sinto esperta, inteligente. Tudo é muito ótimo.

Eu e o Murilo estamos, como posso dizer....mais juntos, é, acho que essa expressão serve. Não que eu e ele estamos namorando ou ficando, nós só somos amigos, mas ele está sempre conversando comigo. Não converso com ele TODO dia, mas toda semana é certo.

Quando eu estou muito atolada de dúvidas em vários exercícios e ele tem uma tempo vago na faculdade, a gente programa de se ver fora do cursinho para ele me ajudar, geralmente na biblioteca, assim não tenho tantas dúvidas para o plantão, logo não fico com a mão muito levantada lá, já que cada vez está mais cheio, ficando mais difícil de ser atendida.

Ultimamente eu admito que gosto dele, na verdade minha mãe me fez admitir isso. Eu não sei direito o que é tudo aquilo, sento tanta coisa só de ele estar perto de mim, nunca senti isto por alguém. Minha mãe me disse uma coisa que para mim é impossível.

- Você está amando Adele.

- Amor? Sério? Acho que errei falando com você.

- ADELE! Amor é lindo. Pelo que você me falou esse garoto é o cara que você ama.

- A-MOR NÃO E-XIS-TE! Fala sério mãe! O Murilo não é O HOMEM da minha vida!

- Não sei! Mas admita que você gosta dele, então. Porque algo você sente por ele, não é só amizade.

Foi aí que admiti. Minha mãe tem razão, não é só amizade, é algo mais. Mas amor não é, isso não existe. Esse tal de amor é só uma invenção que as pessoas criaram para fica junto com outras pessoas. Tipo casamento, entende?, que é apenas uma instituição, com regras, criada pelos homens para unir uma pessoa a outra.

A minha teoria sobre o amor é a seguinte: em alguma época, existiu uma pessoa que queria ficar com alguém, mas esse alguém era de vários outros alguéns, pois assim eram os relacionamentos naquela época, mas a pessoa quis ficar só com esse alguém e não quis dividir, logo a pessoa inventou esse tal de amor, e o alguém, idiota, caiu feito um patinho, então todos passaram a usar ESSE "FORTE SENTIMENTO", como pretexto para ficar com alguma pessoa, que ridículo!

Ah, mas eu também nunca falei sobre relacionamento com o Murilo, e nem vou falar, tenho medo de ele....ah, nem sei.

As vezes eu acho que ele gosta de mim, sempre quando eu estou fora da sala (nos intervalos), e ele se encontra lá no cursinho (ele vai todo dia praticamente), e eu o vejo, eu fico que nem uma boba olhando para ele, enquanto converso com alguns colegas, de repente ele olha na minha direção, então fico com vergonha e abaixo a cabeça. Outras vezes acontece o contrário, eu olho na direção dele e ele está me olhando, então eu, mais uma vez, fico com vergonha e desvio o olhar. Isso tudo sem contar as vezes que parece que ele está nervoso quando fala comigo. Ele fica procurando palavras para terminar uma frase e vive sorrindo, como se estivesse feliz por falar comigo.

Mas tenho medo de tudo ser invenção da minha cabeça. Eu gosto dele, já contei tudo isso para minha mãe e ela disse para eu falar com ele, mas e se tudo isso for minha imaginação e eu digo algo e ele diz que eu sou louca? Diz que não sente nada por mim? Diz que eu tenho que me preocupar em estudar? E se eu não for correspondida? E se ele se afastar de mim?

Ah, é melhor deixar como está, não vou me arriscar como da outra vez.