Ó MENINO; OS PEIXES COLORIDOS; Castelo no Ar: J B Pereira
Ó MENINO
Não tens ainda no coração
A dor deste desvario do mundo
Inclemente.
Se tens já o sofrer das gentes das tardes de luta
Ou os traços no rosto da pisada do trabalho
Da fome
Dos sinais da morte cultural
Revelas tua pobre condição.
Que hás de quereres?
E quem as de te querer?
Se vives no campo ou na cidade
Em um seio de lar, sorrias e chores neste lugar,
Que sonhas agora acontecer
E o que vês sem demora?
Sei que cada menino
És único e impreciso e nem preciso
Dizer-te és múltiplo em rostos desfalecidos e
Desconsertadamente, ainda sorris e caminhas....
Não sei se o progresso te adotou
E teu familiar te enxotou,
Se tens ainda alimento e uma tenda como a minha...
É o homem fez fardo e fado...
O homem despojado e nu frente ao amanhã
Oculto que, em ti, se manifestará.
E o talento ou a dor
Que se construirá
Em ti, ó menino!
OS PEIXES COLORIDOS
28/07/07
São peixes coloridos da praça
Colorem a vida e os olhos da gente.
É bom limpar a fonte da água
Vejam água não polutas
Sem cigarros e catarros...
São sinais de tempos antigos
E rios límpidos.
Mergulhados em nosso imaginário
E histórias de gente simples e pescadores
Sem rede
Com sede de vencer.
Meu Deus, por que multiplicastes os peixes para o povo,
Enquanto nos desmultiplicamos a vida de lagos e águas?
Que cobardia estranha
Na nossa maré e na frágil nave da vida.
Cuidado, o bicho homem vem aí!
Castelo no Ar
Sonho do meu pomar
Utopias que vou somar
Projetos dísperos do meu lagar,
Artemanhas que não posso deletar
Remédios para meu tédio e mau humor,
Vida-criança aqui: palpitando
Entre-lugar a me incomodar.