Reivindico o meu direito à loucura
Agora eu vejo, diante de um mundo há muito perecido, almas mortas fugidas de corpos vivos e sem vidas. Seres que aqui habitam, ou melhor, aqui jazem em um túmulo sereno chamado existência, saboreando o gosto da vida que se transformou num purgatório de almas errantes.
Um exército de espíritos mal supridos de esperanças, de vontades e de destinos, tenta me recrutar para algo que já foi um mundo, e hoje nada mais é, ao ver de meus olhos cansados, um cemitério de sonhos abandonados.
E é isto que o mundo representa hoje, nada além disso: um lugar dominado pela razão e que não faz sentido algum! Um lugar onde é forte quem se impede de amar e fraco aquele se entrega às paixões. Um lugar onde os bem sucedidos são aqueles que abandonam seus sonhos para, como é que se diz mesmo? “Viver uma vida normal...” O sonhador é visto como louco e aquele que assume seus sentimentos é visto como fraco! Os homens enterraram seus corações em um solo infértil demais para que se germine o amor. Não se floresce mais o brilho de um sorriso verdadeiro, tampouco a beleza de um amor sincero. O amor só não é mais fraco do que a memória... Hoje, os homens amam com a mesma facilidade em que esquecem para, depois de ter o sentimento estilhaçado, perceberem que nunca amaram ou, de fato, nunca esqueceram. Os homens se esqueceram de como faz para ser feliz.
Por isso venho, por meio deste texto, reivindicar diante de tal exército, o meu direito à loucura. Eu hei de travar as batalhas mais gloriosas em defesa do meu direito de sonhar. E hei de vestir minha armadura de doces ilusões, levantar meu escudo moldado em forma de coração e empunhar minha espada cortejada por grandes decepções, para manter a dignidade de ser um eterno amante da paixão, e pro inferno o mundo com toda a sua razão!
Louco, apaixonado e sonhador, eu sei que muito vou me decepcionar. Mas sei também, que jamais me esquecerei de ser feliz!