"AFINAL, O QUE QUEREM OS JOVENS?"

Como havia dito no meu perfil, sou professora de História e dou aulas, ou melhor, vendo minha força de trabalho, minha mão-de-obra, para crianças, jovens e adultos. Infelizmente,sendo muito sincera, não gostei nada, nada da experiência que tive em lecionar "pras" crianças... acho que realmente não levo jeito pra coisa. Sou 1000 vezes mais, trabalhar com os jovens e adultos. Com eles eu me sinto em casa, pois posso falar de igual pra igual sem estar medindo, em muitas vezes, o que vou falar e como vou falar, sem ficar me policiando se vou ou não magoar alguém. Os jovens são meu foco. Eu gosto de estar com eles, de ficar com eles, de acompanhá-los. Acho que também me sinto uma deles. Parece que tento assim retornar ao meu tempo de jovem estudante e recuperar o tempo perdido, porque aquele tempo foi realmente perdido. Eu tive uma época como jovem que eu prefiro nem comentar... mas, vou relatar: eu era feia pra "burro", não tinha um belo corpo, nem dinheiro no bolso e nem fama, apenas estudava muito e tentava assim me destacar de alguma forma: tentando ser inteligente. Não tinha muitos amigos, mas os que eu conquistava, fazia o possível pra mantê-los. Nunca fui a garota mais popular da escola, não tinha o melhor caderno e nem o melhor tênis, não levava $ pra hora do recreio, estava sempre com fome e era sempre a primeira da fila na hora da merenda. Sempre me apaixonava por alguém, e infelizmente era sempre o “mais bonito” da turma... ha há ha, como se ele um dia fosse olhar pra mim, (quem me dera!). É claro que eles sempre ficavam com as “bonitas” da turma, e depois ficavam com as outras bonitas que sobravam, e acabavam assim fazendo uma espécie de rodízio entre as “populares” da escola e nunca chegava a minha vez. Tinha caso deles repetirem as “bonitas”, e eu ficava só de longe olhando com os olhos e lambendo com a testa. Bom, eu tenho pra mim, que eles não tinham tempo a perder, né? E nesse quadro de mediocridade e falência, fui crescendo e me desenvolvendo e tentando achar meu espaço no espaço terrestre. Demorei mas eu consegui. Cresci. Não sei se já achei meu espaço no espaço terrestre, mas cresci. Aos 30 anos, ainda tenho duvidas se existe um lugar pra mim ao Sol. Vou caminhando, avançando, quebrando a cabeça e a “cara”, muito mais vezes a cara, abrindo feridas, que em muitos casos, demoram a cicatrizar... Algumas ainda nem cicatrizou. Mas sou insistente, ou teimosa, ou burra, sei lá, e vou em frente, contornando, caminhando, caindo e levantando, caindo e caindo de novo... acho que é por isso que hoje sofro da coluna... (rs) Afinal sou brasileira e uma Nascimento.

Atualmente como professora, posso perceber como existem jovens sofredores e sofridos sob a camada de ozônio. O espaço escolar é o melhor lugar para se observar isso. Dentro de uma escola encontramos todos os tipos de pessoas: loucas, atenciosas, espertas, ou metidas a espertas, sabichonas, engraçadas, inteligentes, humildes, orgulhosas, rabugentas, ignorantes, bonitas e as nem tão bonitas assim, arrumadinhas e as bagunçadinhas, tímidas, atiradas, assanhadas, galinhas etc., etc., etc.

Todas reunidas num mesmo espaço, entre jovens e adultos, entre alunos e professores, inspetores, merendeiros e diretores. Todos com pensamentos diferentes, objetivos escusos, metas escuras, transformando a escola numa explosão de sentimentos. Cada dia em sala de aula é pra mim uma nova experiência. Trabalho, mas me divirto muito também, ensino e aprendo com eles, ouço cada coisa de me molhar de rir. Mas também falo muita “besteira”, conto piada e procuro deixá-los à vontade comigo. Não tenho reservas com eles, sou o que sou naturalmente, sem me esconder por trás de máscaras ou maneiras. Sou simplesmente Aldrea, ou Dri, ou ainda Dri a Bela como preferirem. Claro que nem tudo é um mar de rosas, mas consigo me sentir bem em minha função.

Uma de minhas grandes vontades, além de ser feliz, era escrever um livro. Já comecei por este artigo, já é alguma coisa, né? E seu assunto, tenho buscado constantemente em meu trabalho, com os jovens. Afinal, o que querem os jovens? Ninguém melhor que eles próprios para me responderem a essa pergunta. Se bem que nem eles mesmos sabem o que querem, pois querem tudo ao mesmo tempo em que não querem mais nada. Querem ser tudo e não conseguem fazer nada. São dispostos e ao mesmo tempo preguiçosos para lutar em prol de seus objetivos. Querem amar, namorar, “ficar”, transar com todos e todas, com tamanha ansiedade como se fosse o ultimo dia de suas vidas, mas esquecem do principal para ser feliz, o sentimento. Tratam as pessoas como “descartáveis” e não admitem quando são tratados da mesma maneira. São arrogantes, brutos, teimosos, persistentes, amigos, leais, insistentes, vingativos, interesseiros, fiéis... são apenas jovens. Olhando por este ponto de vista, então todos também somos ou temos um pouco de jovem dentro de nós. Porque nós, os adultos, pelo menos minha idade atual me diz que sou, julgamos e acusamos os jovens, mas somos iguaiszinhos a eles. Queremos tudo, sem ter que “mover uma palha”, como diria minha mãe, e não admitimos que nos tomem por acomodados. Queremos que tudo aconteça de bom pra nossas vidas, mas às vezes não queremos traçar o caminho que nos leve a essa bondade e mesmo assim não aceitamos conselhos e nem “pitacos” em nossa conduta. Queremos tudo a nossa maneira e “ai”, daquele que ousar nos contrariar. Esse é o mundo adulto. E então, somos ou não somos também jovens. Não nos portamos também como adolescentes? Somos ou não somos “aborrecentes”?

Então, pra que julgar? Pra que tentar administrar a vida dos jovens? Quer sejamos pais ou professores, o máximo que podemos fazer é indicar, ou tentar indicar, o bom caminho para eles. E deixá-los seguir a sua própria maneira, porque só eles mesmos sabem o que é melhor pra suas vidas e não nós!

É verdade que quem ama, cuida. Então caminhemos com eles. Coloquemo-nos no lugar e nos pensamentos deles e deixemos as coisas acontecerem. Um dia fomos jovens e pensávamos como jovens, hoje como adultos, podemos continuar pensando como jovens para podermos fazer parte de seu mundo ilusório e salvá-los das garras da escuridão da mídia e dos aproveitadores de sua inocência.

Quem falou que estamos na época da juventude perdida ou transviada? Eu continuo acreditando neles e querendo fazer parte deles. Me afastar? Nunca! Esconder-me? Jamais. Quero pra sempre ser jovem. Mesmo que aos 80 e poucos anos e não conseguindo mais dar “nenhuma” numa noite sedenta de sexo, quero sempre ser jovem.

Dedico este artigo à todos os meus amigos jovens e ao “benhê”.

DRI A BELA

Dri a Bela
Enviado por Dri a Bela em 04/01/2012
Reeditado em 04/01/2012
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